Beth
Já estou na casa de Thomas a mais de duas semanas, pegar as minhas coisas na casa dos Alves foi uma das coisas mais difíceis que fiz na minha vida, por mais que fosse um lar de acolhimento, faziam muitos antes, já me sentia em casa, é difícil imaginar uma rotina sem as crianças no café da manhã. Acordei várias vezes deitada no chão do meu quarto, com frio, nunca me senti tão sozinha.
Thomas tem uma empregada que mantem a casa arrumada, muitas vezes tentou puxar assunto comigo, mas eu não me sinto à vontade com ele. Não preciso analisá-lo bastante para encontrar semelhanças com meu pai, eles são muito parecidos fisicamente, mas Thomas é músico e meu pai era contador. Pelo que entendi ele tocava guitarra para uma banda e depois abriu um estúdio e conseguiu se estabilizar financeiramente. Mais de uma vez me pergunto o porquê ele apareceu depois de tanto tempo e porque pedir a minha guarda? Ele poderia simplesmente aparecer dizer um oi, mandar presentes no meu aniversário e no Natal como um tio afastado faria.
Estou cansada de ficar no meu quarto, que por sinal é muito lindo, mas não me sinto à vontade para ficar andando pela casa. Lucas e Nicolas passaram a tarde comigo, de forma alguma eu deixaria de lado nossas tardes de estudos, é importante para Nicolas.
- Eles já foram? – Thomas pergunta batendo na porta.
- Sim – Falo abrindo a porta para que ele possa confirmar.
- Eu já falei que eles podem vir quando quiser, não quero que se afaste deles.
- Ok.
- Algum dia você vai conversar comigo de forma coerente? Com frases completas e não respostas monossilábicas?
- Não sei.
- Tudo bem. Não vou forçar nada – Ele se afasta da porta – Quando quiser conversar, sobre qualquer coisa eu estou à disposição.
- OK – É tudo o que consigo responder. Volto para minha cama e começo a mexer no meu novo celular, digamos que ele pensou que um telefone de última geração seria um presente de boas-vindas e que iria mudar alguma coisa. Coitado, ledo engano, para voltar a morar com os meninos eu destruiria esse celular sem pensar duas vezes. O tempo passa e percebo que fiquei um bom tempo mexendo no aparelho, decido tomar um banho rápido e em poucos minutos estou de pijama puxando o celular para mandar mensagem de boa noite para os meninos, mas o celular vibra na minha mão e uma mensagem do Nicolas aparece na tela.
Nic : Tudo bem? – Não consigo conter o sorriso.
Eu : Sim, mas sinto falta do meu quarto
Nic : Eu sinto falta de dormir com vc
Deus, como eu sinto falta de acordar com ele ao meu lado, sei que quando isso acontece é porque dei trabalho de madrugada, mas passando por cima da vergonha não posso esconder que são as minhas melhores noites.
Eu : Tb sinto!
Nic : E se eu resolver pular a sua janela p dormir com vc? – Meu coração dispara alucinado.
Eu: Qd vc quiser é só me falar q destranco a janela, afinal foram ordens suas de trancar tudo antes de ir dormir.
Nic : Destranca a janela
Eu : Agora?
Nic: Agora – Pulo da cama e olho para um Nicolas escondido entre as árvores do lado da minha janela, o celular vidra novamente.
Nic: Anda logo
Em um frenesi absurdo, destravo a janela, ele rapidamente escala a árvore e entra pela janela.
- Meu Deus como você fez isso?
- Eu já estava de olho nessa árvore desde a primeira vez que entrei aqui – Ele sorri abertamente e me puxa para seus braços – Sinto a sua falta, inspiro seu perfume e sinto meu corpo inteiro responder. Como um vício, apenas a presença dele muda tudo ao meu redor.
- Eu também – Falo puxando-o para a cama – Vamos dormir.
- Vamos! – Nicolas anda em direção a cama, começa a se despir e pela primeira vez sinto meu rosto queimar com a visão ele apenas de cueca. Corro pra cama e ele se aproxima, deita ao meu lado me puxando para seu peito – Estava acostumado a ter você perto o tempo todo, mas é doido dizer que não dormir com você pelo menos duas vezes por semana me atormentou?
- Agora você pode dormir em paz, não vou te acordar em plena madrugada. – Falo pensando nos episódios de sonambulismo.
- Troco não dormir direito toda noite toda por poder dormir com você – Ele afaga meus cabelos e como sempre me aconchego em seus braços.
- Você não me falou se teve problemas para dormir desde que veio pra cá.
- Acordei algumas noites no tapete.
- Merda! – Ele me aperta mais em seus braços
- Eu sei.
- Boa noite Beth, pode dormir tranquila.
- Boa noite, obrigada por estar aqui.
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No alto da colina - Série Perfeição Livro 1
RomansaPerder os pais é uma das piores dores da vida, ainda mais quando se é criança, Beth se vê perdida ao chegar em um lugar totalmente desconhecido, mas encontra em lindos olhos cor de mel o conforto de que precisa. Dois irmãos se tornam o seu refúgio...