** Ben**
A galera está alucinada com a festa. Já beberam tantas canecas de Chopp que perdi as contas, estou enfurecido por ter perdido no jogo idiota de pedra, papel e tesoura. Tornei-me a merda do motorista da rodada, sério mesmo? Que tipo de idiota sou? Na era da tecnologia onde se pode chamar um Uber com apenas um clique no celular eu cai nessa?
Sou um idiota.
Olho para os lados e posso ver os filhos dos amigos dos meus pais. Todos mauricinhos criados no Country Club que minha mãe me obriga a frequentar pelo menos uma vez por mês. Ela insiste que preciso de conexões para me tornar um cirurgião neurologista de sucesso, como meu pai. A questão é, como explicar que não quero ser cirurgião, que meu sonho é ser um pediatra? Porque o status de cirurgião é tão importante assim? Inferno, eu me apaixonei por pediatria logo no segundo ano da faculdade, mas nada parece importar pra ela, apenas o bendito status de cirurgião.
- Ei Ben – Gabriel se joga sobre mim visivelmente bêbado – Você vai ficar só no refrigerante mesmo cara? Você levou a sério aquela merda? – Ele cursa medicina como eu. Meu amigo desde os cinco anos, Gustavo fala para todos que irá se tornar ginecologista, mas eu sei que ele nunca iria seguir essa especialização, ele usa esse artificio apenas para se aproximar das meninas falando que entende toda a fisiologia feminina e que as levaria a orgasmos múltiplos. No fundo eu sempre soube que ele irá se tornar ortopedista, mas deixo-o manter a ilusão.
- Eu levei a sério e pelo visto fiz o certo, porque você vai entrar em coma alcoólico daqui a pouco se mantiver essa pegada, como eu cuido de você seu merda, se eu estiver bêbado também?
- Fato – Ele fala dando um gole enorme na sua caneca – Mas pelo menos vá encontrar uma garota, aproveite a noite.
- Você sabe que eu não vou fazer isso – Rebato o fazendo lembrar que tenho namorada.
- Ah para com isso, a Gabi está a milhares de quilômetros daqui, cara ela tá na Austrália, você sabia que os cangurus vivem lá?
- Mas que merda os cangurus tem a ver com ela estar lá? – Ambos gargalhamos – Você tá muito mal cara.
- Tem tudo a ver, ela pode estar fazendo canguru perneta como dizia o loiro lá do programa Sai de Baixo – Aperto meu copo de refrigerante irritado.
- É muita sutileza falar assim da sua irmã e por sinal irmã gêmea.
- Ela pode ser minha irmã, mas eu não pegaria se não fossemos irmãos e na boa, esse lance de vocês subiu no telhado – Ele bebe mais – Ela não tem nada a ver com você. Não é porque vocês dois perderam a virgindade juntos que precisam casar e ter a casa com cerca branca e um cachorro, sei que você namoram desde os 17, mas ela está chata como um chute no saco. – Sei que Gustavo ama a irmã, mas a mania dela de ser sempre o centro das atenções é totalmente diferente da personalidade do irmão. Ele surtou com a irmã quando ela enfiou na cabeça que precisava morar seis meses fora para que pudesse viver em outro lugar. Os seis meses se tornaram um ano e tirando as duas vezes que fui visita-la e o Natal passado que ela veio para casa, mantemos contato apenas por telefone.
- Eu gosto de estar com ela, Gabi é uma menina legal.
- Nossa que animação, ela é legal – Ele faz cara de nojo – Você é um cara que não deveria se contentar com a menina legal, a minha irmã é linda, gostosa, mas por mais que me doa falar isso ela mudou muito, sei lá, não é mais a mesma menina que convivia com a gente no passado – A bebida dele acaba e Gustavo está totalmente fora de si, quando uma garçonete passa perto dele, ele a puxa pelo braço com força demais, tento intervir mas não chego a tempo. Ele faz com que ela vire rápido demais e posso ver o momento que as canecas cheias de chopp viram sobre ela e vão para o chão. O som de vidro se quebrando ressoa pelo lugar.
- Merda!!! – A morena de cabelos ondulados esbraveja – Você tá pensando o que cara? – Imediatamente ela abaixa para pegar as canecas e me junto a ela.
- Foi mal – Gustavo fala com a voz embaralhada – Não fiz de propósito.
- Da próxima vez tome mais cuidado – Ela rebate sem olhar para cima – Você me ensopou de cerveja.
- Ele está muito louco – Falo colocando os cacos de vidro sobre a bandeja – Não fez por querer.
-Claro que não – Seu tom é debochado, quando olho diretamente para seu rosto me encanto com a sua beleza. Longos cabelos cacheados, lindos olhos castanhos e lábios grossos – Não precisa me ajudar.
- Tudo bem – Falo no mesmo instante que um garçom se aproxima de nós.
- Você se machucou Marcela? – Ele questiona puxando a bandeja de sua mão enquanto Marcela passa a mão pelo pequeno vestido preto e vermelho que usa. Suas pernas ficam incrivelmente longas com as meias até o joelho.
- Não, só tomei um banho de cerveja – Pela primeira vez ela olha diretamente para mim e percebo que ela me observa – Mantenha seu amigo sob controle, ok?
- Pode deixar – Falo encarando-a – Desculpe mesmo.
- Tá, sem problemas – Ela fala voltando para o balcão de bebidas. Quando olho para Gustavo ele já está no meio da pista dançando como um louco. Percebo que terei problemas para leva-lo para casa.
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Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2
RomanceMarcela é uma jovem que desde de pequena aprendeu a se virar sozinha, determinada ela busca viver a vida de uma forma que deixaria seu pai orgulhoso, ela sabe o que é ter que ralar duro para manter um teto sobre a cabeça. Ben é um rapaz prodígio qu...