Andreia perdera a conta das vezes em que chegou à oficina de manhã e encontrou Donato no chão, desmaiado de tão bêbado.
Nesses momentos, ela ajudava o amigo a recuperar-se. Ajudava Don a tomar banho, limpava a casa suja de vômito, às vezes urina, e tratava de sua ressaca.
Aos poucos, Donato foi se tornando um alcoólatra em tempo integral. Se no início ele só se embebedava nos finais de semana, agora ele bebia todos os dias, alegando que precisava do álcool para conseguir dormir.
Andreia, que havia estudado psicologia, não entendia como agora era ele quem tinha pesadelos e não conseguia dormir, porém, ele nunca contava a ela sobre o que eram esses pesadelos.
Um dia, quando Andreia encontrou Donato numa dessas crises e quase afogando-se em seu próprio vômito, ela não aguentou e explodiu:
_Chega, Don! Você está se matando aos poucos, não vê? O que está acontecendo? Não foi você quem expulsou o garoto daqui e agora não consegue viver sem ele?
Donato reagiu na hora:
_Ei! Alto lá! Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Andreia! Já disse que bebo pra conseguir dormir. E, para o seu governo, ele agora está muito bem, morando naquele apartamento de luxo...talvez até namore aquele tal médico bonitão, cheio de grana...Não era isso o que ele queria? Dar o rabo para outros homens? Então, agora ele arranjou um que o coma todos os dias! Ele está muito melhor do que comigo e é assim que deve ser.
Donato saiu cambaleante, visivelmente bêbado e ela o viu desabar em sua própria cama, apagando imediatamente.
Andreia suspeitava que ele estava mentindo e que estava mais arrependido do que queria admitir.
Donato procurara mais três garotas, mas fora somente para confirmar a sua impotência.
Percebendo que o seu problema persistia, Donato procurou alguns amigos, que eram médicos agora e que haviam estudado com ele, e pediu-lhes a indicação de um médico que pudesse ajudá-lo a descobrir a causa de sua impotência.
Doutor Laertes fora muito bem recomendado e ele decidiu procurá-lo imediatamente. Exames e testes foram feitos e ele acreditou que logo estaria bem novamente.
Don ficou nervoso na sala de espera. Era a sua quarta consulta e ele trouxera todos os resultados dos exames que o médico havia lhe pedido.
Aquelas idas ali não eram muito agradáveis e ele esperava que fosse a última. Que o médico lhe passasse logo o tratamento e ele iria pra casa resolver aquele problema de uma vez.
_Os seus exames confirmaram o que eu já sabia, Donato. Não há nenhuma causa física para o seu problema de impotência. Está tudo perfeitamente bem.
O médico deveria ser uns dez anos mais velho do que ele. Era baixo, gordo, careca e de pele branca. Usava óculos caros e era muito simpático. Porém, diante daquele laudo, Donato começou a desconfiar da competência dele.
_Não estou entendendo, doutor Laertes. Como assim não é físico? O senhor quer dizer que não há algum tratamento, ou mesmo um medicamento que eu possa tomar para resolver isso? Talvez alguma cirurgia, sei lá._disse nervoso.
_Não, Donato. Não é nada físico, mas, se me permite, posso lhe indicar um psicólogo que também é sexólogo. Ele é especialista nesses tipos de problemas: impotência, ejaculação precoce, esterilidade...
Donato torceu a boca contrariado pensando: "o que o pessoal da oficina pensaria se o imaginassem deitado num divã e falando da impotência do seu pau para um outro homem? "
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O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gay
RomanceTiago Hernane vivia um conflito: deveria lutar pelo amor de Donato, o seu pai adotivo que salvara a sua vida, mas que o desprezava por ele ser homossexual, ou deveria dar uma chance para Álex, um homem enigmático, cercado de mistérios e capaz de in...