Capítulo 11

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Beth

Estou sentada no canto da sala esperando a

Rosana aparecer. Arthur ainda não chegou. O que é um alívio. Nunca conversei com um cara depois de beijá-lo, afinal nunca havia beijado ninguém, mas o meu alívio acabou em segundos quando ele passa pela porta, sorri timidamente na minha direção, percebo a dúvida na sua atitude, ele não sabe se vem se sentar perto de mim, legal, muito legal. No final ele decide e vem na minha direção, puxa uma cadeira.

- Oi. - Oi Arthur, tudo bem?

- Hum... – Ele hesita – Sim, tudo bem e você?

- Bem também – Meu Deus, vejo um elefante branco entre nós, porque ele está tão incomodado como eu? Beijo tão mal assim? Ah que vergonha.

- Beth – Ele fala – Sobre a festa.

- Não precisa falar nada – Interrompo – Vamos fingir que não aconteceu e voltarmos a sermos amigos? Era uma brincadeira idiota.

- É isso que você quer? – Ele rebate.

- Sim.

- Que seja então – Ele fala sorrindo, no mesmo instante que a professora chega e nos ajuda infinitamente chamando a atenção para si e passando os exercícios e textos da peça que iremos estudar.

Quando entro em casa, encontro os Alves juntos na sala, ambos me olham apreensivos. - Beth – Ele fala.

– Precisamos conversar – Merda! Será que eles descobriram a nossa escapada para a festa?

- Sim – Sento ao lado deles no sofá – O que foi?

- Recebemos isso – Sra Alves me entrega um envelope banco – Leia com calma. Pego o envelope tremendo, nada de bom vem em envelopes brancos assim e eles estão nitidamente tensos. Abro o envelope e vejo que é um documento da vara da família, meu coração dispara, corro por todas as frases e releio novamente.

- Mas como assim? – Pulo do sofá encarando os dois – Como assim eu tenho um tio que quer a minha guarda? Como assim? Depois de tantos anos?
- Sabemos que é estranho, mas é isso que está acontecendo, fomos informados que ele terá a sua guarda.
- Não, não...eu nem conheço esse homem, como ele pode ter a minha guarda?
- Ele é seu tio, Beth.
- Tio que esperou 7 anos para aparecer depois que meus pais morreram? Eu não conheci nenhum tio, eu não vou morar com quem eu nunca nem ouvi falar.
– Consultamos um advogado para analisar tudo. – Sr. Alves fala tentando me acalmar - Ele olhou os papéis e disse que são verdadeiros.
- De onde esse homem surgiu? – Questiono.
- Pelo que a assistente social nos informou ele é meio irmão do seu pai, que perdeu contato com a família, a seis meses resolveu procurar pelo irmão e descobriu o que havia acontecido, e desde então, está tentando pegar a sua guarda.- Seis meses?

- Sim, seis meses.

- E vocês sabiam disso?

- Sim Beth, sabíamos.

- Mas porque nunca me falaram nada disso? O que passou pela cabeça de vocês?

- Eu não quis – Marisa fala– Eu encontrei com ele uma vez e não gostei dele, não gostei nada e por isso tentamos manter você conosco sem que ele pudesse chegar perto de você.

- Meu Deus – Começo a chorar – Eu não estou acreditando nisso.

- Nem nós Beth.

- E porque ele conseguiu agora?

- Por causa disso – Ela fala me entregando várias fotos da festa de Larissa, fotos onde eu estou bebendo tequila, beijando Arthur, eu estremeço.

- Não acredito nisso! – Choro compulsivamente – Nós não fizemos nada de errado.

- Fizeram sim – Ela rebate – Foram a uma festa escondidos, beberam bebidas alcoólicas com isso ele comprovou que somos incapazes de cuidar de você.

- Não não... – Corro em direção as escadas desesperada, entro no quarto dos meninos, ambos estão sentados na cama com lágrimas nos olhos.

- Beth – Lucas fala correndo até mim.

– Ah meu Deus Lucas, vão me levar embora daqui.

- Eu sei – Ele fala chorando.

- Isso não pode estar acontecendo – Nicolas grita – Foi a porcaria de uma festa, você não estava fazendo nada errado, isso é uma loucura.

- Eu não quero ir – Choro - Eu não quero ir.

- Você não vai!– Nicolas grita – Vamos fugir daqui.

- Tá maluco?– Lucas rebate – Só vai gerar mais problemas.

- Lucas ela não pode ir morar com um cara que nunca viu na vida, é perigoso.

- Eu sei cara, mas o que podemos fazer? - Lucas fala no mesmo momento que a porta é aberta por Marisa.

- Eu queria dar mais tempo para vocês – Seus olhos cheios de lágrimas demonstram que também está abalada – Mas vieram te buscar

- Já? – Nicolas se coloca entre nós – Como assim?

- Já Nicolas – Ela afago seu rosto e se volta pra mim – Eu não posso fazer nada, eles estão com um oficial de justiça.

- Minhas coisas Marisa – Falo desesperada – Eu não arrumei nada.

-Eu sei querida, vamos pegar uma muda de roupas e depois você poderá voltar e pegar tudo, agora eu preciso que você vá, eu não posso criar um problema com a polícia, preciso pensar nos pequenos, eles estão com medo da polícia na nossa porta.

- Entendo – Falo me desvencilhando dos braços de Lucas e vou para meu quarto. Pego uma muda de roupa e coloco em uma mochila, vou até o banheiro, pego minhas coisas, quando chego na escada encontro todos à minha espera. Passo por todos eles, sem parar para me despedir irei desmoronar, então me mantenho firme. Mas Nicolas me puxa para seus braços.

- Mantenha seu celular com você o tempo todo, você tá me ouvindo? – Ele puxa meu queixo pra que eu olhe diretamente nos seus olhos – Tranque a porta quando for dormir, mantenha contato comigo o tempo todo Beth, por favor, senão eu vou surtar.

- Eu prometo - Falo afagando seu rosto

- Se ele fizer qualquer coisa suspeita me liga, liga pra polícia.

- Você vai deixa-la mais nervosa Nicolas – Lucas adverte

- Quero garantir que ela vai se cuidar

- Eu vou me cuidar – Falo olhando para ambos – Eu amo vocês – Lucas chora compulsivamente e Nicolas me puxa novamente para seus braços.

- Eu te amo tá ouvindo?– Ele fala no meu ouvido – São apenas alguns meses e você irá completar 18 anos e vamos voltar a morar juntos, apenas alguns meses.

No alto da colina - Série Perfeição Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora