CAPÍTULO 60-"OJAINERIZE...CLAUS QUER MINOUSE!"

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Era noite. Álex ajeitou o edredom sobre os ombros de seu amado.

Permitiu-se um luxo que sabia que não merecia e cheirou profundamente a nuca que tanto amava. Aquele perfume o arrebatou mais uma vez para sua zona de conforto, prazer, plenitude.

A presença atrás dele o assustou de uma maneira estonteante.

_Que gracinha, Minouse...parece um anjo. Onde o encontrou?

A voz era insuportavelmente meloso e debochada.

As mãos novamente se tocavam como garras de uma aranha gigantesca.

_O que você está fazendo aqui?_Álex o encarou tentando controlar o coração que estava sobressaltado de pavor.

_Você me chamou e eu vim._o ser sacudiu os ombros mansamente com desdém._Acho que queria matar as saudades, Minouse.

_Suma daqui, seu demônio maldito!_urrou o médico invadido pela repulsa._Mestre Tanko o expulsou de minha vida! Não sei como conseguiu voltar aqui!

Mentalmente, o discípulo de Tanko implorava pela presença dele, mas deduziu que não teria a  ajuda do mestre.

O demônio rosnou pavorosamente, antes de responder:

_Aquele velho maldito...ele fez isso sim. E eu estava lá, preso num poço escuro quando você me chamou...implorou que eu voltasse pra você, Minouse.

_Mentira! Tiago já o percebia em forma de sombra muito antes de eu te invocar, seu imundo!_desabafou o médico.

O ser gemeu melosamente com desprezo:

_Humaninhos imbecis...não entendem nada sobre o tempo e suas brechas nas dimensões...O velho deveria ter-lhe avisado que eu estava apenas preso, não destruído...e que só você tinha o poder de me libertar.

O ser inclinou-se na ponta dos pés a fim de ver o rosto do discípulo de Álex que dormia profundamente.

_Que peninha...você fez o toque nele. Queria tanto brincar um pouquinho...Tão medroso...tão inocente...chego a sentir peninha...ele é uma delícia...melhor do que o louro safado. Sentiu prazer quando fez tudo aquilo com ele, Minouse? Mesmo ele sendo tão safadinho? 

Álex arrepiou-se: quer dizer que o maldito estava de espreita aquele tempo todo, só esperando uma oportunidade pra voltar! 

Uma mágoa inoportuna doeu no peito do fisioterapeuta ao sentir-se novamente desamparado diante do mestre imaginando por que Tanko não o alertara!

Um demônio o rondava...estava a caminho e nem um dos mestres lhe avisou?!, pensou Álex indignado, finalmente.

_Eu sabia que você iria fraquejar, Minouse...talvez sinta saudades de nossas brincadeirinhas...

O demônio fez um som indecente com a língua assustando o médico.

Álex deu um passo atrás, tentando afastar-se mais ainda daquele ser das trevas.

_Saia daqui! Eu não te quero aqui nunca mais! Suma!_gritou aflito sentindo repulsa e medo.

A figura grunhiu de forma asquerosa fazendo Álex arrepiar-se:

_Que saudades das nossas noites...dos seus gemidos de dor e prazer, Minouse. Mas não posso mais...o velho fechou o seu corpo...o afastou de  mim._lamentou._ É uma pena...você está muito gostoso, Minouse. Seria tão bom poder te tocar só mais uma vez...Agora só posso brincar com o seu discípulo...só com ele.

Olhou pra Tiago com maldade nos olhos horrendos.

_Deixe Tiago fora disso!_exigiu o fisioterapeuta apavorado acercando-se de seu discípulo.

_Hum..._grunhiu o ser maldito._Você tem idade pra ser o pai dele, Minouse. Eles dizem que não é correto o mestre apaixonar-se pelo discípulo e você sabe disso...misturou o espiritual com o físico...o divino com o mundano e deu nisso. Você virou esta bosta de mestre fraco...uma merda que não consegue nem mesmo proteger o seu discípulo. Eu duvido que você não vá dar uma escorregadinha...Tenho certeza de que não se esqueceu de todo aquele prazer com todos aqueles homens...com Patrício...com o doce Elano...sei que amou fazer tudo aquilo, Minouse. Pode enganar seu discípulo, mas não a mim. Não adianta tentar fugir...você é nosso, Minouse. O mal dentro de você pulsa mais do que o seu coração, seu safado!

Álex tentou resistir à provocação, mas não suportou ficar calado:

_Eu estava com ódio de Elano por pensar que ele havia atacado a criança...por fazê-la sofrer. Mas ele era inocente! Agora sei que foi tudo uma armação sua e de Turano desde o início.

_Você precisava experimentar aquelas sensações, Minouse...e eu percebi todo o seu prazer ao ver o sofrimento de todos aqueles que você torturou, dominou, subjugou. Me lembro da época em que eu, a pedido de mestre Turano, era a sua sombra 24 horas por dia...agora sou este demônio fraco que só pode se materializar à noite.

Álex desejou que aquilo fosse verdade, que ele não tivesse todo o poder que tinha antes, mas sabia o quanto aquele demônio era mentiroso.

 _Queria que mestre Turano tivesse acabado com Tanko...Talvez agora a gente possa, juntos...podemos nos livrar do velho...de todos eles...talvez seja por isso que você me chamou de volta. Quer destruir seu mestre e se libertar dos conselhos daquele chato! Me chamou para que eu substituísse seu mestre, não foi?_riu sadicamente.

_Eu não quis te chamar, seu idiota! Donato tinha levado Tiago. Ninguém sabia onde eles estavam. Eu perdi o controle...fiquei apavorado...

_Desespero...medo...fraquezas dos seres humanos. Você os chamou e eles não te atenderam, não é mesmo? Eles já sabiam que você acabaria voltando pra mim...Sabem que você tem a personalidade corrompida pelo mal._disse presunçoso.

O monstro arrastou-se até mais próximo da cama. Álex envolveu Tiago com os braços, tentando protegê-lo.

_Olha pra ele, Minouse...um vermezinho que Tanko mandou para ser o seu mestre...Eles estão te humilhando, Minouse. Depois de tantos anos servindo de capacho deles, agora lhe mandam mais um mestre. E ainda lhe rouba a posição de preferido de mestre Tanko. O velho tem todo carinho com isso aí...

Claus franziu o  rosto com repulsa e desprezo:

_Sinta o cheiro nojento dele, Minouse...cheiro horrível. Não há maldade nele...nem ódio...nem vícios...nem arrogância...não cobiça nada...não tem orgulho de ser o futuro mestre de um homem mais velho e experiente...Mesmo tendo dado o rabo pra você, a inocência dele me dá náuseas.

Temendo que o imundo pudesse tocar em Tiago, Álex começou a recitar mantras em voz alta.

O demônio contorceu o rosto horrendo com repulsa:

_Tudo bem, Minouse...não há o que eu possa fazer aqui agora. Não posso te tocar...o vermezinho está sob o efeito do toque...Assim não tem graça. Quero ver o pavor nos olhos dele..._riu sadicamente._O medo dele me excita, Minouse.

O ser pareceu rosnar novamente:

_Eu vou embora...este som está me irritando. Volto depois.

As cortinas balançaram indicando que o ser maldito havia ido embora deixando os dois em paz.

Álex desabou aliviado na cama, ao lado de seu discípulo que dormia inocente àquela presença que acabara de sair dali.

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora