CAPÍTULO 8-O ANIVERSÁRIO DE TIAGO

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Dois meses após o incidente do  murro, Tiago completaria 22 anos. De comum acordo, o pessoal da oficina decidiu fazer uma festa surpresa em comemoração.

Tudo fora feito no maior sigilo e o rapaz não desconfiou quando Don o mandou buscar um carro do outro lado da cidade.

Intrigado, Tiago percebeu que o carro que dirigia na volta para a oficina não parecia apresentar defeito algum. Achou o carro lindo e adorou desfilar com ele pela cidade, imaginando que defeito ele teria que tinha lhe passado tão despercebido. Chegou a imaginar que, talvez, tivesse pegado o carro errado, mas as descrições e a placa conferiam, então, perguntaria mais tarde para Don o que havia de errado ali.

Mas, não deu tempo, pois assim que chegou na oficina, foi aquela surpresa: haviam feito um bolo enorme, salgados, refrigerantes e o rapaz ficou visivelmente emocionado: era a sua primeira festa de aniversário na vida!

Era sábado à noite e não precisariam trabalhar no domingo, pois já haviam adiantado todo o serviço.

Como havia prometido, Donato não colocara uma única gota de álcool na boca, desde o incidente. Mesmo quando soube que, como suspeitara, Amanda voltara para o antigo namorado, que fora o primeiro da vida dela.

Estranhamente, Donato percebeu que não sentiu tanto pela confirmação de que Amanda não voltaria mais pra ele. Imaginou que, mais uma vez, Andreia estava certa e a relação já estivesse  mesmo destruída e que só ele não percebera.

Com seu instinto de psicóloga, Andreia não deixou de perceber, como vinha observando nos outros dias, a idolatria que Tiago tinha em relação a Donato.

Na noite do aniversário, não foi diferente: ele mais servia do que era servido e só faltava adivinhar os pensamentos de Donato ao servi-lo de tempos em tempos.

A mecânica formada em psicologia não deixou de notar que, quando se tratava de Donato, Tiago era sempre benevolente demais, tolerante ao extremo, carismático demais, acessível e permissivo demais. Não havia nada que Donato pedisse e que o rapaz não atendesse prontamente, sem questionar nada...não havia nada que Don falasse, mesmo que fosse uma  crítica negativa, que Tiago não aceitasse de bom  grado.

Ela sabia que nunca havia aparecido uma namorada para o rapaz, realmente...e Tiago era evasivo, quando ela o abordava a esse respeito.

_Você sempre quis ser mecânico, Tiago?_perguntara certo dia em que ele estava lavando cuidadosamente a oficina.

_Sei lá. _disse o rapaz distraído._Mecânico, ou coveiro, ou pedreiro, ou médico...qualquer coisa que o Don quisesse, Andreia. Se ele tivesse insistido na faculdade, deixaria ele escolher o curso e o aceitaria de bom grado.

_Mas quando você quiser  morar sozinho...

Ele a interrompeu, como se ela tivesse falado uma asneira enorme:

_Pra que eu vou querer morar sozinho?_franziu as sobrancelhas bem feitas._Que ideia, Andreia! Eu não vou sair daqui ou deixar de morar com o Don! Nunca! Ficou louca?

Andreia recriminou-se por pensar naquilo...tentou ignorar, mas, não deu. Procuraria o melhor momento para abordar Tiago e esse surgiu na noite do vigésimo segundo aniversário do rapaz.

Um a um, todos os funcionários entregaram os seus presentes até que só faltou o de Donato.

_Ei, Don! O que é isso?_perguntou Josué fingindo desconhecer o conteúdo da pequena caixinha.

_Acho que é um cortador de unhas._adiantou Valter.

_Ou um apito._riu Norma.

Tiago pegou  o embrulho e o abriu desconfiado. Dentro havia uma chave. 

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora