Natalie
Não gosto de companhia para dormir, mas não ligo em ficar ao lado de Brad assim que ele me abraça forte. Meu corpo está cansado, mas completamente relaxado. Eu confesso que a surpresa foi exatamente como eu precisava, sob o risco de me deixar ainda mais focada em Brad e as quatro coisas que eu sei dele agora. Entendo agora o feitiço que ele exerce. Esqueço tudo que eu disse sobre ele não ser tudo aquilo que as garotas fazem dele. Ele é mais.
A sensação flutuante no meu estômago é crescente, lembrando de sua boca, suas mãos, seus dedos, seu corpo no meu e a forma como ele me fez gozar algumas vezes, longamente, enlouquecidamente. Enlouquecida, é como me sinto.
Louca por Brad.
Nunca me senti tão errada na vida, porque francamente, gostar de Brad é como gostar de desastres naturais: excitante, adrenado e imprudente.
– Boa noite, Kensington. – digo ao vento, porque ele já dormiu antes mesmo que eu terminasse de temer pela minha sanidade.
Fico olhando seu rosto, com os pequenos espetos da barba aloirada crescendo, o nariz desproporcionado e os lábios finos que dão traços bem másculos a sua feição e o fazem incrivelmente bonito. A parte que eu mais gosto, os olhos vivos em ciano, está escondida. Todas as partes de Brad que eu mais gosto estiveram escondidas de mim todo este tempo, sua capacidade para gentilezas, seu jeito manso de fazer sexo e o lado carinhoso. Tudo isso guardado debaixo da sua imagem indecifrável de cafajeste. Eu não me iludo muito, ele continua sendo um cafajeste, mas um bem adorável.
Pego no sono no ritmo da respiração dele, enrolada em seus braços.
Acordo com a movimentação de Maryanne no quarto. Rolo sozinha na cama, sem nenhum sinal de Brad, e se não fosse a sensação no meio das minhas pernas, eu poderia jurar que sonhei com o que aconteceu. Esfrego os olhos observando a empolgação de Mare, vestindo um biquíni que deixaria as deusas gregas com inveja de seu corpo.
– Levante-se, Naty, seu pessoal vai tomar café da manhã na área da piscina principal do hotel. – ela senta na cama e esfrega minha perna.
– Meu pessoal? – estico o corpo e seguro o lençol para sentar.
– É, apesar de achar que só tem uma pessoa que realmente te interesse no meio disso tudo. – ela sorri maliciosamente. – Como foi a noite?
– Ah, merda, Mare. Eu não devia ter feito isso. – deito novamente, largando o corpo na cama e colocando o travesseiro no rosto, só que é bem o que tem o cheiro dele. O que eu digo é completamente avesso ao que meu corpo pede.
Eu quero Brad novamente, mais do que antes, de um jeito impetuoso e voraz. Eu o deitaria no chão e o montaria como um cavalo neste momento se dependesse da minha libido. Mordo a ponta do lençol, insatisfeita com a ausência dele nesta manhã ensolarada. Quero ligar pra ele e permitir que ele me atormente o quanto quiser, repetidamente.
– Está feito, Natalie. Vamos, me conte alguma coisa, mas se levante enquanto fala. – ela ordena impaciente e obedeço.
– O melhor sexo de todos. – confesso com a sensação arrepiante só de falar nele.
– De todos? – ela levanta as sobrancelhas.
Eu sei que minha experiência é grande e tive vários parceiros bons, dignos de mencionar à melhor amiga. Mas nunca classifiquei um que fosse "o melhor" em todos os quesitos que perfazem uma boa transa.
Eu me sinto tão energética quando Maryanne depois do banho, me visto com biqúini e roupas de passeio, arrumo o cabelo apesar da insistência de Mare pra que eu me apresse e enfio os óculos escuros no rosto antes de ser empurrada corredor afora para o café da manhã coletivo da EP Morgan no terraço da piscina comum do hotel.

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Cosmopolitan
Short StoryNatalie é uma mulher forte e decidida, cosmopolita e dona de suas próprias regras. Quando ela percebe que não consegue controlar absolutamente tudo, vai ter que descobrir até onde suas leis podem ser dobradas em nome do que realmente importa na vida...