Capítulo 37

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**Ben**

Uma semana, uma semana que Marcela terminou comigo, é o primeiro dia de internato e minha mãe sabe disso. Desço as escadas e vou em direção a cozinha, como sempre ela está sentada lendo o jornal.

- Bom dia – Falo pegando minha caneca das mãos de Cida.

- Hoje é primeiro dia do internato? – Minha mãe pergunta

- Sim – Respondo tomando forças para falar que me mudo em dois dias.

- Posso te fazer uma pergunta Benjamin – Ela coloca o jornal sobre a mesa.

- O que foi?

- Porque tem um valor de 15 mil no seu cartão de crédito referente a um atendimento hospitalar e tratamento? - Ah merda! - Você tem convenio.

- Não foi pra mim.

- Isso eu tenho certeza, o ponto é, pra quem foi?

- A filha de uma amiga estava doente e precisava de um atendimento de emergência.

- E ela não tem convenio?

- Pergunta meio redundante mãe, se ela tivesse é claro que teria usado.

- Fico me perguntando que tipo de amiga é essa que não tem convenio para a própria filha – Meu sangue ferve, minha mãe e sua mania e julgar as pessoas.

- É tipo de mãe que rala pra criar a filha sozinha, que o pai não ajuda em nada e tem um emprego que não paga o suficiente, é esse tipo mãe. Como muitas mães no mundo.

- Muitas sim, mas não as que convivem com você.

- Olha mãe – Me levanto da mesa – Isso não é da sua conta, afinal você não faz questão de conhecer quem convive comigo, ou até mesmo me conhecer de verdade. Esse valor não impacta em nada nossa vida, nem sei por que você fica olhando a fatura do meu cartão para saber com que eu gasto, tudo é debitado direto da minha conta, da conta onde eu tenho a herança dos meus avós.

- Eu me preocupo que você esteja gastando com coisas que não são boas pra você. Só me preocupo se as pessoas não estão te usando Benjamin, você tem o coração bom meu filho, as pessoas podem se aproveitar disso.

- Eu não sou idiota – Esbravejo.

- Eu não disse isso Ben.

- Mas insinuou, e quer saber de uma coisa eu já vou falar o que eu tenho pra te falar, assim ficamos entendidos daqui pra frente. Eu vou me mudar.

- Como é? – Ela me olha surpresa.

- Eu vou me mudar para o apartamento que meu avô me deixou, saio daqui a dois dias.

- Eu não estou entendo o porquê disso Benjamin.

- Simples mãe – Falo me aproximando dela – Eu preciso viver a minha vida sem a sua projeção perfeita, da sua mania de querer me controlar. Eu só quero fazer as minhas escolhas.

- E você não pode fazer as suas escolhas morando aqui?

- Não mãe. Eu realmente não posso. – Percebo que ela está chateada, mas diferente do que imaginei, ela não surtou, gritou ou fez um escândalo.

- Se é isso que você quer Ben, tudo bem. Vou pedir pra Cida arrumar as suas coisas. Eu só quero que você seja feliz meu filho. Sinto muito que eu tenha colocado tanta pressão sobre você.

- Obrigada mãe – Falo me afastando da cozinha, olho para Cida e seus olhos estão vermelhos, provavelmente sentirei falta do convívio com ela.

Entre o medo e as estrelas - Série Perfeição Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora