Capítulo 12

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**Ben**

Já se passaram quatro dias da noite que encontrei com Marcela na estrada, quatro dias que eu me imagino entrando no shopping indo direto para a cafeteria que ela trabalha e apenas me sentando lá para observar ela atender os clientes, inferno eu não consigo tira-la da cabeça, mas alguma coisa me impede de ir até ela. A forma com que ela me olhou quando me despedi no estacionamento do Top mexeu comigo. O olhar de quem estava com medo de mim, fico repassando toda a noite e não consigo ver um momento em que eu tenha feito alguma coisa de errado. Não a destratei, ou fui grosso ou metido, fico repassando cada parte da nossa conversa e nada me vem à cabeça. Porque diabos ela ficou com medo de mim?

- Terra chamando Ben – G me irrita jogando uma bola de papel no meu rosto.

- Você tem cinco anos por acaso? – Esbravejo – Que foi?

- Estou falando com você e nada, você tá aí com essa cara amarrada. Que foi? Já aguentei esse seu mal humor um tempão. É por causa da Gabi? – Pela primeira vez percebo que há muito tempo nem se quer penso nela. Estamos esperando o resultado da prova de infectologia, a sala está um falatório por causa da ansiedade pelos resultados.

- Eu nem penso mais na sua irmã.

- Fico feliz de ouvir isso, mas então o que é? Você não vai bombar na prova que eu sei, você é nerd demais pra isso.

- Você se lembra da garçonete? – Me volto para ele. G pode ser um cara totalmente idiota para algumas coisas, mas ele geralmente pensa de uma forma diferente da minha e sinceramente preciso de uma segunda opinião.

- Opa! Gostei do início da conversa. É claro que me lembro. Mariana não é?

- Marcela!

- Que seja, o que tem ela?

- Na noite que te dei o bolo com as duas meninas eu encontrei com ela, ajudei a trocar o pneu do carro.

- Você nunca trocou um pneu de carro – Ele fala rindo.

- Nem você idiota, mas enfim, ela foi me falando o que fazer.

- Interessante, uma garota que sabe trocar um pneu.

- Me deixa falar – Esbravejo – Continuando, depois acabamos comendo lá no Top, percebi que ela estava meio sem jeito e pensei que fosse por causa da grana, sei lá, sempre a encontrei trabalhando e o carro dela é velho pra caramba, então eu meio que fiz o pedido por ela e me responsabilizei pela conta.

- Não vejo problema até agora, a coisa mais normal do mundo. Você pagar a conta dela, sendo o gentil cavalheiro que é.

- Então ai é que está o problema, quando nos despedimos eu a beijei no rosto e ficamos nos olhando um tempo.

- Sei safado, rolou um clima de pegação né.

- Não rolou um clima de pegação, ela me olhou de um jeito estranho, não se despediu de mim e por algum motivo achei que ela estava com medo de mim.

- Medo? Do que?

- Aí está a dúvida, medo do quê? Estávamos conversando numa boa, ela é engraçada, espirituosa, espontânea, pra mim tudo estava perfeito e depois, senti o maior clima tenso partindo dela - G me observa por um momento.

- Você tá apaixonado por essa menina Ben? – Ele é direto.

- Não posso dizer que sim, nem que não. Só sei que não paro de pensar nela – A sala começa a fazer mais barulho do que o normal e sei que as notas foram divulgadas. Meu celular apita avisando no aplicativo da faculdade que tenho uma mensagem, de imediato G também pega o seu e ambos voltamos nossa atenção para nossos aparelhos.

- Ufa – Ele suspira – 8 graças a Deus - Olho a nota 10 e respiro aliviado – Você tirou 10 né? – Ele me questiona. Não respondo a sua pergunta, pego a minha mochila reúno meus cadernos e me levanto para ir embora.

- Então voltando ao assunto – Falo.

- Ah sim – G puxa sua mochila e me acompanha – Pelo que você me falou ela tem uma vida dura, não que isso seja um problema, mas ela tem uma vida foda e você tem uma vida de regalias, já pensou se o medo dela é se comparar a você e se sentir inferior?

- Mas ela não é inferior.

- Ok, você acha isso, eu nem a conheço e também acho isso, mas meu caro o problema é o que ela acha.

- Merda e como eu resolvo isso? Porque eu não posso deixar de ser quem eu sou e muito menos quero que ela deixe de ser quem é.

- A primeira coisa que eu acho que você precisa fazer é encontrar com ela novamente e ter certeza se você gosta mesmo dela ou não, só aí você pensa em como resolver isso.

- Cara, preciso de um café.

- Eu também. – Ele responde entendendo para onde vamos.

Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora