CAPÍTULO 12-NO HOSPITAL

543 101 31
                                    


Doutor João Pedro ainda estava de plantão quando Tiago deu entrada na emergência.

Ele não reconheceu o rapaz ensanguentado que passou numa maca que corria pelos corredores, porém, assim que viu Donato, não teve dúvidas de que algo grave havia acontecido.

Seu plantão terminaria em meia hora, ele estava esgotado, mas não conseguiria dormir se não soubesse o que estava acontecendo.

O médico entrou na sala de emergência e logo descobriu que o rapaz que passara na maca era Tiago.

Doutor João Pedro assustou-se com a extensão dos ferimentos e imaginou que o rapaz tinha sido espancado por alguma gangue de rua.

Já era quase meio-dia quando o médico foi  encontrar-se com os amigos de Tiago na sala de espera.

_E aí, doutor? Como ele está?_perguntou Andreia assim que o viu.

_No momento ele está sedado e fora de perigo. Meu Deus, a extensão dos ferimentos é muito grande! O que aconteceu? Foi um assalto, briga de rua...

_Tentativa de assalto._respondeu Andreia rapidamente, temendo que a namorada acusasse Donato e piorasse as coisas.

Houve um silêncio constrangedor que durou menos de dois minutos e Norma resolveu adiantar-se:

_Qual é o quadro?

_Quem fez isso parecia estar com muito ódio, talvez drogado...parece que ele foi espancado por horas, foi isso?

O médico observou que Donato estava largado numa cadeira, visivelmente arrasado com o ocorrido. O mecânico parecia arrasado  e não participava da conversa.

_Foram quatro dentes arrancados, dez pontos na cabeça e dezessete no rosto. O nariz está quebrado, assim como duas costelas que, por sorte, não provocaram uma hemorragia interna. O que mais me preocupa é o pé esquerdo que teve uma fratura exposta e acredito que precisará de uma cirurgia e de pinos. Acho que ele não voltará a andar normalmente por, pelo menos, uns quatro meses. Ele tem muita sorte de ter vocês duas e o Donato, pois vai ficar de repouso por um bom tempo e precisará da ajuda de vocês.

Finalmente, Donato começou a chorar descontrolado e Andreia pediu ao médico que o medicasse, alegando que ele estava em choque por causa do ataque.

Mais tarde, quando Donato acordou,  já era noite.

Assim que recobrou a consciência, o pesadelo da noite anterior o atingiu feito um raio, como se o universo ansiasse por puni-lo pelo seu crime cruel e covarde.

_Como está, mecânico?_perguntou Andreia ao lado de sua cama.

_Me diga que tudo foi um pesadelo, Andreia...diga que nada daquilo aconteceu e que ele está bem._implorou.

Andreia ficou em silêncio por um tempo, até que falou:

_Você pegou pesado com ele, Don.

_Eu não queria machucá-lo, Andreia. 

_É verdade...você não queria machucá-lo...você queria matá-lo!_a negra não o poupou de sua franqueza e revolta._Todas aquelas radiografias, todos aqueles pontos, aquele sangue...você arrebentou com ele, Don! Precisava disso tudo pra mostrar que estava revoltado?

Don começou a gaguejar como se tivesse se esquecido como articular as palavras:

_Eu fiquei fora de mim...eu não pude acreditar que criara um gay e pior ainda: apaixonado por mim! Sabe que o criei como um filho, Andreia...um filho...isso seria incesto, ele não percebeu? Ele não podia ter deixado isso crescer dentro dele, Andreia...ele não pode ser gay...Tiago não...

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora