Tiago achou estranho chegar na clínica, no dia seguinte, e ver a recepcionista indo embora.
O rapaz entrou, sentou-se e ficou esperando a sua vez de ser chamado.
Uma mulher alta, bonita e bem vestida saiu do consultório sorrindo:
_Doutor Álex, suas mãos são abençoadas mesmo! Cheguei aqui toda travada e agora sou uma nova mulher. Muito obrigada!
O médico despediu-se da mulher e virou-se para receber Tiago, tentando disfarçar a satisfação em tê-lo, finalmente, ali.
_E aí, meu rapaz? Pronto pra suar a camisa? Pensei que tivesse desistido, pois está atrasado.
_Não pensei que demoraria tanto pra chegar aqui, doutor, me desculpe. Estou muito fora de forma e calculei mal a distância. Espero não frustrar as suas expectativas.
Tiago assustou-se ao entrar na porta que o médico indicava e descobrir que, ao invés de um consultório, o que ele mantinha ali era uma verdadeira academia. O espaço era enorme e muito bem aparelhado.
_É aqui que o senhor tortura suas vítimas, doutor?_tentou entrar no clima de entusiasmo do médico.
Álex sorriu tentando passar a imagem de um médico relaxado, quando, na verdade estava se esforçando para manter o controle, pois estava diante de seu futuro mestre.
_Não é bem essa a intenção, novato. Aguarde aqui um pouco que eu vou fechar a parte da frente da clínica.
Tiago assustou-se:
_Sou o último paciente?
_Na verdade, resolvi fechar mais cedo hoje e decidi deixar você por último, pois como esta vai ser a sua primeira vez, reservei um tempo maior.
_Puxa, doutor, assim o senhor me coloca com uma responsabilidade enorme sobre os ombros._disse o rapaz timidamente.
Era isso mesmo que o médico queria: diante da apatia que se abatera sobre o rapaz, talvez se ele pensasse que o médio estava se empenhando além da obrigação, ele teria que esforçar-se mais ainda, o que o deixaria focado no tratamento.
Álex havia meditado muito antes daquela primeira sessão e decidira-se a quebrar as suas próprias regras, naquela tentativa de aproximação. Não poderia esperar mais para desvendar aquele mistério sobre a noite do espancamento e, muito menos, correr o risco de perder Tiago para alguma doença oportunista. Parecia que ele estava mais pálido e mais magro ainda, observou.
_No início é um pouco difícil mesmo, Tiago, não se assuste. Com o tempo, prometo-lhe que vai ficar mais fácil._disse o médico mandando o rapaz deitar-se num colchonete que havia colocado no chão.
Os procedimentos começaram e, minutos depois, Tiago ergueu a mão e pediu para que o médico interrompesse aqueles exercícios e massagens em seu pé.
_Por favor, pare!_disse ofegante e suado de dor._Chega por hoje, ou o senhor irá devolver é o meu cadáver para as minhas amigas, porque sei que o senhor avisou, mas não sabia que doeria tanto, confesso.
O médico o olhou preocupado, notando aqueles traços conhecidos:
_Há quantos dias você não dorme, Tiago?
Tiago, ainda ofegante, deu um sorriso débil:
_Há quantos dias não durmo? Pra falar a verdade, doutor, acho que já até me esqueci o que é isso...sem contar que quando consigo pregar os olhos é só pra ter pesadelos terríveis._franziu o rosto amargurado._Vou lhe dizer, viu...se for pra ter pesadelos como os que venho tendo, até o senhor preferiria nunca mais dormir, doutor Álex, acredite!
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O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gay
Roman d'amourTiago Hernane vivia um conflito: deveria lutar pelo amor de Donato, o seu pai adotivo que salvara a sua vida, mas que o desprezava por ele ser homossexual, ou deveria dar uma chance para Álex, um homem enigmático, cercado de mistérios e capaz de in...