CAPÍTULO 10

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- O que você tem? – o Rafael perguntou

- Sensação ruim – disse

- Por quê? – me olhou

- Acho que as coisas com o Bernardo não serão mais as mesmas – disse – Eu estou com medo de que nos afastemos... Eu só não quero perdê-lo – disse e o Rafael sorriu. Não acreditava que estava tendo esse tipo de conversa com ele. O professor o colocou pra ser minha dupla em todas as aulas de química.

- Não vai perdê-lo – ele disse

- Eu sei que vou. Pode ser que aos poucos, mas vou sim – disse sentindo meu olho cheio de lágrima

- Vamos mudar de assunto? Não vou deixar você chorar comigo – ele disse enxugando uma lágrima que caiu

- Ok, podemos começar pelo trabalho – disse

- Mãos à obra então – disse ele parecendo animado e eu ri do seu jeitinho. Assim que o sinal pro intervalo tocou, peguei meu dinheiro e a Ana estava me esperando.

- Ótima dupla – ela disse e eu revirei os olhos

- Você também, Ana? – a olhei

- Não fiz nada – fez cara de inocente e eu ri. Fomos até a cantina, compramos um lanche e sentamos numa mesa. Logo a Ca, o Guilherme, o Matt, o Bernardo e a Fernanda se aproximaram e sentaram com a gente. Não havia falado com o Bernardo ainda, ele se sentou ao meu lado e deu um beijo suave em mim.

- Como você está? – perguntei

- Bem e você? – perguntou

- Bem – disse

- Mesmo? – perguntou e eu assenti. A Fernanda estava quieta, não comia, não falava, nem ao menos me irritava. Ela estava mais branca que o comum, sem nenhuma maquiagem, com o cabelo todo preso, e com roupas mais casuais, o que não era de seu feitio. Ela sempre era notada por tudo o que usava. Senti dó, muita dó de vê-la assim. E se eu não soubesse que ela é realmente arrogante quando se trata de mim, diria o quanto eu sinto.

- Gente, prestem atenção, sábado queria fazer um churrasco, o que acham? – a Ca sorriu animada

- Acho ótima ideia, na sua casa? – o Matt perguntou e ela assentiu

- Eu topo – disse e o Bernardo sorriu

- Se é assim também topo! – ele disse

- Eu também vou – a Ana disse

- O Guilherme nem precisa dizer – o Matt disse e todos riram

- Você também Nanda – a Ca disse

- Talvez eu apareça, Ca – ela disse... Educada? Meu Deus!

- Espero que vá. Às oito e meia – ela sorriu

- Estaremos lá – Ana sorriu

- Eu vou tomar um ar – a Fernanda se levantou e foi em direção ao jardim. Olhei para o Bernardo e já sabia o que ele queria dizer. Apenas assenti e ele foi atrás dela.

Fernanda narrando:

Eu não sei que dia é hoje, eu não sei que horas são, aliás... eu não sei nem quem eu sou. Como dói, meu Deus! Era pra diminuir a cada segundo, mas só aumenta. É um vazio tão grande, e eu realmente preferi vir pra escola a ficar em casa vendo suas fotos, suas roupas, seu perfume...

Talvez eu devesse pegar algumas fotos antigas, desde o início, pra lembrar como eu era feliz. Mas será que eu quero lembrar? Lembrar de como era ser feliz, de como era amar e ser amada? Porque felicidade é isso não é? Amar e ser amado? Eu tive isso, em tempos, e parece que foi a tanto tempo que eu não sou capaz de trazer de volta essa memória perdida. A sensação é de fazer parte de algo já não me pertence mais... eu perdi todos. Meu pai, perdi de corpo e alma, e muitos dos meus amigos eu também perdi e sei disso.

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora