CAPÍTULO 16-A PRIMEIRA SESSÃO DE FISIOTERAPIA

517 107 9
                                    


Tiago achou estranho chegar na clínica, no dia seguinte, e ver a recepcionista indo embora.

O rapaz entrou, sentou-se e ficou esperando a sua vez de ser chamado.

Uma mulher alta, bonita e bem vestida saiu do consultório sorrindo:

_Doutor Álex, suas mãos são abençoadas mesmo! Cheguei aqui toda travada e agora sou uma nova mulher. Muito obrigada!

O médico despediu-se da mulher e virou-se para receber Tiago, tentando disfarçar a satisfação em tê-lo, finalmente, ali.

_E aí, meu rapaz? Pronto pra suar a camisa? Pensei que tivesse desistido, pois está atrasado.

_Não pensei que demoraria tanto pra chegar aqui, doutor, me desculpe. Estou muito fora de forma e calculei mal a distância. Espero não frustrar as suas expectativas.

Tiago assustou-se ao entrar na porta que o médico indicava e descobrir que, ao invés de um consultório, o que ele mantinha ali era uma verdadeira academia. O espaço era enorme e muito bem aparelhado.

_É aqui que o senhor tortura suas vítimas, doutor?_tentou entrar no clima de entusiasmo do médico.

Álex sorriu tentando passar a imagem de um médico relaxado, quando, na verdade estava se esforçando para manter o controle, pois estava diante de seu futuro mestre.

_Não é bem essa a intenção, novato. Aguarde aqui um pouco que eu vou fechar a parte da frente da clínica.

Tiago assustou-se:

_Sou o último paciente?

_Na verdade, resolvi fechar mais cedo hoje e decidi deixar você por último, pois como esta vai ser a sua primeira vez, reservei um tempo maior.

_Puxa, doutor, assim o senhor me coloca com uma responsabilidade enorme sobre os ombros._disse o rapaz timidamente.

Era isso mesmo que o médico queria: diante da apatia que se abatera sobre o rapaz, talvez se ele pensasse que o médio estava se empenhando além da obrigação, ele teria que esforçar-se mais ainda, o que o deixaria focado no tratamento.

Álex havia meditado muito antes daquela primeira sessão e decidira-se a quebrar as suas próprias regras, naquela tentativa de aproximação. Não poderia esperar mais para desvendar aquele mistério sobre a noite do espancamento e, muito menos, correr o risco de perder Tiago para alguma doença oportunista. Parecia que ele estava mais pálido e mais magro ainda, observou.

_No início é um pouco difícil mesmo, Tiago, não se assuste. Com o tempo, prometo-lhe que vai ficar mais fácil._disse o médico mandando o rapaz deitar-se num colchonete que havia colocado no chão.

Os procedimentos começaram e, minutos depois, Tiago ergueu a mão e pediu para que o médico interrompesse aqueles exercícios e massagens em seu pé.

_Por favor, pare!_disse ofegante e suado de dor._Chega por hoje, ou o senhor irá devolver é o meu cadáver para as minhas amigas, porque sei que o senhor avisou, mas não sabia que doeria tanto, confesso.

O médico o olhou preocupado, notando aqueles traços conhecidos:

_Há quantos dias você não dorme, Tiago?

Tiago, ainda ofegante, deu um sorriso débil:

_Há quantos dias não durmo? Pra falar a verdade, doutor, acho que já até me esqueci o que é isso...sem contar que quando consigo pregar os olhos é só pra ter pesadelos terríveis._franziu o rosto amargurado._Vou lhe dizer, viu...se for pra ter pesadelos como os que venho tendo, até o senhor preferiria nunca mais dormir, doutor Álex, acredite!

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora