Ninguém além de você

CAPÍTULO 22

- O Bernardo teve toda essa delicadeza em comprar essa corrente perfeita? – a Ca pegou a corrente e ficou babando

- Teve – disse a olhando – Ele está se esforçando muito, mas eu sei que ele não está totalmente realizado com a notícia. Eu acho que ele sofre muito, e está como uma barata no meio do tiroteio – disse

- Ah amiga, é uma coisa que ninguém espera, mas ele vai superar. Você está superando e aceitando, e está engordando – ela sorriu – Sério, está mais redondinha

- Tem short que não entra mais. Eu tenho médico na terça, pra ver tudo certinho, e queria tanto que minha mãe fosse comigo... – disse – Ela não fala comigo, o silêncio dela está me doendo mais se ela estivesse gritando. Ela não olha pra mim, não conversamos nem o necessário. E mesmo ela estando chateada pela minha gravidez, eu também estou muito triste pelo que ela me disse. Mesmo assim, amor de mãe muda tudo né? Faz a gente suportar até o insuportável – disse e ela me abraçou

- Você já conversou com a minha tia? – ela perguntou e eu neguei. Desde o dia em que o Bernardo chegou de viagem, não vejo a Miranda. Não cheguei nem a conversar com ela sobre a gravidez – Ela estava muito brava, mas ela pergunta como você está todos os dias, ela se importa.

- No fundo acho que minha mãe também se importa e que essa raiva toda é mais em relação a ela do que a mim. Eu só preciso de tranquilidade – disse. A Ca passou a tarde toda comigo, mas minha cabeça estava e quando começou a escurecer ela foi embora pra casa dela e eu fui tomar um banho.

Achei super estranho o Bernardo não dar sinal de vida o dia todo, vai ver ele estava ocupado. Acabei pegando no sono e acordei somente bem a noite quando escutei o carro da minha mãe chegar. Minha cabeça estava melhor, fui tomar um banho, e não me lembro quanto tempo eu fiquei lá de baixo, me troquei e fui na cozinha fazer um lanche.

Estava comendo quando minha mãe chegou e sentou na mesa ao meu lado.

- O que você pretende fazer? – ela perguntou e eu a olhei

- Eu não sei... – sussurrei. Eu realmente não sabia

- Não sabe? – ela franziu o cenho – Deveria saber, em poucos meses você vai colocar um bebê no mundo.

- EU NÃO SEI – gritei antes que eu pudesse me dar conta de que estava gritando – Mãe, eu estou lidando com um dia de cada vez. Eu já entendi que pra você eu sempre fui um erro de percurso, mãe. E você esperou eu estar no pior momento da minha vida pra jogar as coisas na minha cara – disse mais baixo – Você quer que eu coloque as cartas na mesa? Pois bem. Eu tive culpa em estar grávida? Sim. Fui estúpida? Fui. Mas quem é você pra me julgar? Que você queira saber o que eu vou fazer porque não vai sustentar ninguém? Ok, eu entendo. É um direito seu isso! Vou dar um jeito. Um jeito que você não teve como dar porque sim, quando você foi estúpida em engravidar de mim, era a minha avó Lúcia que me sustentava. Mas quem sou eu não é? Devo ser uma pessoa muito ruim – comecei a chorar e ela também – As histórias estão apenas se repetindo dona Jaqueline, e se você não é capaz de entender, ninguém mais é – disse me levantando e colocando o prato na pia – Não se preocupa comigo, tá? Eu vou dar um jeito de me virar – disse indo pro quarto. Fechei a porta e chorei mais ainda. Aliás, a única coisa que eu tinha feito bem até agora era chorar.

Troquei de roupa e deitei, estava prestes a tomar a decisão mais dolorosa da minha vida, mas pra isso eu não queria depender de nenhum dos meus amigos, muito menos do Bernardo. A decisão que eu estava prestes a tomar, mudaria muita coisa. Depois de pensar muito, acabei caindo em um sono pesado rapidamente.

********

- Oi minha querida – a Miranda disse enquanto eu abria o portão. Ela iria na minha primeira consulta junto com o Bernardo. Diferente da minha mãe, ela estava apoiando, mesmo nos achando estupidamente irresponsáveis.