Capítulo 19

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** Ben**

Finalmente a semana acabou, estou exausto. Depois de aulas que duraram mais de 9 horas e o estudo para iniciar o meu estágio de internato me consome, só de pensar que irei me formar e poderei começar a especialização em pediatria, sinto meu corpo vibrar. Faz dez dias desde a última vez que encontrei com Marcela. Passo pela porta do shopping e ando em direção à cafeteria decidido a chama-la para sair. Entro e avisto apenas a outra atendente, sento-me à mesa e rapidamente ela se aproxima de mim.

- Ela está lá nos fundos conferindo o estoque – A loira fala antes mesmo de me entregar o cardápio – Meu nome é Laura a propósito.

- Prazer Laura – Sorrio pra ela.

- Ela é uma menina maravilhosa.

- Eu sei – Falo feliz ao saber que não sou o único a percebo isso.

- Mas ultimamente ela não está bem – Assim que Laura fala, paro de fingir que estou olhando o cardápio – Eu não sei o que aconteceu, mas ela não está bem.

- Como assim não está bem? Ela está doente?

- Não – Ela se aproxima de mim – Estou te falando isso porque vi como você olhou pra ela no outro dia, ninguém olha daquela forma se não se importa de verdade e ela não tem ninguém, apenas alguns adolescentes que moraram com ela na casa de acolhimento. – Percebo que não conheço nada sobre Marcela, ela viveu em uma casa de acolhimento? Quando me falou que havia perdido o pai cedo e não conhecia a mãe pensei que havia sido criada por outro familiar.

- Laura, ela é muito fechada eu não consigo me aproximar muito, mas eu quero o bem dela, quero conhece-la melhor – No mesmo instante Marcela aparece atrás do balcão e posso ver nitidamente sobre o que Laura se refere. Ela está visivelmente pálida, tem olheiras profundas. Quando nossos olhos se encontram não vejo a mesma energia que eu via antes, alguma coisa está errada. Levanto-me e vou em direção a ela que me olha avançar ao seu encontro.

- Oi Marcela – Falo apoiando no balcão.

- Oi Ben – Até a sua voz está baixa – Posso te servir alguma coisa?

- Quero uma água.

- Aqui – Ela fala me entregando a garrafa.

- Você não está muito bem.

- Não tenho dormido muito bem – Não sinto firmeza na sua voz.

- Está se sentindo mal? Precisa ir ao médico?

- Não, é preocupação com uma amiga que sumiu.

- Eu sinto muito, vocês já acionaram a polícia?

- Sim – Ela olha para trás procurando algo – É meio complicado, eles falam que não podem fazer nada.

- Eu sinto muito de verdade, se eu puder ajudar em alguma coisa basta me chamar. Você ainda tem o meu número não tem?

- Tenho, tenho sim – Quero gritar "então porque nunca me mandou sequer um oi", mas respiro fundo.

- Eu gostaria de ter o seu número – Ela me olha surpresa.

- Eu não tenho celular no momento, quando eu conseguir um novo te passo o número - Marcela está nitidamente envergonhada

- Não tem? O que aconteceu?

- Perdi o meu, vou comprar outro mês que vem.

- Hoje em dia não é seguro ficar sem celular, posso te ajudar, eu...

- Não quero – Ela fala antes que eu termine de falar que tenho um aparelho que não uso mais, que está guardado porque que troquei para um mais novo – Obrigada, mas não – Eu preciso voltar a trabalhar, bom te rever Ben, boa noite. – Ela se afasta de mim e novamente, as coisas foram para um rumo que não é o que eu quero. Fico a vendo desaparecer novamente na parte de trás do café.

- Não desiste – Laura fala atrás de mim – Iremos fechar daqui quarenta minutos, ela vai sair pela saída dos funcionários que fica na parte norte do Shopping. Eu tento dar carona, mas ela não aceita porque sabe que moro do outro lado da cidade.

- Porque ela não está de carro? – Questiono

- Ele também sumiu como o celular. 

Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora