CAPÍTULO 20

972 28 0
                                    

Bernardo narrando:

Eu fiquei praticamente sem reação quando a Marcela saiu correndo, como se fugisse de mim. Liguei no seu celular e só dava caixa postal. Então preferi a dar um tempo e descansar, porque pelo visto, teríamos uma longa conversa pela frente.

Depois que almocei praticamente desmaiei na cama de cansaço. Acordei com uma dor de cabeça horrível, tomei um banho rápido e me lembrei de imediato que a Marcela não estava bem. Peguei meu celular e mandei mensagem pra ela:

-Sua mãe está aí?

-Não, pq?!

Peguei as chaves do carro e assim que cheguei toquei a campainha e ela veio me atender. Estava muito pálida, e com os olhos bem vermelhos. Ela me olhou assustada.

- Oi...

- Oi, aconteceu alguma coisa? – ela perguntou

- Não sei, me responda você! – disse e ela fez uma expressão de choro – Vem cá! – a abracei e ela começou a chorar – O que está acontecendo? É seu pai? – perguntei e ela negou – É sua mãe? – perguntei e ela negou – Sou eu? – perguntei e ela negou

- Sou eu... – ela sussurrou e eu a levei pra dentro da casa dela – Marcela, olha pra mim – disse e ela olhou chorando – Seja o que foi eu vou entender! – disse e ela fez uma expressão estranha.

- Ai – ela segurou a barriga e sentou na cama – Não agüento mais! – ela sussurrou e me pareceu diferente

- Ma, olha aqui – disse e ela olhou – Aconteceu alguma coisa nas férias? – perguntei e ela assentiu – Fica calma e me conta o que aconteceu, eu to aqui - disse e ela foi tentando se acalmar.

Marcela narrando:

Eu estava travada por dentro. Não sabia qual reação ter. Só o olhava e sentia minhas lágrimas caírem numa velocidade absurda. Tudo ficava ecoando na minha cabeça e a cada palavra sentia uma dor aguda dentro de mim. Ele me amaria do mesmo jeito? Cada palavra dele era como se eu tomasse uma surra, e ia ficando mais fraca.

Comecei a sentir ânsias fortíssimas e pontadas na barriga. Eu queria muito responder, mas minha única reação foi sair correndo pro banheiro e vomitar muito. Eu vomitava e chorava de uma maneira que eu não havia estado desde que descobri que estava grávida.

Surpreendi-me quando o vi me observando no canto da porta, apreensivo. Dei descarga, me apoiei na pia, e o olhei através do espelho. Fechei os olhos sentindo as lágrimas caírem e comece a escovar os dentes enquanto sentia que morreria se ele me deixasse. Mas me recompus, entrei no quarto e ele se virou pra me olhar. Respirei fundo.

- O que você tem, Marcela? – ele perguntou firme e eu peguei minha bolsa. Desde que eu havia descoberto a gravidez, eu fazia um teste por dia pra ver se minha ficha caía. Eu tinha vários testes, de todos os tipos, mas aquele que aparece o grávida ainda estava aparecendo no visor, ele entenderia melhor. Assim que o encontrei, respirei fundo e o entreguei – O que é isso? – ele perguntou olhando atentamente o exame. Eu não disse uma palavra, eu queria que ele entendesse me dissesse. Eu não sei quanto tempo ele ficou olhando o teste escrito: Grávida, 3+, mas quando ele finalmente entendeu, ele finalmente conseguiu me olhar.

- Você está grávida? – ele sussurrou e algumas lágrimas salpicaram por seu rosto

- Sim – disse em meio a lágrimas. As lágrimas no rosto dele caíam sem esforço, e ele me olhava com um brilho aparente.

- Jura? – gaguejou e eu assenti – Não brinca comigo, pelo amor de Deus! – ele disse me olhando – Jura? – ele perguntou com os olhos marejados

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora