No alto da colina - Série Perfeição Livro 1

Capítulo 27

Nicolas

Fiquei no estúdio de fotografia o máximo que pude, mexer com as fotos e as câmeras me acalmou um pouco, durante horas repassei o material que estou montando o festival, ganhar a bolsa para o curso de fotografia irá ajudar com os custos depois que saímos da casa dos Alves.

Está chovendo, mas não me importo, ando pela calçada sem me proteger, por um segundo percebo que não é só a água da chuva que molha meu rosto, as lágrimas que teimam queimar meus olhos não sessam. Porque precisei demorar tanto tempo pra perceber que Beth sempre foi a garota que eu queria pra mim? Porque deixei tantas garotas me fazerem perder a cabeça se ela era a única que sempre estava ao meu lado? E porque justo agora que tudo estava claro teríamos que nos afastar? E pior, qual a lógica de tudo isso? As perguntas me assombram, mas o que mais me intriga é tentar entender qual seria o motivo das atitudes de Thomas. Nada se encaixa alguma peça está faltando e preciso entender o quê.

Percebo que estou na rua da casa de Beth, preciso ao menos olhar a sua janela e ter certeza que ela está em segurança. Um barulho de buzina alto chama a minha atenção, não consigo enxergar longe porque a chuva está mais forte. Continuo andando em direção a casa quando, um grito me faz correr.

- Saí da rua sua maluca – Um homem grita de longe e desvia o carro em alta velocidade. Quando foco meus olhos no meio da pista um choque percorre a minha espinha. Beth! Ela está lá, com a camisola rosa claro que eu tanto amo, o corpo coberto pela chuva, os olhos fechados. Oh meu Deus não! Ela não pode ter saído da casa assim.

- Beth!!! – Corro no mesmo instante que vejo a porta da casa se abrir e Thomas correr ao encontro dela. Ele chega primeiro, puxa Beth para seus braços.

- Elizabeth! – Ele grita tentando acorda-la – O que você está fazendo?

- Não assuste ela – Falo enquanto corro me aproximando deles. Ele me ignora e passa seus braços por baixo do corpo molhado de Beth e a leva para a calçada - Beth! – Chamo seu nome, mas ela não me olha de volta, a cabeça está pressionada contra o peito dele.

- Vai embora daqui! – Ele grita comigo – Eu vou cuidar dela.

- Thomas eu posso ajudar, me deixe ajudá-la.

- Você quer ajudar? – Ele se volta para mim com os olhos irritados – Suma, eu vou cuidar dela - Ao fundo posso ouvir a voz baixa de Elizabeth falando da estrada, como a muito tempo não ouço, ela precisa alcançar o topo da colina e chegar até a estrada e meu coração se despedaça. Ela voltou para o fundo do barranco e dessa vez eu sou o culpado.