Tiago resolveu andar rápido, porque do jeito que ele vira o mestre ficar, talvez ele já estivesse vindo atrás dele.
De repente, já no meio do caminho, sentiu um calafrio ao ver uma sombra escura deslocar-se rapidamente no seu campo de visão esquerdo.
"De novo não, de novo não...", pensou assustado.
Olhou em volta. Todas as pessoas pareciam tranquilas indo trabalhar apressadas naquela manhã. Imaginou que talvez estivesse impressionado, pois aquela era realmente a primeira vez que saía sozinho depois do ocorrido.
Nos dias anteriores, só havia saído com o namorado...na faculdade não acontecera mais nada...acreditou que fosse apenas uma cisma, afinal.
"Fica frio, fica frio...faltam apenas dois quarteirões...", mentalizou.
Entrou na papelaria, mas uma náusea o fez torcer o rosto, o que incomodou a atendente que se sentiu ofendida, como se ele demosntrasse não ter gostado do rosto dela.
_Bom dia! Precisa de algo?_ela falou friamente.
Tiago tentou mentalizar, mais uma vez, que tudo estava bem...que deveria ser um resfriado...ou estafa...Álex havia dito e ele era médico, afinal.
Tiago falou o que queria, mas, de repente, a náusea aumentou e a ânsia de vômito o fez correr até uma lixeira que encontrava-se num dos cantos da papelaria.
O som pareceu assustar uma outra freguesa que tampou a boca e saiu, antes de anunciar o que desejava.
Agora sim a atendente alta, magra e de longos cabelos ruivos, aparentando ter uns 22 anos, olhou pra ele sem disfarçar a contrariedade por saber que ela teria que lavar aquela lixeira.
_Por favor, desculpe-me. Acho que algo no café da manhã não me fez bem._esclareceu.
Ela entregou o que ele pedira. Pegou o dinheiro que ele oferecera. Deu o troco e virou-se indo lá para dentro, como se fosse providenciar algo para limpar a lixeira.
Tiago saiu constrangido da loja, mas, assim que chegou do lado de fora, mais uma vez viu uma sombra escura esgueirar-se e esconder-se atrás de uma árvore. Ali, bem à luz do dia!
_Ojainerize...Claus quer Minouse..._a voz arrastada falou de forma mais nítida, dessa vez.
Cambaleante, Tiago voltou até a papelaria e pediu uma caneta. Pegou um pedaço de papel, anotou os três nomes estranhos e tornou a sair.
Agora, a náusea veio acompanhada de uma tontura violenta que o fez escorar-se numa árvore.
Pra piorar, aquele estranho mal-cheiro o invadiu mais uma vez, como se fosse uma nuvem sufocante.
_Álex, está acontecendo de novo._gemeu no telefone.
_Fique calmo, Tiago. Já estou indo.
O fisioterapeuta fez meia-volta, esquecendo-se do seu antigo objetivo.
Se alguma coisa de ruim acontecesse com o seu discípulo, pensou Álex, ele nunca se perdoaria.
Enquanto isso, Donato resolvia, em sua oficina, ir até o centro da cidade buscar algumas peças que ele havia encomendado.
O mecânico estava nervoso, pois, nas duas noites anteriores, nem mesmo as cervejas que ele tomara haviam adiantado para afastá-lo daqueles sonhos estranhos em que ele só se satisfazia se tivesse em seus braços o filho adotivo.
Reconhecia que estava piorando, pois, se no início o corpo era um ser andrógino que misturava sua namorada ao seu filho, agora era um corpo bem definido, pois já era, em tudo, unicamente o corpo de Tiago.
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O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gay
Любовные романыTiago Hernane vivia um conflito: deveria lutar pelo amor de Donato, o seu pai adotivo que salvara a sua vida, mas que o desprezava por ele ser homossexual, ou deveria dar uma chance para Álex, um homem enigmático, cercado de mistérios e capaz de in...