CAPÍTULO 67-DONATO SE ABRE COM ANDREIA

407 76 35
                                    


Depois de muito pensar, Donato decidiu procurar Andreia.

A mecânica já recebera alta e estava em casa repousando por mais alguns dias, antes de retornar à oficina. Ele achou que ela seria a pessoa certa para ouvi-lo.

Andreia veio atender a porta exalando um delicioso perfume e com um vestido solto, confortável. Acabara de tomar banho e ainda trazia os cabelos molhados. Norma estava trabalhando.

_Me deixou preocupada no telefone, Don. Sua aparência está horrível. Não acredito que voltou a beber!_comentou a negra retribuindo o beijo do melhor amigo.

_Antes fosse bebida, neguinha._desabafou o mecânico._Você até pode não acreditar, mas juro que depois daquele dia monstruoso do sequestro, eu não consigo colocar uma gota de álcool na boca.

_Graças a Deus!_suspirou Andreia chamando o amigo para que se sentassem no sofá da sala._Então, que cara é essa? Parece que tem uma semana que não dorme.

Donato olhou a amiga tristemente, avaliando se seria prudente soltar tudo o que tinha engasgado na garganta bem em cima dela.

_Fala logo, Don. Se está com medo de me assustar, acredite: o seu silêncio faria um estrago maior. Desembucha. 

Ele a olhou envergonhado e assentiu com um gesto de cabeça.

Andreia mudou de lugar, sentando-se bem ao lado dele.

 A amiga começou a massagear-lhe  os ombros. Percebeu o quanto ele estava tenso.

_Pode se abrir comigo, mecânico. Sabe que eu sou boa pra guardar segredos. Ou você libera toda esta tensão, ou o próximo a infartar será você.

Don fechou os olhos e deixou as mãos da amiga fazendo aquela massagem maravilhosa. 

Como se um nó tivesse sido desatado, finalmente as comportas abriram-se e ele começou a chorar. Andreia esperou pacientemente, ainda fazendo massagens em seus ombros. Longos minutos se passaram.

_Venha cá, meu amigo. Deite-se no meu colo. Não tem dormido bem, não é?

Donato aceitou aquele carinho e acomodou-se no colo da amiga.

_Nem sei por onde começar.

_Que tal começar pelo início? É por causa de Tiago, não é?

_Tiago, Tiago, Tiago!_explodiu o mecânico segurando a cabeça, como se quisesse expulsar aquele nome dali._Maldita a hora em que eu abri aquele portão naquela noite, sabia?

Andreia o olhou confusa, mas não quis interrompê-lo.

_Você tem que me ajudar, Andreia! Tiago está me deixando louco!

Andreia franziu as sobrancelhas, ainda sem entender o que ele queria dizer,  mas, novamente, ficou em silêncio, apenas afagando os ombros do amigo.

_Eu perdi o prazer de estar com as mulheres pouco a pouco,  depois que Tiago saiu lá de casa, Andreia. Procurei três profissionais e eles me informaram o que eu já sabia: que o problema não era físico e sim emocional.

A mecânica conteve uma exclamação de espanto.

_Aos poucos, não consegui transar mais nem com Amanda, acredita? E você lembra a química que a gente tinha. Passei a tomar...Viagra, Andreia! Meu Deus...sou médico e sei o mal que aquele veneno faz...tantas vezes aconselhei os meus amigos a não tomarem aquela porcaria e, de repente, era eu o viciado nisso!

Donato tampou o rosto, extremamente envergonhado.

Ela tentou facilitar:

_Ei! Já falamos sobre sexo, lembra-se? Você foi o primeiro a saber que eu era lésbica! Aliás, pode se abrir sem receio, pois você não faz o meu tipo, parceiro.

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora