CAPÍTULO 5-VIDA NOVA PARA DON E TIAGO

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Donato levou a sério a tarefa de salvar a vida de Tiago. 

A primeira coisa que fez foi levá-lo ao doutor João Pedro, médico conhecido pela ética e eficiência. Donato conhecia o médico desde a faculdade de medicina, onde ele havia sido o seu professor.

O médico também tentou, discretamente, tirar da cabeça de Don a ideia de tomar para si a tarefa de cuidar de Tiago.

_Se não o quer numa instituição de caridade, Donato, converse com a sua mãe ou com as suas irmãs para adotá-lo. Esse menino precisará de certos cuidados que só uma mulher poderá dar. Você  mora no seu emprego,  não tem hora pra nada, mal tem tempo pra comer direito...insista com os parentes, seria o melhor. Não sabemos quais vacinas ele tomou, pois todos os documentos perderam-se no incêndio. O que você me falou é muito pouco e além do mais, ele mal fala com a gente. Custei a tirar dele meia dúzia de palavras. Ele está muito traumatizado e vai precisar de uma atenção especial e eu sei que você não vai dar conta, pois não tem tempo, Donato._falou o médico desanimado.

Mais uma vez, Donato não deu ouvidos aos outros. Ainda o sensibilizava a resposta que o rapazinho dera pra ele quando foi perguntado por que passou pelo posto policial e foi pedir ajuda ao mecânico naquela noite.

_Você é legal, brincava comigo quando o meu pai ia lá na sua oficina. Você nunca bateria em mim, não é? Você nunca teria batido na minha mãe ou na minha irmã, não é? Você é muito mais forte do que o meu pai, mas vejo que não se aproveita disso. Eu sempre sonhei que você fosse o meu pai, Don._confessou Tiago timidamente.

A conversa tinha ocorrido no dia seguinte à tragédia, antes de irem ao enterro da família de Tiago.

A família de Don reprovou a adoção inicialmente, mas, quando viram o quanto o mecânico de 25 anos estava determinado a adotar o garoto, ajudaram com os documentos e  compraram  roupas e calçados para Tiago.

Amanda, namorada de Don, não se opôs ao gesto nobre do namorado, afinal, dentro de três anos o garoto atingiria a maioridade e poderia seguir o seu caminho. Mas, não foi isso o que aconteceu. 

O mecânico e o garoto criaram uma relação sólida, num relacionamento de pai e filho. Era difícil imaginar que algum dia os dois haviam vivido separados.

Foi fácil saber quais vacinas Tiago não havia tomado, pois várias doenças, como catapora e caxumba, atacaram o rapaz no período de depressão que seguiu à chacina. 

Don seguiu todos os conselhos do médico, procurou nutricionista, psicólogo, alergista e logo Tiago estava usando aparelho nos dentes e teve uma melhora surpreendente, inclusive, até já sorria.

_Não dá pra acreditar que este é o grilinho minúsculo que entrou aqui há três anos, Don!_riu o médico satisfeito._Você está fazendo um ótimo trabalho, Don! Tiago, você já engordou 15 quilos, cresceu 10 centímetros e...

O médico arregaçou a manga da camisa do rapaz, que estava corado e sorridente:

_Isso aqui são músculos?

Donato riu satisfeito e beijou a cabeça de Tiago que sorriu timidamente.

_A exemplo de Don, tenho feito musculação nas horas vagas, doutor. Não posso passar o resto da vida precisando do pessoal da oficina para me defender nas brigas de rua._explicou.

_Que nada, doutor, João Pedro! Isso é o excelente trabalho que ele tem feito na oficina! Tiago tem  trabalhado com os rapazes e ainda faz a maior parte do serviço da casa, não é, filhote?_Don assanhou os cabelos negros e sedosos do rapaz.

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora