Capítulo 16

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Brad

Caio no chão do meu quarto assim que Edward abre a porta. Humilhado, eu nem tento recobrar a minha dignidade. Só tenho consciência de não piorar ainda mais a minha situação, então levanto a cabeça e olho Maryanne seriamente, ou pelo menos eu acho que estou sério, quando devo estar com o rosto desfigurado pelo álcool.

– Prometa que ela não vai saber disso. – peço e ela faz uma cara de dó.

– Caramba, Brad. Ela é minha melhor amiga. Este tipo de coisa é exatamente o que melhores amigas contam.

– Maryanne, por favor. – suplico me levantando do chão, meio rastejante.

– Mare, por favor. – Edward reforça.

– Ok. Eu prometo. – ela diz e eu consigo ficar de pé. Pelo menos uma coisa a meu favor hoje.

– Vá para o banheiro e entre num banho gelado. – Edward pega água fresca num copo e coloca na minha mão. – Tome água.

Eu tomo.

– Podem ir. – digo apontando a porta ao me jogar na cama. O quarto gira e meu enjoo é inevitável.

– Pode ligar se precisar. – Maryanne diz sendo conduzida para fora do quarto por Ed.

Eu preciso, obviamente, mas não vou ligar. Mal consigo me mover para respirar, quem dirá fazer uma ligação. Fecho os olhos e parece que apenas pisquei quando acordo e o dia está claro. O porre deu lugar à dor de cabeça e um estômago ridiculamente estragado.

Não consigo pensar em comer ou fazer qualquer coisa que não seja um banho frio. Passo mal, muito mal, e tenho um avião para pegar em pouco tempo. Tento me arrumar pra não parecer tão derrotado pela ressaca, mas meus olhos querem fugir do meu rosto com a sensação latejante do meu cérebro.

Edward me liga e atendo enquanto arrumo as malas. Eu não penso duas vezes quando ele oferece um lugar em seu jato para ir à Barcelona. Isso ainda me dá a chance de cochilar mais um pouco antes de voltar ao mundo dos vivos. O voo é tranquilo, muito mais do que nos aviões comerciais, mesmo que na primeira classe.

Ed senta numa poltrona na minha frente enquanto olho para as nuvens pela janela. Brancas, extremamente alvas. É impossível não lembrar da pele de Natalie e esfrego o rosto dolorido.

– É um erro gostar de uma garota como ela, Brad. – Edward aconselha paternalmente. Eu gostaria de olhar pra ele ultrajado por achar que eu posso estar gostando de Natalie Parker, mas não consigo.

– Por quê? – ele a conhece melhor que eu. Talvez eu deva escutar com mais atenção.

– Ela é fascinante, Brad. Tem um calor em Natalie que não se vê em qualquer pessoa, mas ele te incinera antes que você consiga perceber. Ela vai te tratar como se você fosse o melhor homem do mundo e no momento seguinte te dizer "obrigada, querido, vista-se e tome seu rumo".

– Como você sabe disso?

– É o que eu faço. Ou você acha que eu vou namorar Maryanne?

– Porra, Ed. Tenha mais "humanidade". – sinto muito por Mare, ela parece uma boa pessoa.

– Humanidade? Quanta empatia Natalie teve por você, Brad?

– Ela é uma hipócrita com suas cinco coisas. – me sinto ligeiramente raivoso depois que a auto piedade termina. Natalie finge querer conhecer seus parceiros, pelo menos para gerar uma identificação, mas isso não significa nada. Eu já sabia que era uma história furada quando ela me disse, e caí no truque mesmo assim.

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