CAPÍTULO 2

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Narração da Marcela:

Haviam me liberado para o quarto depois de uma bateria de exames, e eu estava bem. Sentia-me dolorida e angustiada. Eu precisava muito ver minha filha, só então ficaria bem. Estava muito preocupada, ela tinha nascido prematura e isso não é nada bom para um bebê.

Como eu havia tomado um remédio pra dor, eu estava meio molenga. Eu não me lembrava de muitas coisas depois do acidente, lembrava que eu havia capotado no carro com a Maria, apenas. Depois, não me lembro de absolutamente nada.

Acabei pegando no sono mesmo contra minha vontade e acordei com alguém beijando meu rosto todo. Abri os olhos e o Bernardo estava lá. Meus olhos, assim como os dele encheram-se de lágrimas. Pensei que nunca mais chegaria a ver aqueles olhos azuis, aquele sorriso... Pensei que nunca mais o veria.

- Amor... – ele disse alisando meu rosto com cuidado – Como você está?

- Fraca... Mas estou bem. Pensei que não te veria nunca mais – disse sentindo meus olhos queimarem e ele sorriu

- Eu fui do céu ao inferno esses meses, Marcela – ele disse e eu arregalei os olhos. Eu havia ficado apagada quanto tempo? Eu havia perdido os primeiros meses de vida da minha filha... Eu havia estado longe. – Ei... Está tudo bem – ele alisou meu rosto

- Eu estou confusa Be... – sussurrei – Cadê nossa filha? – perguntei me sentindo angustiada

- Ela está bem, ela está em casa com a minha mãe agora – ele disse

- Quanto tempo eu fiquei apagada?

- Dois meses...

- E você tem cuidado dela sozinho? – perguntei sentindo um nó na garganta

- Sozinho seria egoísmo da minha parte... Todos tem me ajudado muito – ele sorriu – Ela está bem, e mais tarde eu vou trazê-la, mas eu quero que você fique calma!

- Eu quero muito ver ela... – sussurrei

- Mais tarde eu juro que trago ela, ela teve uma noite ruim e consegui fazê-la dormir um pouco antes de vir! Já já ela vai estar descansada e mais amigável pra conhecer a mamãe dela acordada, eu prometo – ele disse com um tom protetor que eu ainda não conhecia. Ao mesmo tempo que eu estava muito feliz de ter acordado, eu estava muito confusa e com medo, as memórias não estavam fazendo muito sentido na minha cabeça, e eu só conseguia sentir uma necessidade muito grande em ver ela, pegá-la no colo e sentir seu cheirinho.

- Promete?

- Com toda certeza do mundo, amor – ele me deu um selinho – Devia ter me contado sobre a complicação na gestação! – disse ele alisando seu nariz ao meu

- Prometo nunca mais esconder nada de você – disse

- Nosso pesadelo acabou – ele disse e eu o olhei – a Maria morreu! – disse e na hora me lembrei do Rafael. Meu Deus! O Rafa...

- Cadê o Rafael? – perguntei sentindo que ia chorar

- Ele está bem, Ma... – ele disse alisando meu rosto

- Eu me sinto tão culpada – disse chorando

- Calma Ma... Ele está bem agora – disse enxugando o rosto.

- Mesmo assim, era pra eu estar no lugar dele...

Quando ele ia falar, abriram a porta. Era meu pai e minha irmã, meu Deus, como eu senti saudades deles! Senti meus olhos encherem de lágrima na mesma hora, e abraça-los depois de tudo me preenchia de alguma forma.

Bernardo me deixou com eles e disse que voltaria para casa para trazer a Júlia, eu mal podia esperar para isso, pra este momento! Meu pai parecia ter envelhecido mais, e segundo ele foi de preocupação, o que eu acho que era verdade. Eu estava muito feliz em estar de volta.

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora