**Marcela***
Estou exausta, extremamente exausta, o reflexo no espelho não me deixa mentir. Mas preciso da grana desse evento, olho para fantasia e dou risada, mas é claro que uma festa de universidade teria que ser com um vestido minúsculo. Ok, me achei gostosa nessa fantasia, pro inferno com a modéstia, afinal se eu não me amar quem vai? Jogo um pouco de água no rosto para despertar, o turno na cafeteria foi de matar, Laura novamente precisou sair mais cedo por causa da sua filha que adoeceu, logo em uma sexta feira onde parece que todo mundo quer parar para bater papo no final do expediente. Claro que a pequena Clara não tinha culpa de ficar doente, mas rezo a Deus que a mantenha saudável, afinal eu sofria de tabela de preocupação e de cansaço por cobrir a sua mãe. Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Beth
Beth: Não consegui dormir depois de assistir aquele filme, tenho medo de exorcismos.
Não contenho a risada, pobre Beth e sua mania de insistir em assistir filmes de terror. Minha última indicação para ela foi O exorcismo de Emily Rose, juro que pensei que pelo nome ela iria desistir
Eu: Linda, era pra você desistir quando visse o nome do filme kkkkkkk
Beth : Te odeio
Eu : kkkkkkkk, peça desculpas a Nicolas por mim, sei que vai ser difícil de dormir.
Beth : Ele tb te odeia.
Uma batida na porta do banheiro me faz voltar a realidade
- Vamos Marcela - Ouço a voz de Sarah me apressando - O evento vai começar.
- Estou indo - Pego a minha nécessaire de maquiagem e começo uma obra de arte. Eu havia recusado todos os convites de Sarah para trabalhar nos eventos dela, eu nunca curti a parada de ficar dançando pra um monte de caras tarados em uma despedida de solteiros, eu sabia que ela mantinha umas atividade questionáveis digamos, nunca conversamos diretamente sobre ela ser uma garota de programa, mas eu podia ver que ela não teria como manter toda a sua vida boa apenas com o salário de auxiliar de escritório, deveria ser mais uma ferrada como eu, afinal fugiu de casa quando tinha apenas 18 anos. Mas só de pensar em fazer algo do tipo fecho os olhos e me lembro do meu pai, das últimas conversas que tivemos quando ele já estava muito debilitado, ele me fez prometer que nunca faria nada de errado na vida, que ele havia cometido vários e que não me queria em uma vida como a dele, o HIV destruiu o seu organismo, ele descobriu tarde demais que a doença havia baixado de mais a sua imunidade e deixado seu corpo alvo fácil para várias outras doenças. Com 14 anos eu o definhar, ele fez escolhas erradas, mas era maravilhoso pra mim e eu nunca iria quebrar a minha promessa.
A festa está animada, a galera está aproveitando o tema Oktoberfest, estou a mais de duas horas servindo canecas enormes de cerveja, meu pé está me matando, meu braço está destroçado, mas ainda faltam 3 horas e só de pensar nos 200 reais que vou receber no final da festa me forço a continuar, a conta de internet está atrasada e de forma nenhuma eu iria fica sem Netflix, posso ser uma ferrada, mas uma ferrada viciada em filmes e seriados, me condeo denem, estou pouco me lixando é uma das únicas extravagâncias que eu me permito.
- Não fomos apresentados ainda - Uma voz chama a minha atenção, de imediato me viro para trás, um par de olhos verdes está me encarando, com a roupa dos garçons ele abre um sorriso gigante, caramba ele é lindo.
- É acho que não mesmo.
- Meu nome é Heitor - Ele se aproxima e seu perfume preenche meus sentidos, amadeirado e másculo, adoro - Prazer.- Me chamo Marcela - Estendo a mão e de imediato ele sorri e me olha atentamente estendendo a mão.
- Então os riquinhos estão aproveitando bastante a festa não é mesmo? - Ele fala voltando-se para o salão.
- E como, nem imagino a vida de festas que essa galera tem - Penso na minha faculdade de pedagogia que tive que trancar a três meses atrás, me sinto triste, conquistar meu diploma sempre foi meu maior sonho, sonho esse que havia sido adiado por tempo indeterminado.
- Pois é - Heitor fala voltando-se para mim - O que você faz da vida Marcela? Acredito que servir cerveja nesse vestido minúsculo não seja sua profissão.
- Não mesmo - Sorrio - Não tenho profissão na verdade, só trabalho com o que pagar minhas contas.
- Entendo - Ele se aproxima de mim - Estamos juntos nessa, somos parecidos não é mesmo? - Sinto um clima de flerte e me animo - Você vai fazer alguma coisa depois que sair daqui?
- Vou - Rebato pensando na minha cama - Dormir
- Interessante - Ele começa encher algumas canecas de Chopp - Sozinha?
- Pode apostar que sim - Me junto a ele e enchemos algumas canecas.
- Fico feliz em saber que você vai dormir sozinha, isso me deixa a oportunidade de pedir o seu telefone.
- Eu falei que iria dormir sozinha, não que não tenho namorado.
- Você me pegou, você tem namorado? - Ele para de encher as canecas e se volta para mim
- Não - Arthur trava seus olhos no meu e sorri de uma forma que deveria ser proibido.
- Bom saber
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Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2
RomanceMarcela é uma jovem que desde de pequena aprendeu a se virar sozinha, determinada ela busca viver a vida de uma forma que deixaria seu pai orgulhoso, ela sabe o que é ter que ralar duro para manter um teto sobre a cabeça. Ben é um rapaz prodígio qu...