Capítulo 20

46 11 7
                                    



Nicolas

Deixar Beth não foi nada fácil, cada beijo, cada toque estava me deixando ainda mais perdido, nunca pensei que me sentiria assim, já beijei e até mesmo transei com algumas garotas, mas Beth faz tudo parecer tão distante, tão sem sentido. Não sei se é porque estamos juntos o tempo inteiro ou se é porque ela é a garota mais doce e encantadora que conheço, mas uma coisa eu tenho certeza, ela me faz pensar que a vida realmente faz sentido.

Afasto-me da árvore pensando em como gostaria de não ter que ir embora, sinto uma mão sobre meu ombro, de imediato me assusto.

- Precisamos conversar – Thomas fala indicando o seu carro que está estacionado na rua. Por um segundo hesito – Venha Nicolas, não quero fazer nenhum tipo de cena que Beth possa ver, entre nesse carro agora ou vou ligar para os Alves e perguntar se eles não andam sentindo falta de um dos seus. – Raiva percorre meu corpo, mas faço o que ele pede, entro no carro no mesmo instante que ele dá partida e acelera.

- Coloque o sinto garoto – Reviro os olhos de irritação, mas puxo o cinto. O silencio me incomoda, com os olhos sempre na rua Thomas não fala. Fico mais impaciente.

- Nós não fizemos nada de errado - Falo antes que ele possa falar qualquer coisa.

- Fugir de casa de madrugada, subir na janela de uma garota e passar a noite com ela me parece uma coisa errada sim.

- As coisas não são assim como você está insinuando – Rebato.

- Como não são Nicolas? – Ele me olha nitidamente irritado – Você não passou as últimas duas noites no quarto da Elizabeth?

- Passei, mas ...

- Você pensou mesmo que eu não iria perceber?

- Thomas, Beth e eu sempre fomos próximos, eu a respeito muito, não faria mal a ela.

- Você nunca a beijou? – Hesito em responder, não tenho porque achar que o que temos é errado, mas não sinto que ele irá reagir de uma forma positiva – Nunca encostou nela com segundas intenções?

- Isso não é da sua conta! – Sinto um tranco e sou impulsionado para frente quando ele freia o carro bruscamente em frente à casa dos Alves.

- Escuta aqui garoto! – Ele me olha furioso – Elizabeth não é uma garota que você vai se aproveitar, não sei o que aconteceu com vocês durante todos esses anos, não sei até onde vocês foram, mas a partir de agora ela tem quem cuide dela, não é mais uma órfã sem ninguém que zele pelo seu bem estar, se você acha que vai poder fazer da minha menina a sua transa conveniente pode tirar o seu cavalo da chuva, porque isso não vai acontecer.

- Sua menina? – Explodo de raiva – Você apareceu a duas semanas, os pais dela morreram a 7 anos. 7 anos porra! Você abandonou Beth por toda a vida, quando ela não tinha ninguém meu irmão e eu cuidamos dela, fomos nós que a ajudamos a passar por muitas coisas e você acha que pode chegar aqui me falando esse monte de merda como se tivesse algum direito? Vai pro inferno. – Destravo o carro e saio sem olhar para trás, não posso ficar perto dele, estou a ponto de perder a cabeça.

- Eu sou o guardião legal dela! – Ele grita vindo atrás de mim – Posso não ter ficado ao lado dela durante todos esses anos, mas estou agora e não vou deixar você transforma-la em uma vagabunda qualquer. – Chego ao meu limite, quando dou por mim meu punho está atingindo seu maxilar.

- Nunca mais se refira a Elizabeth dessa forma, ela nunca se tornaria uma vagabunda – Ele trava o maxilar e arruma postura – Nunca mais, você está me ouvindo? Nunca mais.

- Não quero que você continue próximo a ela dessa forma, você é má influência.

- Você não vai me afastar– Tremo de raiva, ele está indo longe demais – Você não tem esse direito, não pode me obrigar.

- Se você não se afastar dela eu juro por Deus que levarei Beth para longe daqui.

- Você não ousaria fazer isso.

- Você vai pagar para ver? – Ele me desafia

- As coisas não precisam ser dessa forma, não estávamos fazendo nada de errado, eu a amo.

- Com 17 anos você nem sabe o que é amor garoto, tudo o que você sente é tesão – Congelo com as suas palavras – Você não sabe nada da vida, só se acostumou com a presença dela, estou te avisando, não continue com isso. Irei tolerar que você fale com ela, mas se eu souber que você continua se aproximado dela dessa forma eu vou sumir com a Elizabeth daqui e você nunca mais irá vê-la.

- Ela vai completar 18 anos em breve, quando isso acontecer você não terá mais nenhum poder sobre ela.

- Mesmo se eu conseguir atestar que ela tem problemas psicológicos? - Um frio percorre a minha espinha.

- Que merda você tá falando? – Avanço novamente quando sinto mãos me puxando para trás. Lucas está me olha assustado.

- O que tá acontecendo aqui? – Meu irmão pergunta – Ouvi os gritos de vocês de dentro de casa.

- Me solta Lucas – Tento me soltar de suas mãos, preciso fazer ele engolir todas as ameaças que fez.

- Pense no que te falei Nicolas, o futuro dela está em suas mãos. – Thomas volta para seu carro – Beth não precisa saber dessa nossa conversa, isso só iria complicar mais as coisas e você não vai querer me testar – Então ele sai sem olhar para trás. Sinto todo meu corpo tremer, encaro as lanternas traseiras do carro escuro e todo o mundo desmorona.

No alto da colina - Série Perfeição Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora