CAPÍTULO 41-TELEPATIA

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Faltavam quinze dias para o aniversário de Tiago e Álex pensou que já estava mais do que na hora de seu discípulo ter o seu próprio carro.

A relação dos dois estava estável, Tiago já conseguia caminhar normalmente e era muito disciplinado, fazendo as suas meditações, os seus exercícios mentais, praticava yoga, do-in, shiatsu e todos os ensinamentos aprendidos com os mestres.

Diante de tanto orgulho pelo desenvolvimento de seu discípulo amado, seu mestre desejou lhe dar um presente.

Após o suicídio de Alberto, as reuniões foram desfeitas e o fisioterapeuta preferia ficar conversando com o seu discípulo do que interagir com outras pessoas.

Álex resolveu fazer uma comemoração íntima, apenas com os dois e as amigas de Tiago, Norma e Andreia.

Tiago estava sentado na posição de lótus, totalmente relaxado e feliz,  num canto do balcão da cozinha de Áléx, olhando seu mestre preparar o almoço para os dois.

_Não me canso de observar este seu jeito tão cuidadoso de cortar as verduras e os legumes milimetricamente perfeitos, Álex.

_Mestra Ogima me ensinou a ser perfeccionista, pois...sei que não gosta de falar do toque, mas às vezes, são milímetros entre um ponto e outro no corpo humano a ser tocado. Caso eu erre, poderei não obter o efeito desejado, Tiago. Minhas mãos têm que ser precisas e aí...aplico isso em tudo.

_Irei agradecer a ela eternamente, pois assim a comida fica muito mais gostosa.

Enquanto Álex picava outros ingredientes, o discípulo começou a formar figuras geométricas com as verduras que o médico já havia picado.

_No dia do seu aniversário eu quero..._começou Álex.

Tiago o interrompeu imediatamente, ainda sem levantar os olhos do desenho culinário que montava num prato branco.

_Vai ser ótimo ter as meninas aqui. Que bom que você está me contando, porque eu não gosto de surpresas. A vida me mostrou  que eu prefiro uma rotina sadia, sem muitas novidades.

Sem que Tiago percebesse, Álex levantou as sobrancelhas, surpreso, pois ele tinha certeza de que não havia terminado a sua frase.

Resolveu testar mais uma vez:

_Mas acho que você precisa...

_Não quero um carro, Álex, já lhe disse isso. Quando vendi o carro que o Don me deu de presente para poder pagar o tratamento de dentes, jurei que nunca mais iria ter outro carro.

De repente, Tiago percebeu o silêncio de seu mestre e o olhou parado, o encarando com um sorriso maroto no rosto.

_O que foi? Fiz ou falei algo que não devia?_perguntou curioso.

_Poderia deixar eu terminar as minhas frases, por favor, seu apressadinho?

_Bom, é porque você falou em convidar as meninas e depois falou que iria me dar um carro..._gaguejou envergonhado.

_Aí é que está: eu não falei...eu apenas pensei.

Tiago olhou-o de boca aberta e olhos arregalados.

_Como assim pensou? Eu ouvi você falando tudo isso!

_Não ouviu não, seu distraído. Você simplesmente leu a minha mente, Tiago._Álex não escondeu o entusiasmo.

_O quê? Como assim?

Álex desligou o fogão e puxou o seu discípulo para a sala, pois percebeu que precisavam avaliar aquilo melhor.

O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora