Capítulo 7

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Natalie

Eu adoro eventos como bailes de caridade, geralmente resultam em ótimas interações profissionais, e obviamente, a causa beneficiada é alimentada por um bando de gente rica, feliz e cercada de doses calculadas de álcool tentando impressionar uns aos outros.

Termino de tomar a segunda dose de uísque e deixo o copo sobre o bar quando Brad se aproxima, lindo em seu smoking e gravata nova. Se há algo que eu gosto mais do que estes eventos, é a forma como os homens se apresentam neles.

Todas as mulheres que eu conheço têm fetiches por uniformes. O meu é o uniforme de um homem elegante, bem portado e com um quê de cavalheiro. Nestes bailes eu sinto que acordei em um outro século, onde os homens são polidos e educados, e as mulheres, damas preocupadas em preservar seu mistério apesar do rubor causado pela dança e bebida.

Assobio pra ele, de forma não tão misteriosa e nada galante. Brad sorri, aponta a gravata e se senta na banqueta ao meu lado. Giro o corpo em sua direção e minhas mãos alcançam seu pescoço para ajeitar o nó do meu presente, Brad parece se divertir com isso, e me deixa apertar o tecido contra sua garganta.

– Obrigado pelo presente. Mas não comprei nada pra você. – ele informa com o queixo erguido.

– O almoço já foi o suficiente. Pronto. – termino de arrumar o acessório em seu pescoço. Ele endireita a postura e arruma o smoking, então pede uma dose para si ao garçom enquanto eu não consigo evitar de pensar que ele fica excepcionalmente bem em preto e branco.

– O dono da festa está atrasado. – seu Bulova reluz no pulso quando ele checa o horário. Edward deveria chegar as nove em ponto, mas me avisou sobre o imprevisto que o deteve.

– Olhe em volta, Kensington. As pessoas estão nos observando porque formamos um belo par? – viro as costas para o bar e admiro o salão cheio.

– Pra mim parece óbvio que estão olhando para a mulher mais bonita do lugar. Mas a agenda é outra. Eles sabem que a hora que você se mover, será porque o todo poderoso chegou.

Ruborizo levemente com o elogio.

– Estas suas cantadas bregas funcionam mesmo?

– O tempo todo. Só não funcionam com você.

– Ah, os percalços de ter um cérebro. – ironizo e ele ri antes de beber o uísque. –Edward não está atrasado. Não dá pra se atrasar pra algo que só começa de verdade quando você chega, certo?

– Você é boa, Natalie. – ele estica o braço na direção do meu rosto e desvio.

– O que está fazendo?

– Jesus, calma, não vou estuprar seu nariz com o dedo. O que você acha que estou fazendo? Você está com uma mancha de rímel bem pequena acima da bochecha.

– Desculpe. – rio me achando uma idiota.

Eu congelei com a possibilidade de um carinho qualquer vindo de Brad, especialmente porque nosso almoço e presente revelaram uma intimidade natural. Entretanto, não espero que isso se traduza em momentos em que ele possa me elogiar e acarinhar depois. Fico imóvel enquanto ele desce do banco e segura meu rosto entre as mãos, assoprando de leve o tal cisco da minha maquiagem e passando o polegar lentamente debaixo do meu olho.

Pisco algumas vezes e o encaro.

– Saiu?

– Saiu. – ele me observa atentamente e me detenho em seus olhos.

– Desculpe pelo comportamento assustado. – sorrio e ele não diz nada, ainda segurando meu rosto e com os olhos nos meus.

Inclino levemente o corpo na direção dele, de um jeito inconsciente, já que ele me tem nas mãos como se fosse me beijar a qualquer momento.

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