Beth
Só consigo dormir depois de conversar com Beth por mais de meia hora e ouvir ela me garantir que a porta está bem trancada e bem na medida do possível. Percebo em sua voz chorosa como está sendo difícil. Combinamos de chegar a escola mais cedo, preciso ficar com ela antes das aulas começarem.
Lucas e eu estamos nos aproximando da entrada da escola quando uma SUV se aproxima. Beth salta correndo, de imediato abrimos os braços e a acolhemos. Nós três nos abraçamos.
- Meninos! – Ouço uma voz masculina. Meu sangue ferve. Solto Beth e encaro o homem que sai da SUV – Prazer finalmente conhecer vocês.
- Infelizmente não posso dizer o mesmo – Rebato.
- Acredito que você seja o Nicolas.
- Sim! – Falo me aproximo dele.
- Calma meu rapaz! – Ele levanta as mãos de forma defensiva – Sei que começamos com o pé esquerdo, mas espero que possamos conviver.
- Você começou com os dois pés esquerdos meu caro.
- Só quero dizer que vocês sempre serão bem vindos em nossa casa, contando que não tenham intensão de incluir bebidas nessas visitas.
- Escuta – Dou mais um passo em sua direção. Quero deixar claro que ele não irá me amedrontar – Ninguém aqui anda por aí bêbado, você só se aproveitou de um momento que sinceramente é raro, então vou ser direto com você – Retiro os óculos de sol para que possa olhar direto nos olhos dele – Se você encostar nela de qualquer forma que Beth se sinta incomodada, se invadir a privacidade dela ou pensar em qualquer coisa que irá machuca-la eu juro por Deus que eu vou até o inferno para fazer você pagar. Espero nunca precisar te lembrar dessa conversa.
- Calma meu jovem, quero apenas cuidar da Beth, nunca faria mal a ela.
- Então você começou da forma errada, a tirando do lugar onde se sentia segura e de uma forma muito bruta, mas eu já falei tudo o que tinha pra falar pra você Thomas. – Irritado ajeito a minha mochila e passo puxando Beth comigo, Lucas me acompanha.
-É hoje a aula de teatro? – Thomas questiona de longe. Beth apenas acena com a cabeça e me acompanha pelo portão da escola.
- Mandou bem irmão – Lucas passa o braço sobre o ombro dela e juntos andamos pelo corredor. Sentamo-nos nas carteiras e Beth está calada - Você tá bem mesmo? – Lucas pergunta antes mesmo que eu possa falar algo.
- Estou tentando entender tudo meninos, ainda não sei falar se estou bem ou não.
O alarme do final da aula toca e pela primeira vez sei que Beth não irá voltar para casa conosco. Nós três não precisamos falar nada, a nossa tristeza é nítida.
- Vamos te levar até o teatro – Lucas fala puxando Beth – Vamos gente, temos que ser fortes, vamos nos ver todos os dias e ficaremos juntos todo o tempo que der, logo faremos 18 anos e tudo voltará ao normal, manteremos os planos e iremos morar juntos certo?
- Certo – Beth e eu falamos juntos. Ao nos aproximarmos da porta ouço Larissa chamar o meu nome, mas avisto o Thomas esperando Beth na porta da escola e não espero por ela.
- Ele vai te levar para o teatro? – Lucas pergunta no mesmo instante que Larissa se junta a nós.
- Pelo visto sim – Beth fala visivelmente abatida.
- Você conseguiu mesmo dormir – Faço Beth me olhar – Por Deus me diga que está tudo bem mesmo.
- Eu prometo Nicolas – Ela emiti um som de choro mas, respira fundo – Estou bem.
- Que carrão! – Larissa se pendura no meu braço fazendo, no mesmo instante, Beth se afaste mim – De quem é? – O silêncio toma conta de nós – Nossa gente que caras péssimas, de quem é o carro? O que tá acontecendo?
- Vamos Beth – Thomas chama de dentro do carro, você vai se atrasar.
- Quem é ele? – Larissa questiona novamente – Seu pai? Mas espera... – Ela parece confusa.
- Ele não é meu pai – Beth fala se despedindo com um aceno e entra no carro de vidros escuros.
- Gente, quem é?
- O tio dela Lari – Lucas fala enquanto encaro as lanternas traseiras do carro.
- Tio? Mas como tio? Se vocês moram em um lar para órfãos, me desculpem, mas se ela tinha um tio porque foi pra lá?
- Uma longa história linda – Lucas fala.
- Nicolas – Larissa me puxa para ela – E o cinema que você falou que iriamos? Pode ser essa semana?
- Não sei Larissa, estou com a cabeça meio cheia.
- Poxa sério?
- Te ligo qualquer coisa, até mais – Saio em direção à rua e Lucas me acompanha.
- Que cruel cara, ela estava toda animada.
- E você acha que tenho cabeça pra ir ao cinema com tudo que está acontecendo?
- Nicolas, eu também estou mal pra caramba com isso, mas calma, você parece que vai sacar uma arma e cometer um assassinato, vamos dar uma chance pro cara.
- Ele teve 7 anos Lucas. 7 malditos anos e aparece só agora? Tem alguma coisa aí.
- É estranho eu sei, mas não há nada que possamos fazer. Vamos pra casa.
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No alto da colina - Série Perfeição Livro 1
RomancePerder os pais é uma das piores dores da vida, ainda mais quando se é criança, Beth se vê perdida ao chegar em um lugar totalmente desconhecido, mas encontra em lindos olhos cor de mel o conforto de que precisa. Dois irmãos se tornam o seu refúgio...