CAPÍTULO 22

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- Rafael? – perguntei recuperando o fôlego – O que faz aqui agora?

- Estou atrapalhando vocês? Desculpa – ele disse meio sem graça – Vim pegar umas coisas no meu apartamento... Estou indo já! Só resolvi te dar um oi e dizer que estou na cidade por uns quinze dias – ele disse

- Pensei que ficaria um tempo lá antes de retornar – disse

- Meu pai teve uma crise antes de ontem, teve uma recaída, digamos... Eu precisava vir ver ele e cuidar também. Acho que já sofri demais perdendo a minha mãe, enquanto eu puder vou cuidar do meu pai, nem que eu tenha que vir de Londres pra cá de última hora – ele disse e eu achei bondoso da parte dele. Eu devia agir da mesma forma com meu pai, e confesso estar sendo uma filha mais do que relaxada.

- Mas ele está bem agora? – perguntei

- Está no hospital... Minha madrasta está com ele! E eu estou num hotel – ele disse

- Ué, porque não ficou aqui no seu apartamento? – perguntei estranhando

- Porque não... Um hotel seria melhor! Eu só vim te ver mesmo, saber como o bebê está, ver a Júlinha... Posso se não for atrapalhar? – ele perguntou e eu dei espaço pra ele entrar.

- Ma, quem... – o Bernardo ia perguntando e quando viu o Rafael ficou meio pálido, mas logo mudou sua expressão para ciúme e raiva – Rafael!

- Bernardo! – ele disse da mesma forma

- Ele veio porque o pai dele passou mal... – expliquei rapidamente

- E seu pai está aqui na minha casa, por algum acaso? – o Bernardo foi grosseiro. O Rafael olhou pro lado dando um sorriso meio nervoso.

- Bernardo, eu sinceramente não vou me importar com o que você fala! – ele disse e eu fiquei olhando pros dois sem reação. Já estavam discutindo...

- Bom, ele resolveu passar aqui pra ver a Júlia! Só isso – disse e o Bernardo me olhou

- Ela está dormindo! – ele disse sério                   

- Mas ele só vai ver, Bernardo! – disse o olhando com reprovação

- Não tem problema Ma, eu vou indo! – o Rafael disse e eu o olhei

- Mas...

- Sério, não quero causar nenhuma discussão entre vocês. Na verdade nem estou com cabeça pra isso! Se der eu venho durante esses dias que vou estar aqui – ele disse e eu assenti abrindo a porta – Boa noite – ele disse me abraçando rapidamente

- Boa noite, Rafa – disse e ele foi. Fechei a porta e o Bernardo estava bebendo um copo de água – Acha lindo o que você fez né? – o olhei

- Marcela, vou falar só uma coisa ta? Você acha maravilhoso o Rafael vir aqui ver a NOSSA filha né? Mas odiaria caso eu resolvesse trazer a Fernanda pra vê-la. Sabe esse ódio que você sentiria? Essa coisa ruim? É o mesmo que eu sinto – ele disse aborrecido

- A Fernanda quer o mal da Júlia, o Rafael não – argumentei

- Ok, então amanhã você liga pro Rafael, marca um almoço pra ele aqui em casa, e deixa a Júlia com ele o tempo que quiser. Só peça pra ele ir embora antes que eu chegar – ele foi pro quarto e eu fiquei na cozinha. Não queria discutir com ele, e parte de mim entendia o que ele sentia em relação ao Rafael. Mas como simplesmente falar: “Não! Você não vai ver minha filha, porque o Bernardo se sente mal com a sua presença”?. Era difícil vendo por esse lado também.

Fiz um suco de laranja, e sanduíches bem recheados. Levei pro nosso quarto e ele estava deitado na cama, com as luzes apagadas, e de olhos fechados.

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora