Capítulo 27

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Éric Dillen

Jogado nesse vale olho em volta e a cada segundo um pesadelo vem a tona, agora estou olhando minha mãe, com suas infinitas maldades e meu pai submisso ignorando totalmente o desprezo e as maldades que ela adorava me submeter.

Tampo meus olhos não quero lembrar, isso destrói o pouco de sanidade e esperança que existe em mim e é quase nulo.

Paulina (Mão do Éric) – Vem aqui seu menino mau, vou mostrar quem manda nessa casa!

E ela gritava de forma intensa, me trancava numa gaiola pior que um animal e ficava um bom tempo ser beber ou comer alguma coisa e sempre no escuro, quando voltava a luz sempre sentia o impacto nos meus olhos.

Não ia na escola, tinha aulas em casa com uma senhora e minha mãe sempre presente para que eu não falasse nada, para as pessoas ela era perfeita, mas a realidade era bem diferente.

Depois de um tempo não vi mais meu pai, não sei se morreu ou simplesmente nos abandonou, não fazia a menor diferença na minha vida, mas com isso os castigos e frustrações da minha mãe ficaram maiores e sobrou pra mim, não gosto de lembrar, mas ela chegou a me vender para algumas amigas esquisitas dela, na época não entendia muito bem o que faziam comigo, mas hoje sei perfeitamente e essa é mais um dor que carrego e vergonha.

Essas cenas e outras ficavam vindo toda a hora nesse lugar, mesmo eu lutando para não ver, ouvir ou sentir, a dor me consumia.

No meu tormento ouço novamente a Helena me chamando, agora está bem mais forte e firme, a procuro em volta mais onde ela estaria que não consigo ver.

Por um impulso me sento com muito esforço e olho mais em volta e bem distante, percebo algo piscando, como se fosse uma estrela bem longe no universo quando a gente observa a noite, mas como pode ter essa estrela num lugar como esse? Tão escuro, com nevoa espessa que mal consigo ver o que está a um passo.

Quando me levanto e tento seguir em direção a essa minúscula luz, sinto alguém puxar meu braço com força que me machuca, queima minha pele e arde, viro meu rosto para observar quem é a pessoa que me impede de seguir e vejo a maldita da mulher que transformou minha vida nesse droga toda, ela está impecável como sempre, com um sorriso sinistro no rosto, batom vermelho como o sangue, com roupa preta parecendo o próprio diabo – Onde você vai meu filho? Seu lugar é aqui comigo, nesse universo sujo e podre que criamos, me obedeça que tudo ficar bem meu querido. Sinto meu corpo tremer, não sei dizer ao certo se é medo, nojo ou raiva ou tudo junto, tiro meu braço com muita força e suas unhas acabam me machucando e rasgando minha pele, e sangro, coloco a mão envolta do ferimento tentando para o sangue, mas não para pelo contrário aumenta.

- Veja meu filho, o seu fim está tão próximo e finalmente vamos nos reencontrar e será um prazer te torturar pela eternidade, você é um fraco e inútil, não sei como puder ter um filho assim imprestável, tenho vergonha de você.

No desespero tampo meus ouvidos e olhos, não quero mais isso, chega dessa tortura que me atormenta a cada segundo que vivi e nem na morte terei descanso?

Volto a olha para a pequena estrela que ainda brilha e decido seguir mesmo sangrando e com muita dor vou em sua direção, caminho lentamente, minhas pernas não tem força e a cada passo parece que estou levando uma facada e cacos de vidros grudam na sola do meu pé, mesmo assim respiro e sigo.

De repente ouço uma canção, em me acerta em cheio bem no peito e é como se algo ou alguém me carregasse em seu colo e meus pés já não estão mais no chão e sim como se flutuasse em direção a estrela, sinto conforto, será que finalmente a morte teve piedade e dará meu descanso tão desejado?

De repente ouço uma canção, em me acerta em cheio bem no peito e é como se algo ou alguém me carregasse em seu colo e meus pés já não estão mais no chão e sim como se flutuasse em direção a estrela, sinto conforto, será que finalmente a morte teve...

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Chego perto desse vale que começa a ficar todo iluminado e vejo um vulto ser envolvido por luzes, como vagalumes me direcionando a olhar, meus olhos sentem o forte impacto da luz e quando vejo quem eles estão iluminando é como se um choque da realidade viesse com tudo e alguém desse uma pancada no meu coração com uma força de mil homens e em questão de segundos volto com tudo desnorteado e perdido, olho em volta tudo branco, estou com acesso venoso, uma mulher de branco mexe num aparelho muito próximo de mim e do lado direito a vejo me olhando com aqueles olhos azuis infinitos e brilhantes, existe esperança neles e quando ela percebe que estou a olhando se levanta e começa a falar rápido – Chama o médico pelo amor de Deus, ele acordou, meu Éric voltou. Oi meu amor, você finalmente voltou pra mim?

Não consigo responder, estou com a garganta seca e sinto dor no meu corpo, quanto tempo fiquei naquele pesadelo? Levanto um dos meus braços e olho a cicatriz no meu pulso e lembro de tudo, a tentativa furada de acabar com minha vida, da minha briga com a Helena, do Junior me recriminando com o olhar e o desespero.

Um homem de branco entra e começa a me examinar com cuidado – Éric, você estava em coma por vários dias, normal ficar atordoado e com dores pelo corpo, mas tudo vai ficar bem.

Aultima imagem que vejo é Helena com lagrimas e um sorriso gigante no rosto e mepermito fechar os olhos para finalmente descansar. 

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Ah Éric, a vida está te dando a verdadeira chance!

O que falta em você? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora