Beth
Estou sentada no canto da sala esperando a
Rosana aparecer. Arthur ainda não chegou. O que é um alívio. Nunca conversei com um cara depois de beijá-lo, afinal nunca havia beijado ninguém, mas o meu alívio acabou em segundos quando ele passa pela porta, sorri timidamente na minha direção, percebo a dúvida na sua atitude, ele não sabe se vem se sentar perto de mim, legal, muito legal. No final ele decide e vem na minha direção, puxa uma cadeira.
- Oi. - Oi Arthur, tudo bem?
- Hum... – Ele hesita – Sim, tudo bem e você?
- Bem também – Meu Deus, vejo um elefante branco entre nós, porque ele está tão incomodado como eu? Beijo tão mal assim? Ah que vergonha.
- Beth – Ele fala – Sobre a festa.
- Não precisa falar nada – Interrompo – Vamos fingir que não aconteceu e voltarmos a sermos amigos? Era uma brincadeira idiota.
- É isso que você quer? – Ele rebate.
- Sim.
- Que seja então – Ele fala sorrindo, no mesmo instante que a professora chega e nos ajuda infinitamente chamando a atenção para si e passando os exercícios e textos da peça que iremos estudar.
Quando entro em casa, encontro os Alves juntos na sala, ambos me olham apreensivos. - Beth – Ele fala.
– Precisamos conversar – Merda! Será que eles descobriram a nossa escapada para a festa?
- Sim – Sento ao lado deles no sofá – O que foi?
- Recebemos isso – Sra Alves me entrega um envelope banco – Leia com calma. Pego o envelope tremendo, nada de bom vem em envelopes brancos assim e eles estão nitidamente tensos. Abro o envelope e vejo que é um documento da vara da família, meu coração dispara, corro por todas as frases e releio novamente.
- Mas como assim? – Pulo do sofá encarando os dois – Como assim eu tenho um tio que quer a minha guarda? Como assim? Depois de tantos anos?
- Sabemos que é estranho, mas é isso que está acontecendo, fomos informados que ele terá a sua guarda.
- Não, não...eu nem conheço esse homem, como ele pode ter a minha guarda?
- Ele é seu tio, Beth.
- Tio que esperou 7 anos para aparecer depois que meus pais morreram? Eu não conheci nenhum tio, eu não vou morar com quem eu nunca nem ouvi falar.
– Consultamos um advogado para analisar tudo. – Sr. Alves fala tentando me acalmar - Ele olhou os papéis e disse que são verdadeiros.
- De onde esse homem surgiu? – Questiono.
- Pelo que a assistente social nos informou ele é meio irmão do seu pai, que perdeu contato com a família, a seis meses resolveu procurar pelo irmão e descobriu o que havia acontecido, e desde então, está tentando pegar a sua guarda.- Seis meses?- Sim, seis meses.
- E vocês sabiam disso?
- Sim Beth, sabíamos.
- Mas porque nunca me falaram nada disso? O que passou pela cabeça de vocês?
- Eu não quis – Marisa fala– Eu encontrei com ele uma vez e não gostei dele, não gostei nada e por isso tentamos manter você conosco sem que ele pudesse chegar perto de você.
- Meu Deus – Começo a chorar – Eu não estou acreditando nisso.
- Nem nós Beth.
- E porque ele conseguiu agora?
- Por causa disso – Ela fala me entregando várias fotos da festa de Larissa, fotos onde eu estou bebendo tequila, beijando Arthur, eu estremeço.
- Não acredito nisso! – Choro compulsivamente – Nós não fizemos nada de errado.
- Fizeram sim – Ela rebate – Foram a uma festa escondidos, beberam bebidas alcoólicas com isso ele comprovou que somos incapazes de cuidar de você.
- Não não... – Corro em direção as escadas desesperada, entro no quarto dos meninos, ambos estão sentados na cama com lágrimas nos olhos.
- Beth – Lucas fala correndo até mim.
– Ah meu Deus Lucas, vão me levar embora daqui.
- Eu sei – Ele fala chorando.
- Isso não pode estar acontecendo – Nicolas grita – Foi a porcaria de uma festa, você não estava fazendo nada errado, isso é uma loucura.
- Eu não quero ir – Choro - Eu não quero ir.
- Você não vai!– Nicolas grita – Vamos fugir daqui.
- Tá maluco?– Lucas rebate – Só vai gerar mais problemas.
- Lucas ela não pode ir morar com um cara que nunca viu na vida, é perigoso.
- Eu sei cara, mas o que podemos fazer? - Lucas fala no mesmo momento que a porta é aberta por Marisa.
- Eu queria dar mais tempo para vocês – Seus olhos cheios de lágrimas demonstram que também está abalada – Mas vieram te buscar
- Já? – Nicolas se coloca entre nós – Como assim?
- Já Nicolas – Ela afago seu rosto e se volta pra mim – Eu não posso fazer nada, eles estão com um oficial de justiça.
- Minhas coisas Marisa – Falo desesperada – Eu não arrumei nada.
-Eu sei querida, vamos pegar uma muda de roupas e depois você poderá voltar e pegar tudo, agora eu preciso que você vá, eu não posso criar um problema com a polícia, preciso pensar nos pequenos, eles estão com medo da polícia na nossa porta.
- Entendo – Falo me desvencilhando dos braços de Lucas e vou para meu quarto. Pego uma muda de roupa e coloco em uma mochila, vou até o banheiro, pego minhas coisas, quando chego na escada encontro todos à minha espera. Passo por todos eles, sem parar para me despedir irei desmoronar, então me mantenho firme. Mas Nicolas me puxa para seus braços.
- Mantenha seu celular com você o tempo todo, você tá me ouvindo? – Ele puxa meu queixo pra que eu olhe diretamente nos seus olhos – Tranque a porta quando for dormir, mantenha contato comigo o tempo todo Beth, por favor, senão eu vou surtar.
- Eu prometo - Falo afagando seu rosto
- Se ele fizer qualquer coisa suspeita me liga, liga pra polícia.
- Você vai deixa-la mais nervosa Nicolas – Lucas adverte
- Quero garantir que ela vai se cuidar
- Eu vou me cuidar – Falo olhando para ambos – Eu amo vocês – Lucas chora compulsivamente e Nicolas me puxa novamente para seus braços.
- Eu te amo tá ouvindo?– Ele fala no meu ouvido – São apenas alguns meses e você irá completar 18 anos e vamos voltar a morar juntos, apenas alguns meses.
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No alto da colina - Série Perfeição Livro 1
RomancePerder os pais é uma das piores dores da vida, ainda mais quando se é criança, Beth se vê perdida ao chegar em um lugar totalmente desconhecido, mas encontra em lindos olhos cor de mel o conforto de que precisa. Dois irmãos se tornam o seu refúgio...