60 - Quando Asmodeus se tornou o que sempre quis

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Asmodeus

— Vossa Majestade, os ataques já começaram. Mandamos apenas os demônios menores da legião de Vine, os espectros estão tentando passagem para o plano terrestre pelas mentes dos humanos, mas começamos a perceber uma certa interferência da organização Illuminati.

Asmodeus estava escutando apenas com meia atenção. O demônio que reportava seus planos a ela não era tão importante quanto ele acreditava que fosse. Asmodeus era poderosa o suficiente para acompanhar com sua mente o que Vine estava fazendo por suas ordens.

A invasão à Babel não passara despercebida – no momento em que ela sentiu um selo sendo feito no primeiro nível, ela convocou a presença de Beleth e extorquiu as informações de sua mente. O rei era poderoso como ela, mas não era o suficiente para conter os avanços em sua mente, vindos de Asmodeus, Bael e Vine ao mesmo tempo. Quando a informação de que Lúcifer estava de volta foi retirada de sua mente, Bael se isolou em desespero em seu próprio nível – o mais alto da torre, onde um dia o próprio Lúcifer ocupara.

A Rainha permitiu que o Rei Regente Bael se exilasse apenas para poder lidar com ele quando fosse necessário. Bael era o Rei Regente do Conselho de Reis de Babel apenas porque Lúcifer fora estúpido o suficiente para nomeá-lo caso algo acontecesse com ele na guerra com o Éden. Ela sabia que o único demônio que deveria ter tido a honra de liderar os filhos da escuridão era ela.

Após o final da guerra, o conselho se dividiu em duas vertentes, e a única coisa que mantinha as pontas frágeis unidas era Zagan, seu consorte. Quando este morreu, não havia nada que Asmodeus pudesse fazer – ela mesma sendo parte ativa de um dos grupos. Havia aqueles que acreditavam na volta de Lúcifer, e os que queriam que ele continuasse morto.

Como Asmodeus poderia escolher diferente, se tudo o que ela desejava era o poder que o Caos oferecia para ela – e que após a morte de Lúcifer, se infiltrou em Babel, tomando conta de todos os que lá habitavam de uma maneira intensa, com mais força do que o antigo Rei Supremo jamais permitiria.

O Caos tomara conta até mesmo dos fiéis à Lúcifer.

Todos foram corrompidos como nunca antes... todos menos um. Asmodeus sabia que seu filho era diferente. Havia os que acreditavam que a criança era especial, o retorno de Lúcifer, mas ela sabia que não era verdade. Não era possível que o ser que ela criara com Zagan fosse especial àquele ponto. Ele parecia incapaz de absorver a essência do Caos, não importava quantas vezes Asmodeus tentava – até o momento em que desistiu.

Houve apenas uma vez que ela conseguiu fazer com que o Caos entrasse timidamente dentro de seu filho – e foi uma experiência que ainda dava arrepios na Rainha.

Balam era forte sozinho, e não dependia do Caos para sobreviver. Seus planos para ele eram claros – sempre foram. Após a morte de Zagan, Asmodeus queria que todos vissem o seu próprio poder dentro de Babel. Ela já dominava os espectros, mas ainda não era o suficiente para ser temida como deveria.

Precisaria de Balam, que ele tomasse o lugar de seu pai no Conselho, mas a criança fugiu com Paimon, outra rainha que não possuía os mesmos ideais de Asmodeus, fazendo com que seus planos seguissem em outra direção. Não seria o poder puro que faria com que Asmodeus ganhasse o domínio que desejava. Bael ainda era mais forte que ela. Vine ou Purson não iriam contra o Rei Regente.

Os outros Reis ainda perseguiam o sonho longínquo de trazer seu mestre de volta – e apesar de Asmodeus desacreditar completamente na possibilidade, não seria estúpida ao ponto de ignorar completamente os fiéis. Se eles conseguissem um milagre – Paimon também era uma fiel, e não estava à sua vista – Asmodeus teria que ser rápida na sua reação.

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