Capítulo 22

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** Marcela**

Quase nos beijamos, se Kika não tivesse atrapalhado, eu saberia como é o gosto do beijo dele. Não sei se dou um abraço nela ou se a mando sumir da minha frente. Estou confusa. Meu corpo claramente quer o Ben, meu coração com certeza dispara por causa dele, mas a minha cabeça vive me dando sinais de alerta, de que devo me afastar porque se eu der poder a ele, ele vai me machucar, como nenhuma pessoa até hoje me machucou. Todos os meus relacionamentos foram de pele, claro que eu gostava dos outros caras que fiquei, mas com Ben é diferente. Ele é doce, um cara de andar na rua de mãos dadas e levar para conhecer a família, isso se eu tivesse família.

- Realmente essa batata frita é ótima – Ele fala chamando a minha atenção.

- Não é mesmo? Não sei o que essa velha faz, mas a batata dela é divina.

- Vamos perguntar o segredo,

- Ela não conta – Dou mais uma mordida no meu lanche, agradecendo a Deus por não ser macarrão instantâneo – Pergunto isso desde que tenho 10 anos e ela nunca me contou.

- Você vem desde os 10 anos aqui?

- Desde antes disso, meu pai era amigo do marido da Kika, praticamente cresci comendo essas batatas.

- Boa forma de crescer.

- Digamos que sim – A música dos anos 80 toma conta do lugar e fico nostálgica – Eu cresci andando no Branquelo, escutando músicas dos anos 80 e comendo aqui, resumi a minha vida para você.

- Você parece que foi feliz – Ele empurra o prato com as sobras do lanche e se volta pra mim – Mesmo sem a sua mãe você teve uma boa infância?

- Tive, meu pai foi meu super-herói, ele era meu Superman.

- Sinto saber que ele não pode ver a mulher maravilhosa que você se tornou – Sinto meu rosto corar

- Eu senti falta da minha mãe às vezes, ele sempre esteve presente, mas toda menina precisa de uma mãe, eu não sabia nada sobre coisas de menina.

- Entendo.

- Quando fiquei menstruada pela primeira vez eu quase entrei em desespero – Começo a rir e de imediato fico sem jeito de ter falado de uma coisa tão intima com ele.

- Eu vou ser médico Marcela, não precisa ficar envergonhada de falar de menstruarão na minha frente, pra mim é a coisa mais normal do mundo, afinal faz parte da fisiologia feminina.

- E qual vai ser a sua especialização? Porque tem isso não tem? Você escolher um segmento para se aprofundar?

- Pediatria – Ah Deus meus órgãos femininos praticamente explodem – Quero cuidar de crianças.

- Sorte das crianças - Sorrio – E das mães também, que terão a visão do seu lindo rosto quando passarem pela porta do consultório.

- Quem está inflando o meu ego agora?

- Ok, você já está mais alto do que um balão.

- E você?

- O que tem eu?

- Pensa em estudar, ter uma profissão?

- Claro – Dou um gole no meu refrigerante e estou totalmente satisfeita – Pedagogia.

- Sério? – O seu sorriso aumenta

- Ambos queremos cuidar de crianças, é isso mesmo?

- Verdade – Me surpreendo com essa descoberta;

- E você tem planos de entrar pra faculdade?

- Na verdade eu já entrei, fiz um semestre mas, tive que trancar. Meu aluguel aumentou, e as minhas economias acabaram, mas pretendo voltar.

- Você será uma ótima professora. – Ele fala quando ouvimos um barulho e olhamos para ver Kika arrumando as mesas atrás de nós – Acho que é melhor nós irmos embora.

- Sim, também acho. – Ele se levanta e vai em direção a Kika, fala alguma coisa em seu ouvido e ela olha alegremente para ele, não consigo ouvi-lo. Levanto da mesa, pego minha bolsa e percebo quando ele abre a carteira e puxa uma nota, entrega para Kika e lhe dá um beijo no rosto. Ela se volta para mim e vem na minha direção.

- Vá com Deus minha filha – Me abraçando ela acaricia as minhas costas – Ele é um bom menino, lindo e sinto ótimas energias nele, você merece um homem bom, assim como seu pai foi.

- Obrigada Kika – Beijo sua bochecha e vou em direção a Ben que está olhando as fotos que decoram a parede. Ele está diante da minha foto, onde estou com meu pai, meu aniversário de 12 anos – Eu tinha 12 anos nessa foto.

- Seu pai já estava doente nessa foto não estava?

- Sim – Passo meus dedos pela foto, sobre o seu sorriso, mesmo doente ele se forçava a sorrir quando estava comigo, ele queria me manter feliz.

- Mesmo doente ele queria te ver feliz – Ben aproxima a sua mão da minha e entrelaça seus dedos aos meus.

- Como eu te falei – Aperto minha mão contra a dele – Ele era um Superman.

- Com certeza ele era.

Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora