** Marcela**
Quase nos beijamos, se Kika não tivesse atrapalhado, eu saberia como é o gosto do beijo dele. Não sei se dou um abraço nela ou se a mando sumir da minha frente. Estou confusa. Meu corpo claramente quer o Ben, meu coração com certeza dispara por causa dele, mas a minha cabeça vive me dando sinais de alerta, de que devo me afastar porque se eu der poder a ele, ele vai me machucar, como nenhuma pessoa até hoje me machucou. Todos os meus relacionamentos foram de pele, claro que eu gostava dos outros caras que fiquei, mas com Ben é diferente. Ele é doce, um cara de andar na rua de mãos dadas e levar para conhecer a família, isso se eu tivesse família.
- Realmente essa batata frita é ótima – Ele fala chamando a minha atenção.
- Não é mesmo? Não sei o que essa velha faz, mas a batata dela é divina.
- Vamos perguntar o segredo,
- Ela não conta – Dou mais uma mordida no meu lanche, agradecendo a Deus por não ser macarrão instantâneo – Pergunto isso desde que tenho 10 anos e ela nunca me contou.
- Você vem desde os 10 anos aqui?
- Desde antes disso, meu pai era amigo do marido da Kika, praticamente cresci comendo essas batatas.
- Boa forma de crescer.
- Digamos que sim – A música dos anos 80 toma conta do lugar e fico nostálgica – Eu cresci andando no Branquelo, escutando músicas dos anos 80 e comendo aqui, resumi a minha vida para você.
- Você parece que foi feliz – Ele empurra o prato com as sobras do lanche e se volta pra mim – Mesmo sem a sua mãe você teve uma boa infância?
- Tive, meu pai foi meu super-herói, ele era meu Superman.
- Sinto saber que ele não pode ver a mulher maravilhosa que você se tornou – Sinto meu rosto corar
- Eu senti falta da minha mãe às vezes, ele sempre esteve presente, mas toda menina precisa de uma mãe, eu não sabia nada sobre coisas de menina.
- Entendo.
- Quando fiquei menstruada pela primeira vez eu quase entrei em desespero – Começo a rir e de imediato fico sem jeito de ter falado de uma coisa tão intima com ele.
- Eu vou ser médico Marcela, não precisa ficar envergonhada de falar de menstruarão na minha frente, pra mim é a coisa mais normal do mundo, afinal faz parte da fisiologia feminina.
- E qual vai ser a sua especialização? Porque tem isso não tem? Você escolher um segmento para se aprofundar?
- Pediatria – Ah Deus meus órgãos femininos praticamente explodem – Quero cuidar de crianças.
- Sorte das crianças - Sorrio – E das mães também, que terão a visão do seu lindo rosto quando passarem pela porta do consultório.
- Quem está inflando o meu ego agora?
- Ok, você já está mais alto do que um balão.
- E você?
- O que tem eu?
- Pensa em estudar, ter uma profissão?
- Claro – Dou um gole no meu refrigerante e estou totalmente satisfeita – Pedagogia.
- Sério? – O seu sorriso aumenta
- Ambos queremos cuidar de crianças, é isso mesmo?
- Verdade – Me surpreendo com essa descoberta;
- E você tem planos de entrar pra faculdade?
- Na verdade eu já entrei, fiz um semestre mas, tive que trancar. Meu aluguel aumentou, e as minhas economias acabaram, mas pretendo voltar.
- Você será uma ótima professora. – Ele fala quando ouvimos um barulho e olhamos para ver Kika arrumando as mesas atrás de nós – Acho que é melhor nós irmos embora.
- Sim, também acho. – Ele se levanta e vai em direção a Kika, fala alguma coisa em seu ouvido e ela olha alegremente para ele, não consigo ouvi-lo. Levanto da mesa, pego minha bolsa e percebo quando ele abre a carteira e puxa uma nota, entrega para Kika e lhe dá um beijo no rosto. Ela se volta para mim e vem na minha direção.
- Vá com Deus minha filha – Me abraçando ela acaricia as minhas costas – Ele é um bom menino, lindo e sinto ótimas energias nele, você merece um homem bom, assim como seu pai foi.
- Obrigada Kika – Beijo sua bochecha e vou em direção a Ben que está olhando as fotos que decoram a parede. Ele está diante da minha foto, onde estou com meu pai, meu aniversário de 12 anos – Eu tinha 12 anos nessa foto.
- Seu pai já estava doente nessa foto não estava?
- Sim – Passo meus dedos pela foto, sobre o seu sorriso, mesmo doente ele se forçava a sorrir quando estava comigo, ele queria me manter feliz.
- Mesmo doente ele queria te ver feliz – Ben aproxima a sua mão da minha e entrelaça seus dedos aos meus.
- Como eu te falei – Aperto minha mão contra a dele – Ele era um Superman.
- Com certeza ele era.
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Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2
RomanceMarcela é uma jovem que desde de pequena aprendeu a se virar sozinha, determinada ela busca viver a vida de uma forma que deixaria seu pai orgulhoso, ela sabe o que é ter que ralar duro para manter um teto sobre a cabeça. Ben é um rapaz prodígio qu...