Natalie
Eu adoro eventos como bailes de caridade, geralmente resultam em ótimas interações profissionais, e obviamente, a causa beneficiada é alimentada por um bando de gente rica, feliz e cercada de doses calculadas de álcool tentando impressionar uns aos outros.
Termino de tomar a segunda dose de uísque e deixo o copo sobre o bar quando Brad se aproxima, lindo em seu smoking e gravata nova. Se há algo que eu gosto mais do que estes eventos, é a forma como os homens se apresentam neles.
Todas as mulheres que eu conheço têm fetiches por uniformes. O meu é o uniforme de um homem elegante, bem portado e com um quê de cavalheiro. Nestes bailes eu sinto que acordei em um outro século, onde os homens são polidos e educados, e as mulheres, damas preocupadas em preservar seu mistério apesar do rubor causado pela dança e bebida.
Assobio pra ele, de forma não tão misteriosa e nada galante. Brad sorri, aponta a gravata e se senta na banqueta ao meu lado. Giro o corpo em sua direção e minhas mãos alcançam seu pescoço para ajeitar o nó do meu presente, Brad parece se divertir com isso, e me deixa apertar o tecido contra sua garganta.
– Obrigado pelo presente. Mas não comprei nada pra você. – ele informa com o queixo erguido.
– O almoço já foi o suficiente. Pronto. – termino de arrumar o acessório em seu pescoço. Ele endireita a postura e arruma o smoking, então pede uma dose para si ao garçom enquanto eu não consigo evitar de pensar que ele fica excepcionalmente bem em preto e branco.
– O dono da festa está atrasado. – seu Bulova reluz no pulso quando ele checa o horário. Edward deveria chegar as nove em ponto, mas me avisou sobre o imprevisto que o deteve.
– Olhe em volta, Kensington. As pessoas estão nos observando porque formamos um belo par? – viro as costas para o bar e admiro o salão cheio.
– Pra mim parece óbvio que estão olhando para a mulher mais bonita do lugar. Mas a agenda é outra. Eles sabem que a hora que você se mover, será porque o todo poderoso chegou.
Ruborizo levemente com o elogio.
– Estas suas cantadas bregas funcionam mesmo?
– O tempo todo. Só não funcionam com você.
– Ah, os percalços de ter um cérebro. – ironizo e ele ri antes de beber o uísque. –Edward não está atrasado. Não dá pra se atrasar pra algo que só começa de verdade quando você chega, certo?
– Você é boa, Natalie. – ele estica o braço na direção do meu rosto e desvio.
– O que está fazendo?
– Jesus, calma, não vou estuprar seu nariz com o dedo. O que você acha que estou fazendo? Você está com uma mancha de rímel bem pequena acima da bochecha.
– Desculpe. – rio me achando uma idiota.
Eu congelei com a possibilidade de um carinho qualquer vindo de Brad, especialmente porque nosso almoço e presente revelaram uma intimidade natural. Entretanto, não espero que isso se traduza em momentos em que ele possa me elogiar e acarinhar depois. Fico imóvel enquanto ele desce do banco e segura meu rosto entre as mãos, assoprando de leve o tal cisco da minha maquiagem e passando o polegar lentamente debaixo do meu olho.
Pisco algumas vezes e o encaro.
– Saiu?
– Saiu. – ele me observa atentamente e me detenho em seus olhos.
– Desculpe pelo comportamento assustado. – sorrio e ele não diz nada, ainda segurando meu rosto e com os olhos nos meus.
Inclino levemente o corpo na direção dele, de um jeito inconsciente, já que ele me tem nas mãos como se fosse me beijar a qualquer momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cosmopolitan
KurzgeschichtenNatalie é uma mulher forte e decidida, cosmopolita e dona de suas próprias regras. Quando ela percebe que não consegue controlar absolutamente tudo, vai ter que descobrir até onde suas leis podem ser dobradas em nome do que realmente importa na vida...