(Para quem não conseguir ver o capítulo 2...postei novamente aqui. Mais uma vez, deve ter algum ENGRAÇADINHO sacaneando com o meu livro. Lamentável. Desculpem o transtorno.)
Donato agora sacudia o garoto pelos ombros e olhava pela fresta do portão, pensando: será que Afonso o estava seguindo?
_Fale devagar: o que aconteceu, Tiago?
Neste momento, o telefone tocou: era Osvaldo. Don explicou a situação e o outro não se impressionou com o relato do garoto.
_ Matou nada, Don! Eu conheço o cara! Afonso é um covarde e só tem papo! Aquilo ali, especialmente numa noite de domingo, deve estar apagadaço de tanto beber o dia todo. Vai ver o garoto teve um pesadelo e saiu de casa ainda dormindo, isso sim._riu o vigia.
Donato despediu-se, após agradecer e desligou o telefone.
Don conhecia a família: eles moravam há alguns quarteirões dali. Afonso, um pedreiro, morava com a esposa e os dois filhos numa casa pobre. Sabia que o homem era violento e batia na esposa e nos filhos, quando bebia. Mas, daí a matar alguém...ele não acreditava!
_Eu estava dormindo quando comecei a ouvir os tiros, Don...eu saí correndo...saltei a janela do meu quarto e corri. Eu me escondi atrás da caçamba de lixo. Ele deu um monte de tiros, Don! Acho que o ouvi gritar o meu nome também!_o garoto falou ofegante.
_Mas como você sabe que ele atirou na sua mãe?
Donato puxou o garoto pra dentro e olhou pela abertura do portão, temendo que o pai estivesse realmente enlouquecido e agora o tivesse seguido até ali.
A rua estava completamente vazia.
_Ele vem falando isso há tempos, Don...e eu não vi a Mia também...e ele atirou um montão de vezes.
Donato encarou Tiago. Longe estava o dia em que o vira pela primeira vez.
O garotinho, então com apenas dez anos, vinha com o pai arrumar a caminhonete velha. Donato podia lembrar-se que ficara morrendo de pena do garoto que não sorriu quando o mecânico brincou com ele dizendo que queria por gasolina no fusquinha azul, sem as 4 rodas, que ele segurava firme na mão pequena. Donato ficava impressionado por não conseguir arrancar um único sorrido do garoto, naqueles quase cinco anos de idas e vindas de Afonso com a sua caminhonete velha.
O mecânico percebeu, só naquele momento, que Tiago ainda estava parado no meio do pátio da oficina, com a chuva escorrendo em bicas pelo seu rosto.
Puxou o rapaz pelo braço, quase o arrastando para dentro da oficina, que ficava num galpão no primeiro andar da casa. Fechou o portão. Jogou um macacão e um pano pra ele.
_Enxugue-se. Tire estas roupas molhadas e vista este macacão seco, vamos.
Donato ficou olhando o garoto raquítico e assustado obedecer.
"Osvaldo está certo", pensou."Ele deve ter tido um pesadelo e saiu correndo pra cá."
_Espere aqui. Vou pegar as chaves do carro e te levar de volta, está bem? Sua mãe deve estar preocupada!
Quando tentou afastar-se, Tiago agarrou o braço do mecânico, ainda tremendo:
_Don, eu falei a verdade...o meu pai, Don...ele atirou em todo mundo. Ele vai querer me matar também, Don...eu estou com medo!
Donato ajoelhou-se, com seus 1,80, para ficar cara a cara com o garoto pequeno:
_Tiago, escute. Eu vou te levar de volta pra casa, ok?! Não precisa ter medo. Se algo do que você me contou aconteceu realmente, a gente vai resolver, está bem? Fique calmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gay
RomansaTiago Hernane vivia um conflito: deveria lutar pelo amor de Donato, o seu pai adotivo que salvara a sua vida, mas que o desprezava por ele ser homossexual, ou deveria dar uma chance para Álex, um homem enigmático, cercado de mistérios e capaz de in...