** Ben**
Não acredito que eu consegui. Ela está sentada no banco da frente do meu carro e vamos comer alguma coisa, o frio na minha barriga me faz sentir como um adolescente novamente, será que é porque o meu último primeiro encontro foi com Gabi aos 16 anos? Os olhos de Marcela percorrem o interior do carro, sei que ele é impactante, geralmente todas as Mercedes são.
- Nunca andei em um carro automático – Ela fala olhando para o câmbio do carro – Você não sente falta de trocar de marcha?
- Não, você se acostuma fácil, é só acelerar e frear – Observo seus olhos aguçados.
- Você já chegou a quantos quilômetros por hora nesse carro?
- Cheguei a 160 km na estrada indo pra praia – Ela me olha surpresa.
- Nunca consegui andar a mais de 70km, o Branquelo parecia que iria se desintegrar. – Ela fala com tanto carinho do carro que fico imaginando qual o passado dos dois.
- Mas ele é importante pra você não é? – Pergunto e ela desvia o olho do meu e alguma coisa muda na sua feição.
- Foi o carro que o meu pai usou a vida toda, foi a única coisa que ele me deixou.
- E onde o carro está agora? Porque você estava saindo a pé do shopping.
- Ele está quebrado, deixei em uma oficina – Ela mantem o olhar pra fora – Para aqui – Marcela aponta para uma lanchonete – Eles tem a melhor batata frita que já comi e não é caro – A minha vontade é de dizer para ela parar de se preocupar com dinheiro, mas sei que seria presunçoso da minha parte, então apenas estaciono o carro.
A lanchonete é tranquila, com uma música dos anos 80 de fundo, quando passamos pela porta vejo que eles mantem fotos antigas nas paredes e sinto um clima acolhedor.
- M's – Uma senhora sai de trás do balcão e corre para abraçar Marcela – Quanto tempo minha linda, veja como você cresceu.
- Oi dona Kika, como a senhora está? – Sorrindo Marcela abraça a senhora franzina.
- Eu estou bem, só as dores de uma velha, nada de novidade – A senhora olha pra mim e depois volta seus olhos para Marcela e sorri ainda mais – Quem é esse jovem lindo?
- Um amigo.
- Jovens lindos como vocês dois não podem ser amigos – Kika se aproxima de mim – Veja que menino mais lindo, que olhos lindos meu filho.
- Obrigado.
- Kika, pare de ficar elogiando ele dessa forma, o garoto vai ficar se achando – Marcela ri e eu gosto de ver alegria voltar para seu rosto.
- Imagina, o que uma velha como eu poderia falar que ele com certeza já não tenha ouvido de dezenas de meninas bonitas.
- Kika!
- Tudo bem – A senhora abre espaço para que possamos ir para a parte das mesas – Posso trazer o seu pedido de sempre M's?
- Pode - Marcela fala animada sentando ao meu lado – Deixe-o olhar o cardápio – Ela me entrega o cardápio mas, por alguma razão meu pedido já está feito
- Quero o mesmo que você – Falo sem olhar os pratos.
- Tem certeza? – Ela me questiona.
- Tenho.
- Já volto – Kika se afasta entrando na cozinha.
- E se o lanche for alguma coisa que você não goste? – Ela me encara
- Eu sou fácil de agradar, como praticamente de tudo.
- Interessante – Sorrindo Marcela me observa – Se for alguma coisa nojenta?
- Você não iria comer alguma coisa nojenta.
- Você não me conhece Benjamin e se meu gosto para comida for péssimo e eu comer como aquelas pessoas estranhas que comem tudo sem gosto, sem tempero e natureba.
- Você comeu um lanche repleto de bacon e gordura da última vez que comemos juntos.
- Você me pegou.
- Peguei – Falo querendo que essa frase tivesse outra conotação. Cada vez que fico perto dela, mais eu tenho certeza da atração que sinto. Cada vez que conversamos mais a sua personalidade simples e alegre me cativa.
- Médico então hein? – Ela fala quebrando o silencio que se criou enquanto eu apenas fico observando seu rosto.
- Pois é.
- De onde surgiu a ideia de ser médico?
- Meu pai era médico, minha mãe é médica.
- Profissão da família então.
- Não tenho como negar, meus avós de parte de pai também eram médicos.
- E você já pensou em ser outra coisa? Tipo fotógrafo, ou mecânico, ou maquiador não sei.
- Maquiador? – Começo a rir sem parar – Eu tenho cara de maquiador?
- Não é isso, só estou dando opções, tipo você pensou em ser outra coisa sem ser médico?
- Não, sempre sonhei em ser médico – Por um segundo ela me encara pensativa.
- Mas é o que querem pra você ou o que você quer? Porque sei lá, quando se tem uma família assim acredito que eles tenham expectativas.
- Eu gosto de medicina – Apoio na mesa, de frente para ela – Na verdade eu amo medicina, amo aprender sobre o corpo humano, amo saber como poder curar as pessoas, amo a ideia de ser a pessoa que pode salvar uma vida.
- Caramba – Ela apoia do mesmo jeito e estamos tão próximos que posso sentir a sua respiração no meu nariz – Você vai ser um ótimo médico.
- Eu espero mesmo ser, estou estudando para isso. – Me aproximo mais dela, minha mão livre percorre o caminho da sua mão e quando passo meus dedos pelos seus percebo que ela respira fundo, isso me dá a certeza de que o meu toque mexe com ela. Coloco a minha mão sobre a sua e entrelaço nossos dedos. – Não te perguntei se a queimadura sarou por completo.
- Sim – A voz dela é baixa. Continuo fazendo desenhos irregulares em sua mão, começo a subir a mão pela parte interna do seu braço e todos os pelos se arrepiam.
- Você está com frio?
- Não – ela ofega – Nada frio, nenhum frio – Ela molha os lábios com a língua e estamos nos olhando tão profundamente que sinto meu coração disparar. Tudo o que quero é sentir o gosto dos seus lábios, poder sentir o corpo dela contra o meu. Aproximo-me mais olhando fixamente para ver se ela irá me rejeitar, mas o seu corpo inteiro me diz que ela quer a mesma coisa. Ela entreabre os lábios e novamente passa a ponta da língua sobre o lábio inferior, é uma tentação. Nossos narizes se encontram e estou mais próximo do que nunca de sua boca.
- Aqui está – Kika aparece com nossos pratos nos fazendo pular na cadeira, Marcela se afasta um pouco de mim e se volta para o lanche. Quando examino o prato começo a sorrir
- Bacon – Falo pegando o lanche.
- Pois é Ben, bacon, eu amo bacon.
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Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2
RomanceMarcela é uma jovem que desde de pequena aprendeu a se virar sozinha, determinada ela busca viver a vida de uma forma que deixaria seu pai orgulhoso, ela sabe o que é ter que ralar duro para manter um teto sobre a cabeça. Ben é um rapaz prodígio qu...