Capítulo 10

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**Ben**

Observo ela entrar no carro e ligar o motor. Em reflexo ando em direção ao meu carro, mas fico pensando que a probabilidade de encontrá-la novamente será mínima. Eu poderia ira até a cafeteria, mas não quero parecer um stalker. Fico me perguntando se ela não tem um namorado, mas depois de ficarmos esse tempo todo trocando o pneu ela não mencionou nada sobre isso, se ela realmente tiver porque o cara não apareceu para ajudá-la? Que tipo de namorado iria deixar a sua garota andar de noite em um carro velho e não garantir que ela está bem a cada cinco minutos? Ok, eu posso estar exagerando, mas não quero me despedir dela, quero conversar mais, meu telefone toca e sei que é G querendo saber se estou chegando, ele havia me falado que estava com duas garotas e que eu apenas precisava aparecer para formarmos tudo em um encontro duplo. Ignoro o telefone e volto para o carro de Marcela, ela ainda está parada olhando no celular.

- Você mora aqui por perto? – Me abaixo para falar através da janela e um cheiro de mar me atinge. Ela me olha assustada.

- Não, moro longe – Marcela me encara.

- Fiquei curioso para saber o que você faz por aqui.

- Vim trazer uns amigos para uma festa, como é longe de casa irei esperar até que eles queiram ir embora.

- E porque você não está na festa com eles?

- Porque é uma festa de escola – Ela sorri – Eles são menores de idade, estou de babá – Uma babá linda, apenas esperando passar o tempo.

- Posso te fazer companhia enquanto espera?

- Você não estava indo para algum lugar?

- Estava, não estou mais.

- Eu não sei Ben. – Percebo que ela olha para o celular e uma pontada me faz entender que é por causa de alguém.

- Ei, vamos apenas comer alguma coisa, eu vou no meu carro e você vai no seu, quando você precisar ir embora pode ir, não estou fazendo nenhum tipo de plano, apenas preciso sair de casa estou cansado de estudar. Só quero espairecer – Vejo que ela está em dúvida se deve ou não aceitar meu convite – Vamos? – Ela hesita novamente.

- Tudo bem – Finalmente ela fala – Mas assim que me ligarem eu preciso ir embora.

- Sem problemas, nenhum minuto a mais.

- Vamos um lugar que eu conheço, é só você me seguir – Corro para meu carro, ligo e acelero, quando passo por ela fico olhando apreensivo se ela realmente vai me seguir, então ela sai do acostamento e me acompanha. Permaneço olhando pelo retrovisor o pequeno carro branco atrás de mim. Quando entro no estacionamento da lanchonete que frequento desde que tenho 15 anos, me lembro de que nunca mais havia entrado nele depois de que Gabi viajou, o Top Burguer era nosso ponto de encontro. Marcela sai do carro e olha o lugar apreensiva.

- Uma hamburgueria artesanal – Ela fala – Nunca fui a uma hamburgueria assim.

- Não? – Me sinto mal por perceber que o cotidiano de alguns pode ser excepcional para outros – É um lugar tranquilo, fica aberto até às três da manhã.

- Tudo bem – Marcela passa por mim e algo me incomoda no seu olhar, a garota confiante de alguns minutos atrás sumiu e me intriga saber o porquê. Assim que sentamos Bruno o gerente vem nos entregar o cardápio.

- Faz muito tempo que não te vejo por aqui Ben – Ele fala olhando para Marcela

- É – Pego o cardápio – Estou estudando muito.

- Imagino – Ele responde entregando o cardápio para ela e volta para o balcão.

- Você sempre vem aqui? – Ela pergunta olhando o cardápio fixamente.

- Costumava vir, parei depois de um tempo.

- Hum – Marcela fala sem me olhar – O que você estuda? É a segunda vez que você fala que está estudando muito.

- Medicina.

- Uau!- Ela volta seus olhos pra mim pela primeira vez desde que entramos no Top – Uma carreira e tanto a sua.

- É eu sei, mas é muita pressão, preciso estudar muito ainda. Tenho vários anos pela frente.

- Você trabalha Ben? Ou só estuda?

- Só estudo.

- Entendo – Ela fala me olhando por alguns segundos e volta para o cardápio – Não estou com fome, vou pedir apenas uma água para te fazer companhia.

- Marcela – Falo quando ela se levanta.

- Eu preciso ir ao banheiro e te recomendo o mesmo porque você está todo sujo de graxa – Ela sai em direção ao banheiro, olho para o cardápio e tento entender o porquê ela mudou tanto quando começou a olhar o lugar. Um estralo percorre minha mente. Merda! O lugar é caro pra ela. Sinto-me um idiota, a garota trabalha em um emprego e precisa fazer bicos em outros lugares para se bancar e eu como um idiota a levo para um lugar onde o lanche mais barato é 40 reais. É claro que ela está se sentindo mal. Olho para o cardápio e as palavras dela ecoam na minha mente "nunca vim em uma hamburgueria artesanal"

- Bruno – Chamo – Quero fazer o nosso pedido. 

Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora