CAPÍTULO 30

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Narração do Bernardo:

Quando eu a vi, meu corpo todo se paralisou. Eu havia descoberto que ela estava viva a umas semanas atrás, só não contava em vê-la tão já. Choquei-me não por ela estar com o Rafael, e sim pela cara de pau que ela teve de forjar a própria morte sem nenhum sentimento e ainda aparecer pra Marcela.

A Marcela parecia surpresa também, e eu me aproximei.

- Rafa? – ela olhou pra ele

- Sim Ma, essa é a Paula que você já ouviu tanto em falar – ele disse e ela por algum motivo ficou com os olhos cheios de lágrimas.

- Bernardo, quanto tempo – a Paula sorriu pra mim e eu a olhei. Olhei em seguida pra Ma e ela parecia estar em choque.

- Amor, vai indo pro carro que eu já vou – disse beijando sua testa e ela pegou as chaves da minha mão e foi sem nem olhar pra trás

- Que reação foi essa? Ela parecia estar vendo um fantasma! – a Paula fez careta

- Você é um idiota mesmo, não é Rafael? – o olhei minando raiva – Como pode mostrar a Paula pra Marcela assim? Do nada? Até então pra ela, a Paula estava morta – disse e ele me olhou

- O que foi agora?

- O que foi agora? – gritei e uma funcionaria da loja pediu pra que nós parássemos – Você mais do que ninguém sabe como essa história machucou todos! – disse mais baixo

- Ei, ei, ei! Estou aqui Bernardo, se tiver que falar alguma coisa, fala pra mim – a Paula disse

- Você? Você não é ninguém pra mim, continua morta igual! E preferia mil vezes você morta de verdade a estar aqui. E você Rafael, vou dizer uma coisa e espero que fique bem claro: você vai ficar longe da minha mulher e da minha filha, me entendeu? Se eu ver você atrás da Marcela novamente com esse fantasma ambulante pendurado em você, eu te mato! MATO! – gritei o dando um soco bem forte e saindo da loja.

Narração da Marcela:

Não entendia o motivo do Rafael ter me atingido daquela maneira. Ele tinha feito isso de propósito e eu jamais seria capaz de perdoá-lo. Não pelo fato de ela ter voltado e ele estar com ela, e sim pelo fato de que ele usou isso pra atingir a mim e ao Bernardo.

Entrei no carro e não conseguia derramar uma lágrima se quer, embora meus olhos estivessem inundados por elas. Fiquei sentada no banco, olhando pro nada até o Bernardo voltar, com uma expressão de raiva aparente.

- Você está bem? – ele perguntou alisando meu rosto

- Não deixa mais ele chegar perto de mim, Be... Não deixa! – sussurrei e ele beijou minha testa

- Ele não vai, amor. Não vai! – ele disse me dando um selinho. Dirigiu em silêncio até o apartamento e assim que chegamos eu fui pro quarto. Tomei banho e fiquei sentada na cama pensando em como as coisas ficariam, agora que ela havia voltado – Ma? – ele apareceu na porta com um copo de suco

- Oi...

- Quero que você saiba que nada muda... Nada mesmo! Quando a vi, não senti nada, além de desprezo. E não quero que você fique assim – ele disse entrando e colocando o copo na mesinha – Eu amo somente você, princesa, e ninguém além – ele disse e eu o beijei calmamente.

- Você pode ficar em casa hoje?

- Não vai dar amor, tenho que fazer umas coisas pro meu pai lá na empresa – ele disse – Você vai ficar bem sozinha? – perguntou

- Eu vou chamar a Ana pra vir aqui – disse

- Uhum, qualquer coisa em liga – ele beijou minha testa e eu assenti. Bebi o suco que ele trouxe e ficamos deitados na cama conversando até dar hora dele ir trabalhar. Mandei mensagem pra Ana e ela logo viria. Fiquei assistindo televisão enquanto ela não chegava, tentando esquecer o encontro desagradável que tive mais cedo. Temia pelo Bernardo descobrir que amava ela e me deixar. Temia muito que ele voltasse pra ela, e por isso deixei algumas lágrimas caírem. Eu o amava tanto...

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora