No alto da colina - Série Perfeição Livro 1

Capítulo 35

Beth

Já não sei mais se é de dia ou de noite, havia me forçado a tentar enxergar por baixo da porta, mas isso começou a se tornar uma idiotice, não importa, não vejo o sol ou sinto o calor na minha pele a tanto tempo que sinto minha pele extremamente fria. O único barulho que repercute pelo quarto é o ar condicionado. Me forço a lembrar de como é ouvir uma música, assistir um filme, ver pessoas, sentir o calor do sol sobre a minha pele. Acima de tudo me forço a lembrar das vozes dos meus amigos, de seus rostos, a ideia de me esquecer de como eles são me assombra. Meu exercício diário é fechar os olhos e me lembrar a voz de Nicolas, o som da sua risada, o cheiro do seu shampoo, a sensação de dormir sobre o seu peito e ouvir a sua respiração leve. Não posso controlar a risada ao me recordar das nossas brigas, de como ele ficava lindo irritado quando era contrariado, sempre intenso, mas tão doce ao mesmo tempo. Cada gesto, cada toque, preciso mantê-lo vivo dentro da minha mente para me manter sã.

- Como você está se sentindo hoje? – A voz de Thomas me irrita – Hoje decidi te trazer um hambúrguer, esqueci-me de te perguntar se você está com vontade de comer alguma coisa, afinal existe aquela coisa de desejo de grávida. – Olho para ele e não consigo desvendar o que esse homem é, quando ele percebeu que eu não havia usado nenhum absorvente do banheiro veio de encontro a mim transtornado, de imediato colocou a mão sobre a minha barriga e viu que ela estava levemente mais dura e inchada, o medo percorreu meu corpo. Corri para o canto do quarto como uma tentativa estupida de me afastar dele. O choque maior foi quando ele caiu de joelhos e chorou. Ainda com lágrima nos olhos se voltou para mim e sorriu, nunca irei esquecer as suas palavras "Você me deu uma segunda chance" então correu porta a fora e depois de um tempo estava jogando sobre a cama vários livros de gestação e como criar filhos. Eu só implorava para que ele me deixasse sair daquele quarto, mas nada adiantou.

- Não estou com fome.

- Sempre a mesma resposta – Ele senta no pé da cama e me olha – Eu não irei colocar nada na sua comida Beth, você já deveria ter entendido isso.

- E porque eu deveria confirmar em você? Ah espera, porque você me drogou quando eu confiava em você e agora está me mantendo em cárcere privado negando ao meu filho um acompanhamento médico, então me perdoe se eu não confio mais em você.

- Você ainda não entendeu depois de tanto tempo que eu só quero o seu bem? – Ele se afasta e anda de um lado para o outro – Aquele garoto é má influência para você, veja ele te engravidou, iria te levar de mim e isso eu não posso permitir.

- O Nicolas me ama - Posso sentir as palavras cortando a minha garganta - Ele me ama, tem o direito de saber que vai ser pai, você não pode me manter aqui presa pelo resto da minha vida.

- Não! – Ele grita – Eu te amo – É primeira vez que ele grita comigo e fala que me ama, nos primeiros dias fiquei com medo das suas intenções, mas ele nunca se quer tocou em mim ou falou algo desse contexto.

- Se você me ama então me solta! – Grito em meio as lágrimas – Quem ama não faz mal como você está me fazendo, eu quero sair daqui, por favor eu te imploro.

- Não quero te fazer mal – Ele passa os dedos freneticamente pelos cabelos – Mas você está segura aqui dentro, vocês dois estão, isso é o que importa. – Thomas tranca a porta após sair.

Enquanto como o hambúrguer um estalo em minha mente faz meu coração disparar. Ele nunca irá me libertar, preciso sair desse maldito quarto não apenas por mim. Toda vez que o questiono me dá a mesma reposta, de que eu estou segura. E se a minha segurança estiver em risco? Ele me manteria trancada no quarto? Desde o começo ele demonstrou uma preocupação doentia, preciso usar isso, ser inteligente, não posso mais me encolher na cama, chorar e ficar me prendendo a lembranças. Preciso ser forte. Uma ideia começa a se formar na minha mente, meu corpo inteiro se arrepia, mas já me decidi, vou me encontrar com Nicolas novamente.