Capítulo 53 - Carta de despedida

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Caminhando para a entrada enquanto carregava o livreto, Atlas empurrou a porta da sua 'residência'.

Iiinnn – Com um grande rangido, a velha porta de madeira fez mais barulho do que as portas das mansões amaldiçoadas nas histórias de terror que os seus tios contavam quando ele era criança.

Tosse; Tosse; - Entrando na pequena casa, Atlas não conseguiu evitar de tossir algumas vezes, a casa além de velha estava absurdamente suja e com muita poeira acumulada. Além de tudo isto o cheiro ao redor da casa não era muito agradável.

Fuup – Usando sua energia, Atlas rapidamente sacudiu toda a poeira que estava na casa guiando-a para fora da sua residência. O trabalho em si foi rápido já que a pequena casa era muito comum, e só possuía uma cama, uma mesa e uma cadeira, o banheiro era fora da residência completamente separado da sua morada.

Até mesmo a caverna de Lizzy era muito mais luxuosa e aconchegante do que essa pequena casa, poderia essa ser a hospitalidade da Torre de Alquimia para com os seus convidados?

Atlas achou isto muito estranho, mesmo que ele não seja alguém importante, ele pelo menos ainda é um aluno da Academia Corvo Negro. No entanto, ele não só foi retirado da sua antiga residência, como foi guiado para uma muito pior.

Se não fosse o fato dele ter perdido Molenga, ele com certeza já teria ido embora. Apesar de Atlas ser um jovem simples e não ligar para 'luxo', ele não é mais um escravo e até mesmo possuí um certo status, o que o levou a se sentir um pouco estranho em relação ao tratamento da Torre de Alquimia.

Se o problema fosse apenas a pequena casa empoeirada, Atlas em momento algum iria reclamar sobre isto...

Mas... Ele está sentindo um cheiro muito estranho por todo o lugar.

― Que cheiro é este? ― Resmungou Atlas. ― Será que é fezes?!

Sentando-se, ele pegou o livreto e começou a lê-lo.

'Manual de criação de animais e fertilizante'

'Descrição: Alimentar, lavar, pentear e coletar as fezes de todas as bestas demoníacas responsáveis por produzirem fertilizantes. Após a coleta, deve-se fazer a mistura do 'produto' com terra natural utilizando sua energia celestial juntamente com a técnica de produção de fertilizante descrita neste livreto.'

'Remuneração: 5 pedras celestiais vermelhas ao mês.'

― Remuneração mensal?! ― Murmurou Atlas. ― Que diabos está acontecendo aqui? Eu virei um servo?!

Com um olhar complicado enquanto coçava a cabeça Atlas pensou. 'Poderia ser que... Sol deseja que eu pague pela ajuda?'

Sorrindo amargamente, Atlas sussurrou. ― Mesmo assim, um mês é muito tempo!

Caminhando até a cama, ele deitou enquanto suspirava. ― Que situação...

Movendo a mão, Atlas fez surgir o papel que a mulher encapuzada o havia dado antes de partir.

Abrindo o papel, os olhos dele brilharam com fortes emoções cintilando neles.

'Olá Piolho... Espero que não tenha chorado ou se perdido por minha causa. Escrevo essa carta para te dizer que o meu amor e sentimentos por ti são maiores do que o amor de um pai por um filho. Você se tornou a razão do meu sorriso diário e da minha alegria constante, minhas doideiras sem sentido e minhas histórias loucas antes de cada noite de sono. É graças a você que eu fui mais feliz do que poderia ser, você transformou todos os dias cinzas em coloridos e fez de mim uma pessoa alegre e feliz.

Mas infelizmente a vida é assim, complicada e inconstante. Hoje, essa carta é a minha despedida, quero que se lembre de mim sempre sorrindo e te contando histórias, que nunca se esqueça do que eu sinto por você e, do quanto eu te amo.

Corvo NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora