CAPÍTULO 6

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- Marcela, abre a porta! – ele disse tentando abrir, mas eu não queria responder. Estava encolhida no chão, encostada na cama. Minha cabeça estava confusa e eu só conseguia pensar que eu nunca seria boa o suficiente pra ele. Ele pode ter sofrido quando eu estava no hospital, mas a partir do momento em que eu voltei, ele voltou a não se importar. Fechei os olhos e peguei no sono de tanto chorar, e só acordei com a porta abrindo. Era ele! Quando me viu, veio correndo até mim.

- Ei... – ele enxugou meu rosto

- Vai embora! – disse baixinho

- Para Ma... Não foi nada daquilo que ela disse – disse ele enchendo meu rosto de beijos

- Sua mala está ali, quero um tempo, Bernardo! Eu sinto minha cabeça mais confusa que o normal desde que voltei do coma, sinto que preciso de espaço – disse me sentando e ele olhou sua mala feita ao lado da porta. Voltou a me olhar como se seu coração estivesse pequeno.

- Ma... Para com isso! – ele disse sentando na cama e me envolvendo em seu colo enquanto eu chorava – Aquele dia em que saí com a Júlia pra você descansar, eu fui ao shopping. A Paula me viu e veio falar comigo, mas foi só isso! Só isso! Não teve nada além. Ela até tentou pegar a Júlia, mas ela chorou muito. Não teve mais nada – ele disse avaliando minha reação – Ela deve ter falado que ficamos juntos pra Fernanda, porque ela sabia que a Nanda viria falar algo – ele disse mexendo no meu cabelo e as lágrimas caíam lentamente – Para de chorar, amor...

- Eu queria te tirar daqui aos gritos... Mas não consigo! – disse enxugando o rosto e ele me deitou na cama, se deitando em cima de mim.

- Eu amo você Marcela, jamais te magoaria. Quando ela voltou eu te disse que não sentia nada por ela. Continuo com o mesmo sentimento. Eu só amo a você. Você é minha esposa – ele disse enchendo meu rosto de beijos e eu fechei os olhos.

- Eu quero ela longe... – sussurrei

- Prometo amor, ela nunca mais vai se aproximar – ele disse

- E dessa vez sou eu quem vai resolver isso. Quem vai pôr um ponto final nisso sou eu – disse e ele franziu o cenho

- Só não faz besteira – ele disse beijando minha testa e eu assenti fechando os olhos. Escutamos um choro de bebê e ambos olhamos para o lado. A Júlia estava nos olhando enquanto chorava e eu sorri. Eu a peguei no colo, dando de mamar – Posso desfazer minhas malas? – ele sorriu e eu assenti sem o olhar.

A Júlia não dormiu mais, então ficamos os dois brincando com ela na cama. Tentei sorrir, tentei parecer normal, mas era a verdade é que as coisas não passavam com tanta facilidade pra mim, e eu estava cansada de ficar mascarando meus reais sentimentos o tempo todo.

- Ainda está triste... – ele disse me olhando

- Sim, estou... – sussurrei o olhando – Vou a fazer dormir, depois volto – disse pegando a Júlia no colo e indo pro quarto dela. Troquei a frauda dela, coloquei uma roupinha confortável pra ela dormir, e sentei na poltrona pra dar de mamar novamente. Aos poucos ela fechou os olhos e entrou em um sono profundo. Coloquei no berço e voltei pro meu quarto. Eu escutava o barulho do chuveiro no quarto, então senti que precisava fazer uma coisa.

Fui até o quarto que seria da minha mãe e fechei a porta. Abri seu armário, e estava vazio. Respirei fundo e olhei o porta-retrato com a nossa foto que ainda estava na mesa de cabeceira. Meu Deus... Queria tanto seus conselhos, seu amor, seu colo, carinho... E mesmo antes que pudesse impedir as lágrimas já desciam. A verdade é que vai doer pra sempre.

Viver em um mundo onde não tenho os braços dela para chorar era difícil demais. E eu sei que haviam muitas pessoas que se importavam comigo, ninguém jamais vai se importar como minha mãe se importava. Dói tanto conviver todos os dias sem tê-la. É quase insuportável. Estava cada dia mais se tornando impossível.

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora