CAPÍTULO 18

1.6K 20 0
                                    

Olhei na porta e o Bernardo parecia fora de si. Não esperava que ele chegaria agora, mas confesso que na minha situação foi um alívio. Ele entrou, olhou bem as duas, e elas olhavam fixamente pra ele.

- Amigos normais, Fernanda? – ele se aproximou muito irritado – Eu juro que se você encostar um dedo nela, eu mesmo terei o prazer de te matar! – ele disse a empurrando na parede e eu tentava recuperar o fôlego, mas estava difícil.

- Bernardo, larga ela... Me ajuda aqui – disse pressionando minha barriga com dor e ele me olhou

- Olha quem encontrei sozinha no quarto! – a Paula apareceu com a Júlia no colo – Era pra eu ser sua mãe, sabia, boneca? – ela beijava o rosto da Júlia.

- LARGA MINHA FILHA OU EU MESMA ACABO COM VOCÊ!!! – gritei e senti mais dores ainda

- Ma, calma! – o Bernardo se aproximou da Paula e pegou a Júlia que estava assustada com tantos gritos e pancadas. Ele a colocou no carrinho e olhou pra Fernanda.

- O que é isso, Marcela? Pra que tanta violência? – ela perguntou parecendo ofendida – Não vai querer fazer uma cena aqui, na frente do Bernardo – ela o olhou sorrindo – Nem fizemos nada com sua filha, só a mimamos...

- Você pode me bater o quanto quiser, mas quando se trata da minha filha não é uma "cena"... É um musical da Bradley! – disse me levantando com raiva e a empurrando pelo pescoço. Eu juro que não sei de aonde surgiu tanta força, só sei que quando me dei conta, ela estava ficando pálida, por eu a enforcar muito forte.

- Você está matando ela, Larga! – a Fernanda disse e o Bernardo a olhou

- Cala a boca Fernanda, você não se importa! Aliás, você não se importa com ninguém a não ser consigo mesmo! – ele disse

- Mas você devia se importar, olha o sangue na Marcela, idiota! – ela disse e eu olhei minhas pernas. O sangue estava escorrendo e quando percebi isso senti toda a adrenalina passar e eu cair sentada no sofá.

- Marcela! – o Bernardo correu até mim

- Meu bebê... – sussurrei com dores horríveis

- Que bebê? – ele parecia confuso

- Pergunte depois, apenas me leve pro hospital! – disse baixinho e ele assentiu. As duas haviam simplesmente sumido do apartamento.

- Consegue andar? Tem a Júlia! – ele disse e eu assenti. Ele pegou a Júlia e me ajudava a andar, chegamos no estacionamento e eu chorava de dor e de medo e perder meu filho. Como assim? Eu mal o senti dentro de mim e ele já estava morrendo? Chegamos no hospital na área da emergência. Me levaram pra dentro, e me fizeram muitos exames, e me deram um remédio pra dor.

Narração do Bernardo:

Eu estava lá fora com a Júlia sentindo minha cabeça rodar. Bebê? Que bebê? Era um universos paralelo ao meu. Eu via pessoas, ouvia, mas não entendia nada. Só conseguia pensar que mais nova meses viriam... Mais um filho, ou filha... E claro, mesmo que seja uma coisa rica ter um filho, DOIS, em um período tão curto de tempo pra mim era demais.

Fiquei lá por cerca de uma hora, e me chamaram pra conversar:

- O que sua esposa teve não foi brincadeira! Ela correu um grande risco de perder o bebê! – o médico disse

- Eu sei... Aliás, não sei! Não sabia que ela estava grávida... Novamente! – disse e ele me olhou – De quanto tempo? – perguntei

- Quase três semanas! Está no início, e o início é mais complexo que o meio e muito delicado assim como o final! – ele disse

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora