Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2

Capítulo 9

** Marcela**

Lucas e Nicolas estão lindos de morrer na fantasia que arrumei para eles. Heitor me emprestou a dele e de um outro amigo que também trabalhou na festa. Quando ele foi me entregar as fantasias me beijou como se o mundo fosse acabar, me forcei a não deixa-lo subir no meu apartamento, afinal ele ainda é um estranho, mas eu estou amando nossos encontros, por mais que sejam rápidos.

Estamos esperando Beth sair do banheiro. Quando ela sai fico impressionada, simplesmente perfeita, os cabelos castanhos avermelhados contrastaram com o vestido preto e vermelho, as meias deixaram suas pernas mais longas e caramba, ela está sexy. Olho para Nicolas e de imediato vejo a sua irritação. Ciúmes é uma cadela Nicolas, penso. Olhar para esses três me traz boas recordações, eles já viviam no lar de acolhimento há alguns anos, quando cheguei foram importantes demais para mim, mesmo eu sendo mais velha alguns anos senti em meu coração que nunca mais poderíamos nos separar.

- Comportem-se – Grito assim que eles saem pela porta do meu carro indo em direção a festa – Quando quiserem ir embora só me mandem uma mensagem, estarei acordada apenas esperando vocês.

- Valeu Má – Eles falam em coro, Lucas volta para me beijar no rosto como o rapaz meigo que é e corre para a porta da festa. Respiro e rezo a Deus que eles não se metam em nenhuma confusão, confiro se meu celular está no volume máximo e com bateria, para garantir que caso precisem eu esteja de volta.

Meu apartamento é longe da festa, o bairro é próximo a um condomínio fechado, um dos mais caros e imponentes de toda a cidade. Decido me manter perto. Tentei combinar com Heitor algo para fazermos enquanto espero os meninos, mas ele não pode, está fazendo bico de barman em um bar fora da cidade, mesmo depois dele ter desmarcado nosso cinema e remarcado para a semana que vem não me senti chateada, estávamos conversando todos os dias e a nossa compatibilidade é impressionante, me sinto bem ao falar com ele. Heitor está se tornando uma boa surpresa na minha vida.

Logo que saio do bairro da festa, passo pela entrada do condomínio fechado, pego a avenida principal, aumento o volume do rádio e me delicio com a música, amor pelas músicas dos anos 80/90 foi mais uma herança do meu pai, enquanto The Cranberries estala nos autofalantes, a música Zombie me leva ao passado, quando assistimos filmes antigos como Caça Fantasmas e Buff a caça vampiros. Decido procurar uma lanchonete e comer alguma coisa para esperar os meninos, planejo ficar em algum estacionamento enquanto assisto alguma coisa no meu celular.

Ouço um barulho estranho, o carro começa a tremer e amaldiçoo cada ser vivo na face da terra que não inventou um pneu a prova de furos, rasgos ou qualquer merda que os faça não servir para nada. Encosto o carro, respiro profundamente antes de surtar, desço e vejo o pneu esquerdo de trás no chão.

- Porra Branquelo! – Esbravejo para o carro – Você tá me ferrando cara, tá de brincadeira com a minha cara, só pode. – Sem esperar a resposta que nunca iria receber, pego o estepe do carro, o macaco e me preparo para trocar o pneu. Olho para o céu e agradeço ao meu pai por ter me ensinado a trocar um pneu as 13 anos, foi mais um dos treinamentos que ele me deu, de como sobreviver sozinha na vida. Quem pensa que trocar um pneu é difícil, está enganado é fácil, se você tem força no braço para conseguir soltar o inferno das arruelas, ou seja, lá como for o nome da porcaria que prende o pneu na roda. Mas o rapaz da borracharia fez um bom serviço ao apertar como se a alma da sua mãe dependesse disso, afinal ele precisava manter o pneu preso, mas nunca pensou que eu precisaria ir até o inferno e vender a alma para o capeta em pessoa para conseguir força suficiente.

Um carro passa rápido por mim e ouço gritos ao longe, tenho certeza que não são promessas de respeito eterno. Levanto e olho a diante, mostro o dedo do meio e os mando para o inferno. Mais cinco minutos, consigo soltar apenas um parafuso e minhas mãos estão vermelhas e doloridas.