O SINAL DE CAIM-Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 59-TIAGO PEDE UM TEMPO A ÁLEX

Tiago sentiu a mão de Álex tocar a sua testa, entre os seus olhos, onde ele aprendera que ficava o terceiro olho.

O rapaz não abriu os olhos imediatamente, pois precisava organizar as ideias e separar a realidade da ilusão. Não conseguiu.

Percebeu que estava num carro em movimento que parecia estar se preparando pra estacionar.

_Onde é que você está me levando?_perguntou ainda sem abrir os olhos.

Álex parou o carro, desceu, deu a volta. Abriu a porta do passageiro e voltou o banco de Tiago, que estivera inclinado até aquele momento, para a posição normal.

_Como você está?_perguntou o médico muito sério.

Tiago abriu os olhos lentamente. O sol estava forte indicando que já se passava do meio-dia.

_Estou confuso. Minha mente não está conseguindo separar o que e realidade do que não é...É uma mistura de confusão e vazio, também. Nada bom, pode acreditar, Álex.

Tiago olhou as próprias roupas, o curativo no pulso e sentiu-se limpo do odor desagradável da bebida que Donato jogara sobre o seu corpo.

_Existe alguma coisa que você não consegue fazer comigo após o toque?_quis saber subitamente.

Álex teria sorrido, se não estivesse tão tenso com as revelações que precisaria fazer ao seu discípulo.

_Ainda não aprendi como te alimentar, por isso...tome. Você precisa comer, meu amor.

Tiago pegou a garrafa térmica onde havia um chá maravilhoso. Rejeitou o sanduíche e as frutas.

_Quantas horas?

_São quase três horas da tarde. Tente comer algo...você está apenas com o café da manhã de ontem, aliás...nem ele, pois vomitou na papelaria.

Tiago piscou: parecia que aquilo tinha acontecido há dias e não a pouco mais de 24 horas.

Tiago comeu uma banana e um pedaço de maçã que o seu mestre lhe oferecia.

_Não sabia que você tinha um toque que pudesse curar o Don de seu vício.

"Tantas coisas pra ele perguntar e ele lembra justamente disso...", pensou Álex retornando para o banco do motorista ainda muito sério.

_Pois é...confesso que eu podia curar o Donato de seu vício.

Álex sabia que estava chegando o momento de revelar que ele só retirara o vício que ele mesmo colocara. Temia que Tiago viesse a odiá-lo pela maldade.

Tiago bebeu todo o chá e esperou que Álex continuasse a falar, mas, diante do seu silêncio, ele esclareceu:

_Não estou conseguindo me concentrar nem nos meus próprios pensamentos, Álex, que dirá nos seus. Por favor...vai ter que verbalizar tudo pra mim: por que não curou o Donato antes? Está claro que teria evitado tudo isso que ele fez comigo ontem.

Álex deu um longo suspiro triste. Parecia que tinha um nó na garganta. Sabia que era preferível falar tudo logo do que deixar que Tiago descobrisse depois.

_Eu decidi não mentir mais pra você.

Tiago franziu as sobrancelhas confuso:

_Mentir pra mim...sobre o quê?

_Sobre tudo o que eu fiz...te falar que...o Don não é o único culpado em tudo o que aconteceu ontem. Grande parte da culpa ...foi minha, Tiago.

Tiago o olhou ainda confuso.