Capítulo 26

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Música - Secret Garden

Helena Miller

Exatamente 30 dias que estou praticamente morando nesse hospital, saio apenas para a faculdade e os ensaios do festival, retorno o mais rápido possível na esperança de chegar e encontra-lo acordado, mas nada. Os médicos me explicaram que ele precisa querer, tudo que a medicina podia fazer foi feito e eu fazia de tudo, conversava, implorava que ele voltasse pra mim, porem ainda não havia atendido ao meu pedido.

Na faculdade meus colegas perceberam que eu ando triste e mal converso com as pessoas, apenas toco porque ainda é a única coisa que me mantem com o equilíbrio, caso contrario já teria surtado, ainda mais pela culpa que me persegue.

Allan – Helena, posso falar um pouco com você? Acabo levando um susto, estava tão concentrada na minha tristeza que nem vi sua aproximação. – Claro, pode dizer.

Allan – Você está com algum problema? Anda muito distraída e avoada, mas calada do que nunca, posso ajudar em alguma coisa? Espero que não esteja assim por causa do nosso beijo.

Helena – Não tem nada a ver com o beijo Allan, sinceramente nem me lembrava mais, me desculpe. Vou ser sincera, não quero que ele fique insistindo em algo que não vai acontecer, pertenço a outro e nem vou lutar contra.

Allan – Não queria te aborrecer, realmente fiquei preocupado, só isso.

Helena – Entendi, agradeço sua preocupação, mas tem coisa que só podemos esperar para resolver né? Sorte que tenho a música de companheira nesse momento, assim consigo levar.

Allan – Mudando de assunto, e a musica que compôs para o festival? Já mostrou para o Maestro?

Helena – Na verdade fiz outra, mas antes de mostrar ao maestro queria mostrar para uma pessoa antes. Respiro triste – Mas ainda não consegui.

Allan – Entendo, mas seria interessante fazer logo, é sua chance de ser escolhida para o solo.

Helena – Farei isso, agora mesmo. Obrigada professor. Levanto correndo colocando meu violino no ombro e sigo ao hospital, como fui tola, vou chamar o Éric com minha canção, fiz pra ele, representa nossa tristeza e como sairmos dela.

Não deixo nem o Allan se despedir e quando vejo já estou no metro, fecho meus olhos e sinto as notas na minha cabeça, quero fazer de forma perfeita e que ele perceba que é exclusiva. Meu Deus, traz o Éric de volta, faz um mês que vivo nessa tormenta.

Passando pela recepção do hospital cumprimento todos rapidamente, já estão cansados de me ver, minhas mãos soam e meu coração está saindo pela boca, uma esperança nasceu aqui dentro e não estou conseguindo controlar, abro a porta de vagarzinho e vejo Marcos sentando ao lado dele.

Helena – Boa tarde, Marcos. Posso entrar?

Marcos – Logico, estava esperando você chegar para ir embora. Como você está?

Helena – Com esperança de te-ló comigo de novo.

Marcos – Espero que sim, já estou ficando preocupado, meu amigo sempre foi problemático, mas dessa vez ele chegou ao extremo.

Chego perto dele e coloco a mão em seu ombro em forma de conforto – Não fica assim, ele precisa da gente bem.

Marcos apenas acena concordando e segue o seu caminho me deixando sozinha no quarto com meu amor.

Helena – Oi, estava com saudades sabia, hoje o ensaio lindo e queria te mostrar a musica que compus em sua homenagem, assim posso mostrar ao maestro e quem sabe conseguir o solo no festival e vou querer você na primeira fila para ouvir eu tocando para todos e declarando como somos quebrados sozinhos, porém juntos somos inteiros.

Pego meu violino com todo carinho que sinto pelo instrumento que me acompanha por anos, me posiciono e deixo a musica correr pelas minhas veias, como o oxigênio que me mantem viva circulando por todo meu corpo. Respiro fundo e deposito toda a minha fé nessa canção e elevo meus pensamentos para onde quer que o Éric esteja e o chamo através dela, praticamente imploro que volte. 

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Não sei por quanto tempo toquei, mas quando finalmente parei e abri os olhos, percebi que tinha uma pequena plateia no quarto, algumas enfermeiras e o doutor Paulo, todos com os olhos cheios de lagrimas, eu timidamente abro um sorriso pequeno em forma de agradecimento por permitirem que eu tocasse.

Helena – Obrigada, por permitirem eu tocar pra o meu Éric.

Dr. Paulo – Foi fantástico minha jovem, se ele sentir o que todos nos aqui sentimos acredito que logo volta pra gente.

Guardo meu violino e me sento ao lado dele, segurando sua mão e nada dele acordar, meu coração chora, será que ele ouviu?

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