Brad
Aproveito pouco de Roma com Edward e as outras pessoas da equipe. Logo que coloquei meus pés no mesmo hotel que meu chefe, ele já sabia da minha mal fadada excursão a Nova Iorque em busca da Natalie dos meus sonhos. Eu volto a achar que a mulher que eu idealizei era mesmo melhor que a realidade. Pelo menos na forma sentimental.
Eu podia jurar que ela não estava brincando comigo, me tratando como um qualquer que ela pudesse arranjar num bar. Mas me engano completamente em relação a ela. Edward nem me oferece uma dose, ele pede logo uma garrafa pra expurgar meus pensamentos ruins. Aceito de bom grado e misturo o cansaço do fuso com a decepção em mim, desmaiando no hotel antes de mais um dia de trabalho.
Nos outros dias, finjo que nada aconteceu. É um artifício sombrio e covarde, mas me cansei de pensar nela. Meus últimos dias têm sido só sobre ela, e acho que foram suficientes. Gosto de estar com Edward e seu velho eu. Ele fica especialmente mal humorado sem sexo, mas seu humor ácido me diverte. Não entendo porque ele não sai e coloca seu corpo e seu dinheiro à disposição de alguma italiana, mas acredito que ele esteja sendo o excelente amigo que eu acho que ele é, e escolhe ser solidário a mim.
Na última noite no hotel ele janta só comigo e me responde o que perguntei há dias atrás, antes de eu ter prestado meu papel de completo idiota intercontinental.
– Eu não amo Hillarie. – ele diz como quem fala "vou comprar pão". Eu quase engasgo com as vieiras na boca.
Olho pra ele sem palavras.
– Não tenho amado por algum tempo. Eu só me acostumei com a vida que inventamos pra nós. Acho que é isso, me acomodei em tê-la enganchada no meu braço pra eventos que preciso ir, como se ela me fizesse mais respeitável.
– O ruim da zona de conforto é que nada acontece dentro dela, Ed. – tomo mais um pouco de vinho e ele fica pensativo.
– Ela nunca ligou pras minhas aventuras. Ela sempre disse que desde que não fossem mais do que sexo, ela não se incomodaria. Mas eu ando pensando na injustiça que é fazer uma pessoa passar uma vida ao meu lado sem nenhuma emoção.
– Emoção é algo importante, mas também é bom saber que alguém está ali pra te dar carinho ou entender seus problemas. – pareço um livro de autoajuda falante.
– Companheirismo, carinho e satisfação sexual são qualidades que geralmente não estão estabelecidas na mesma pessoa, Brad. Em algum tempo de casamento o sexo fica desinteressante. – ele pede mais uma garrafa de vinho ao garçom.
– Você era louco por Hillarie quando se casaram, Ed?
– Louco por ela? Em qual sentido?
– No sentido de pegar um avião para vê-la. No sentido de correr atrás dela mesmo depois que ela disse que vocês deveriam ter interações superficiais e fúteis.
Ele ri me olhando com certa admiração. Eu tenho coragem de admitir que sou louco pela bonequinha mais diabólica que existe. Natalie é como o Chuck das bonecas.
– Nunca fui louco por Hillarie.
– E já foi por alguém?
– Esta é uma pergunta difícil, Brad. Eu me derreto por todas as mulheres que tenho nas mãos, e depois me refaço propriamente, vestido do homem que eu preciso ser, na minha posição.
– Esta é a resposta mais vaga que eu já vi alguém dar. É o mesmo que dizer sim e não ao mesmo tempo e nem remotamente parecido com uma verdade, Edward. – rio dele sem nenhum escrúpulo. Edward está defletindo da honestidade que deve a si mesmo.

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Cosmopolitan
Short StoryNatalie é uma mulher forte e decidida, cosmopolita e dona de suas próprias regras. Quando ela percebe que não consegue controlar absolutamente tudo, vai ter que descobrir até onde suas leis podem ser dobradas em nome do que realmente importa na vida...