Grávida, 3+. Foi o que apareceu no visor digital.
Comecei a chorar desesperadamente, e senti meu ar faltar. Apoiei-me na parede praticamente sem forças. Eu estava grávida. Tinha um bebê crescendo dentro de mim. Minha mãe ia me matar. Como pude ser tão estúpida? Eu soluçava muito.
Eu estava com as ideias da cabeça, todas bagunçadas. A única palavra que passava pela minha mente era: gravidez. Eu estava em choque e só conseguia chorar. Saí da farmácia e fui andando sem rumo pelas ruas. Não tinha nem lágrimas mais que saíssem, eu não consegui acreditar. O que o Bernardo acharia disso? Eu não queria nem imaginar sua reação.
Por um caminho bem estranho, cheguei à frente da minha casa e entrei. Fui até o meu banheiro e me joguei debaixo da água fria. Aí me entreguei ao choro e ao medo que me consumiam, chegava a engasgar. O Bernardo estaria de volta só daqui dez dias e eu não queria ligar pra dizer. Mas ao mesmo tempo aquilo me sufocava.
Saí do chuveiro e coloquei um vestido. Fiquei me olhando no espelho e eu continuava magra igual. Não havia notado nada de diferente no meu corpo, exceto pelos meus seios estarem bem maiores, mas que sempre acontecia comigo na TPM.
Por algum motivo passei a sentir que havia algo. Prendi meu cabelo em um coque e fiquei deitada na cama.
Meu celular tocou e era o Bernardo.
- Alô? – atendi enxugando as lágrimas
- Estava chorando? – perguntou
- Não, estou com alergia – disse
- Não mente pra mim, o que foi? – ele perguntou
- Amor... Quando você volta? – perguntei sentindo meu coração pequeno
- Semana que vem. Está acabando – ele disse e eu comecei a chorar baixinho – Ok, Ma. O que aconteceu? Me diz! – disse ele
- Nada – disse e escutei uma voz feminina perto do telefone – Quem está aí? – perguntei
- A Bianca, espera – ele disse e falou alguma coisa fora do telefone – Pronto – ele disse
- Sinto sua falta – sussurrei
- Ma, me diz o que está acontecendo. Estou ficando preocupado. Você está doente de novo? – ele perguntou
- Alergia, estava fazendo faxina – disse com um nó na garganta – Nada demais – completei engolindo o choro
- Mesmo? – ele perguntou
- Mesmo – disse. Ficamos conversando um pouco, mas eu estava tão aérea que logo desliguei. Será que o Bernardo continuaria me amando? Uma namorada grávida? Odiei-me por dentro por ter esses pensamentos. Claro que ele me amaria, era nosso filho!
Como estava perto da minha mãe chegar, tentei parecer estar bem pelo menos até o jantar. Comi super pouco e fui dormir. Havia algumas chamadas da Catarina. Mas não retornei. Apenas me cobri e depois de chorar muito dormi.
Acordei eram quase três da manhã, estava tendo um sonho estranho. Eu e Bernardo estávamos em um parque com um bebê gordinho e loiro, nos braços. E ele a tratava com tanto amor, tanto carinho...
Eu me sentia péssima, não fisicamente, mas por dentro. Era uma angustia, um medo horrível. Em um ano, eu já não era mais a menininha que eu cheguei. Por um segundo meus pensamentos voaram pra distante. O que meus amigos de São Paulo pensariam? O que minha família pensaria? Que decepção eu seria na vida da minha mãe... Meu Deus.
Coloquei minha mão na minha barriga e comecei alisar. Fiquei toda arrepiada e o único sentimento que veio foi de... Amor. Eu não queria um filho naquele momento mas ele já estava ali, já estava dentro de mim, eu não podia rejeitá-lo. Comecei a chorar.
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Ninguém além de você
RomanceMarcela Cardoso é uma garota de 17 anos que foi criada desde que nasceu pela mãe, Jaqueline, e pelos avós maternos, já que fora abandonada ainda quando no ventre de sua mãe, pelo pai, o qual nem chegou a conhecer. Paulistana de carteirinha, sua vid...