CAPÍTULO 72- DONATO ENCONTRA TIAGO

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À noite, deitado confortavelmente sobre o amplo peito de Andreas, Don ficou pensativo.

_Que rugas são essas, Donato? Ainda está com medo de quê?_quis saber o caminhoneiro.

_Estou sem saber como irei encarar os meus amigos...o pessoal da oficina...os meus familiares...Deus, que loucura!

_Eles só irão saber se você contar a eles. Quem disse que alguém lá em casa sabe o que eu faço nestas minhas andanças pelo Brasil? Minha família, a maioria homofóbica, como parece ser toda essa galera da qual você tem medo, ainda me respeita como  macho alfa, o pai, o ex-marido, o avó...o patrão linha dura...Não preciso dependurar um cartaz no meu pescoço ou deixar que marquem a minha testa com aquele Sinal de Caim que aparece na Bíblia.

_Meu Deus...as novidades não acabam nunca: um gay citando a Bíblia Sagrada! Eu achei que nunca  ouviria algo assim, pode apostar, Andreas!_confessou.

Andreas riu solto, antes de continuar:

_O que eu quero dizer é que isso que nós estamos fazendo não tem nada a ver com a sociedade lá fora, mecânico. Isso aqui é nossa intimidade e é algo só nosso e de mais ninguém. E posso apostar pela minha alma que não estamos pecando...de jeito nenhum! Relaxe, rapaz! Deus tem mais o que fazer do que ficar vigiando dois caras se dando prazer no meio do mato! Se o poderoso lá de cima não vai nos condenar ao inferno... Pra que sair dando satisfações para os outros aqui de baixo? O pau é nosso...o rabo é nosso...então, foda-se para todo mundo, Donato! 

Donato olhou o seu parceiro com adoração,  sentindo o quanto as palavras dele o relaxavam e aliviavam a consciência e o coração:

_Tu tá me deixando um safado, Andreas! Não consigo me arrepender do que fizemos!_riu o mecânico simulando uma mordida naquele peito maravilhoso do caminhoneiro.

Andreas gemeu sensualmente, vendo o quanto  o outro estava fogoso.

_Mas...Estou curioso...quais outras novidades...melhor dizendo, quais outros preconceitos foram derrubados até agora?

Donato começou a afagar o corpo do parceiro silenciosamente e parou no mamilo esquerdo, depois apertou levemente o direito, como já descobrira que ele gostava. Sentiu Andreas gemer.

_Delícia isso, viu?! _confessou o caminhoneiro.

Donato substituiu as  mãos pelos lábios quentes e generosos. Primeiro um mamilo...depois o outro...sem pressa...como sabia que o negro preferia.

O desejo de agradar aquele homem só aumentava, admitiu Don para si mesmo.

Andreas gemeu alto e quis retribuir, enfiando as mãos entre as pernas de Donato, também lhe dando aquele carinho que sabia que ele havia gostado. Foi inevitável não se amarem novamente.

Quando pararam exaustos e suados, Donato novamente voltou a desabar sobre o peito do outro, que começou a afagar os seus cabelos com aquelas mãos enormes.

Ouviram o vento soprar forte do lado de fora da barraca, mas ali dentro, o vapor dos corpos em êxtase havia dispensado roupas ou um cobertor extra.

Não interessava se lá fora era dia ou noite...ou mesmo por quanto tempo estavam ali dentro.

Como se retomasse a conversa antes daquela "rodada", Donato falou:

_Eu nunca imaginaria que um cara feito você seria um gay, nunca imaginaria que um cara feito você aceitaria dar o rabo, nunca aceitaria que um cara feito você aceitasse beijar o outro de língua e, muito menos, nunca imaginaria que eu...o cara mais homofóbico do mundo...estaria aqui, agora, melado de porra depois de ter me acabado nos braços de um homem. 

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora