CAPÍTULO 15

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Na manhã seguinte logo cedo meu pai me ligou que queria passar o dia comigo e com a Júlia. Aceitei, arrumei a boneca, me arrumei e fui pra casa dele. Ele não desgrudava da Júlia por nada nesse mundo, e eu fiquei conversando bastante com a Luiza.

- Você vai assinar o divórcio mesmo, Ma? – meu pai me perguntou

- Não sei, pai! Minha relação com o Bernardo é muito mais complexa do que você pode imaginar – disse e ele me olhou como se quisesse dizer mil coisas, mas ficou calado. Almoçamos, e ficamos os quatro juntos, e foi um momento bom, pra esfriar a cabeça e repensar na vida.

- Quero sorvete! – a Luiza disse        

- Não tem na geladeira? – perguntei

- Não! Eu quero, pai – ela disse toda marrenta e eu sorri

- Posso buscar de carro, é rápido – disse

- Você tem que parar de fazer as vontades da sua irmã – ele disse bravo

- Me deixa mimar o que eu tenho na vida, por favor, senhor encrenca? – brinquei e ele sorriu – Já volto, cuidem da Júlia! – disse e eles assentiram. Fui até o mercado, e estava muito lotado. Tive que estacionar o carro algumas quadras depois. Comprei o sorvete, e fui voltando pro carro. Estava atravessando a rua, e eu juro que não havia vindo nenhum carro. Foi algo muito de repente! Só senti o impacto de um carro em mim e depois não ouvi nem senti mais nada.

Narração do Bernardo:

Passei a noite toda tendo pesadelos estranhos com a Marcela, era algo que me fazia ficar acordado o tempo todo. Tentei ligar pra ela, mas só dava caixa postal. Como era Domingo fui passar com a minha mãe na casa dela. Desde que eu havia voltado da fazenda com a Paula, e havia acontecido aquele pequeno acidente de eu não funcionar, não havia mais falado com ela. Estava eu, a Ana, e minha mãe na sala jogando conversa fora, quando meu celular tocou. Era o Pedro. Achei estranho, mas atendi.

- Oi Pedro – disse me levantando e indo pra cozinha que estava mais silenciosa

- Bernardo, tudo bem? – ele perguntou e eu estranhei a pergunta.

- O que aconteceu hein? – perguntei preocupado

- Meu pai me ligou agora a pouco, a Marcela deu entrada no hospital, sofreu um acidente hoje, foi atropelada numa rua praticamente sem movimento algum! O quadro dela é muito grave. – ele não conseguia terminar a frase

- Acidente? Como? – perguntei sentindo minhas pernas falharem

- Eu sinto muito, Bernardo. Mas acho melhor você se preparar pro pior – ele disse

- O que quer dizer? – sussurrei

- Que deve vir se despedir da Marcela – ele disse e minhas lágrimas caíam em silêncio. Desliguei o celular e voltei pra sala sentindo que poderia desmaiar a qualquer momento. Meu estômago estava revirado, e minha cabeça explodindo de dor. Eu preferia a ver nos braços do Rafael todos os dias da minha vida, a ter que conviver sem ela.

- O que ele queria? – a Ana perguntou preocupada

- A Marcela foi atropelada... – sussurrei – Ele disse que devo ir me despedir dela! – disse com um nó na garganta e a Ana ficou paralisada. Minha mãe ficou em silêncio uns minutos e depois veio até mim. Não disse nada, apenas me abraçou.

- Vamos pro hospital – ela disse e fomos. Eu cheguei no hospital e o pai dela, estava com a Júlia no colo e a Luiza sentadinha na cadeira como se estivesse confusa. O Rafael estava do outro lado, completamente parado, olhando pro nada. A Ca, a Alice, o Matheus, o Guilherme... Aos poucos todos foram chegando e estava me matando não ter notícias dela. O Pedro apareceu, mas não sabia de nada, apenas que ela estava em cirurgia.

Ninguém além de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora