Capítulo 15

30 2 0
                                    


**Marcela**

Estou em choque, estava respondendo a mensagem de Arthur para confirmar o nosso encontro amanhã quando me deparo com Ben diante de mim, segurando uma sacola cheia de coisas para fazer um curativo em minha mão. Laura nos observa sorrindo de orelha a orelha e eu não sei o que falar. Ele senta diante de mim, coloca a sacola sobre a mesinha, pega minha mão entre as dele.

- Vamos ver isso – Cuidadosamente ele observa a minha pele e podemos ver que bolhas se formaram – Vou tomar cuidado com as bolhas, elas não podem estourar senão vai doer muito e poderá ficar cicatriz – As mãos dele são macias. Macias como eu nunca imaginei sentir – Eu vou limpar passar a pomada e enrolar com a bandagem.

- Não tire os movimentos da minha mão – Falo com receio de não conseguir trabalhar – Preciso poder movimentar a minha mão.

- Não devia – Ele me encara – Mas eu entendo – Com cuidado, ele limpa minha mão com gaze e soro fisiológico, passa uma pomada e enfaixa minha mão com uma leve atadura – Eu vou deixar essa sacola com você, faça a mesma coisa que eu fiz no final do dia.

- Vou fazer isso.

- Bom, acho que meu trabalho aqui terminou. Aqui está o meu telefone – Ele puxa um guardanapo que está ao lado da mesa e uma caneta – Se sentir muita dor ou precisar de alguma coisa, só me liga ou me manda uma mensagem.

- Muito obrigada Ben – Pego o papel como se fosse o papel mais precioso do mundo, me levanto e ficamos nos olhando. Não sei o que responder, a minha vontade é de pular em seus braços e beijar a sua boca linda. Não apenas porque ele é lindo, mas porque ele é atencioso, carinhoso e me tratou como ninguém nunca tratou na vida, além do meu pai – Muito obrigada mesmo.

- Não precisa me agradecer – Ele passa as mãos pelo cabelo – Eu vou nessa. – Então ele se afasta de mim, passa por Laura que está nos observando o tempo todo.

- Você ficou aí o tempo todo? – Questiono quando vejo que Ben saiu.

- Eu ia voltar, mas não resisti, nunca vi atitude mais linda do que essa na vida, ele é... ah cara que menino lindo.

- Eu sei – Suspiro, merda eu sei.

Seguro meu celular com força. Olho para a atadura em minha mão, já troquei o curativo duas vezes, penso em Bem. Olhei para o seu número cadastrado no meu celular diversas vezes e não tive coragem de mandar uma mensagem. Para voltar à realidade estou na porta do meu apartamento esperando Heitor. Depois de muito refletir resolvi que não posso mais conversar com ele da forma que estávamos fazendo, no começo eu amei a nossa conexão, ele é divertido e temos muito em comum, mas não posso mentir para mim mesma. Meu coração dispara como louco apenas de pensar em Ben, preciso deixar as coisas claras com Heitor. Ele merece a minha sinceridade, não que eu vá me declarar para Ben, pois eu sei que nós dois não temos nada a ver, que somos de mundos diferentes, mas eu preciso me manter leal aos meus princípios.

O bar é agitado, geralmente vou a lugares mais calmos, mas ele recomendou esse bar como sendo um dos que ele trabalhava e que conseguiria um desconto legal pra nós. Estamos conversando sobre o último filme da Marvel que foi lançado e ele está animado. Seus olhos verdes estão radiantes, o cabelo arrepiado, Heitor é lindo, percebo as meninas ao nosso redor olhando com interesse para ele, mas ele mantem o foco somente em mim.

- Como está o seu coquetel? – Ele fala se referindo ao Cosmopolitan em minha mão.

- Está ótimo, sei que é bebida de gente fresca, mas eu sempre quis experimentar.

- Claro – Ele pega minha mão livre entre as dele. Sou levada de volta a sensação de Ben fazendo a mesma coisa e como eu senti seu toque percorrer todo o meu corpo. Não senti nada com o toque de Heitor, o que me faz ter certeza do que preciso fazer – O que aconteceu aqui?

- Me queimei – Respondo bebendo mais um gole do meu drink.

- Que merda linda – Puxo minha mão das suas e ele me olha confuso – O que está acontecendo? Você não gosta mais que eu toque em você?

- Heitor é que eu não acho que esse seja o rumo pra nós – Dou mais um gole na minha bebida que desce queimando.

- Como assim? Nas ultimas vezes que nos vimos nos beijamos muito, agora do nada você não quer mais nada?

- Acho que devemos ser apenas amigos, eu adoro conversar com você, mas no momento não vejo nada além disso pra gente.

- Você tem certeza de que é isso que você quer? Porque eu pensei que nós dois tivéssemos muito em comum. – Ah merda, como eu falo que também pensei nisso até Ben bagunçar com a minha cabeça? Trazer uma terceira pessoa para a conversa não é uma boa opção, até mesmo porque não existe em si uma terceira pessoa, não tenho nada com Ben, apenas não consigo parar de pensar nele.

- Não quero te magoar ou te fazer perder tempo comigo, podemos ser apenas amigos? – Disparo o meu maior sorrio, esperando que ele não vá embora e me deixe com cara de idiota.

- Eu entendo – Ele termina de beber a sua cerveja – Eu não vou forçar nada, prefiro ter você como minha amiga, do que não ter você. Então mais uma rodada?

- Claro – Sorrio feliz por passarmos ilesos a essa conversa.

- Mais um desses?

- Não, uma cerveja está bom.

- Não se preocupe com a conta - Ele pisca pra mim – Vou te trazer mais um desse.

- Tudo bem – Me rendo – Só mais um.

Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora