Capítulo 15

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4 meses depois

Carla

Coloquei Ana no bebê conforto que Alex comprou e sentei no sofá sentindo um tédio miserável, quando ela dorme, eu me sinto sozinha e sem nada pra fazer.
Muitas mães ficam felizes quando, finalmente seus filhos dormem, mas eu não consigo ficar feliz quando a Ana dorme... Bom, exceto na hora de dormir.
Alex esta trabalhando e fazendo faculdade, ele conseguiu um emprego em um escritório de advocacia de porte médio aqui ma cidade, ele disse que quando viram que ele era filho de Alberto Figueira, o contrataram imediatamente.
Lílian deixa o João na creche e fica o dia todo na rua procurando uma casa para nós ficarmos e também procurando emprego. Ela disse que o dinheiro que ela recebeu de herança daquela senhora, estão bem guardados e ela usará a metade para comprar a nossa casa.
Renato trabalha e faz faculdade, assim como Alex, ainda não perguntei a ele onde trabalha e o que ele faz... Ultimamente eu tento ao máximo não ficar perto dele, não sei, sinto algo estranho, um frio na barriga, um nó na garganta. Mesmo estando na casa dele, onde ele entra e sai a hora que quer, eu tenho a cara de pau, de evitar ele. 
Olhei Ana dormindo novamente, ela está tão linda, crescendo tão rápido que tenho medo...
Os cabelinhos dela estão bem grandes e ficando cacheados, o sorriso dela, me lembra o Richard, mas sinceramente, eu não sei se continuo sentindo pelo Richard o que eu sentia. Não sei se o amor que eu sentia por ele continua vivo no meu coração...
Nunca mais li notícias sobre ele ou sobrea esposa dele doente... Richard Bittencourt parece que virou pó em minha vida... 

- Richard...

Sussurei.
Me assusto quando a porta abre e Renato surge segurando 3 livros, nossos olhares se encontram e rapidamente desvio, pegando Ana do bebê conforto, mesmo ela estando dormindo, isso é para eu conseguir desviar a atenção.

- Boa tarde, Carla!

- Boa... - Meu coração despedaça quando Ana abre os olhos e espreguiça. Acordei ela.

- Eu vim pegar umas coisas que preciso levar pra faculdade. Finge que eu não estou aqui, ta?

Apenas balançoa cabeça assentindo.
Renato faz menção de ir em direção ao corredor, mas volta caminhando na minha direção, olho para ele e desvio o olhar, e torno a olhar para ele novamente.

- Alex me disse que você esta chateada por ficar sozinha o dia todo...

Reviro os olhos com educação.

- Eu ainda cometo um assassinato e minha vítima será o Alex!

Renato da uma gargalhada baixa e senta na mesinha de centro, ficando de frente para mim e Ana.

- Hoje cedo fui visitar meus velhos... - sorrimos juntos. Dessa vez eu não posso desviar o olhar, porque ele esta de frente e seria uma faltade educação. E educação meus pais me deram. Pelo menos isso... - E acho que nunca te falei, mas meus pais tem uma livraria. Bom, ela é pequena, mas recebe bastante pessoas, vende bastante livros... Conversei com eles hoje cedo e perguntei se eles não teriam uma vaga.

- Você não fez isso?

- Você precisa. E a gente percebe a sua infelicidade de longe!

Ele diz rindo, e o ato me faz rir também.

- Eu expliquei para eles a sua situação. Falei da Aninha e que ela ainda depende muito dos seus cuidados e amparo.

Renato pega a mãozinha de Ana.

- E eles pediram para você ir até lá amanhã para conversar e quem sabe começar a trabalhar!

- Meu Deus!!

Dou uma gargalhada alta, fazendo Ana dar um pulinho de susto, imediatamente coloco ela no bebê conforto e olho para Renato com o meu maior sorriso que sai espontaneamente.

- Você seria tipo uma faz tudo...

Balanço a cabeça assentindo enquanto ele me explica o que eu farei na livraria.

- Mas basicamente, você vai mais arrumar os livros, colocar preços e ficar no caixa! Você pode levar o bebê conforto e deixar a Ana nele enquanto faz as coisa...

- Muito obrigada! De verdade! Você esta ajudando muito e eu não tenho como agradecer...

Renato abre um sorriso largo, e por um instante sintobminha  sanidade evaporando, mas a puxo de volta e respiro fundo, tentando sorrir. Ele pega minha mão. Engulo em seco.

- Se quiser começar em uma faculdade... Ana nunca irá te prender. Você tem ao Alex, a Lili e também tem a mim - ele coloca ênfase quando se referiu a ele.

- Você é uma pessoa extraordinária!

Falo soltando minha mão da dele e o abraço, apertado. Inalo teu perfume e sinto meu coração descompassar no mesmo instante, devagar, me afasto dele e nossos rostos estão bem próximos, nossas respirações ofegantes e juntas. Olho para seus lábios e ele olha para os meus. Quando estamos prestes a iniciar um beijo, Ana começa a chorar.
Rapidamente eu me afasto completamente dele e dou atenção a minha menina.

- Oi querida... mamãe esta aqui... - pego ela - vem, princesa! - olho para Renato e o mesmo esta parado, me olhando. - Muito obrigada mesmo...

Sorrio e me levando dando passos enormes em direção ao meu quarto.
O que foi isso...?

- Oh meu Deus! Mas é tão pequenina. Depende muito de você. Quando Renato disse que ela dependia de ti, não pensei que fosse tanto!

Ela fala acariciando os cabelinhos de Ana Clara que deita em meu ombro se escondendo da mãe do Renato.

- Ela é um anjinho. Não atrapalha em nada... a senhora nem vai perceber que tem bebê aqui!

- Sei que não! Só de pegar pra essa mocinha, a gente percebe o quanto ela é boazinha! Não é, plinceza?

Sorrio.

- Você pode começar quando?

Ela me pergunta sem parar de brincar com Ana, eu a olho sem acreditar e dou uma gargalhada, fazendo dona Alice dar uma gargalhada também.

- É verdade mesmo?

- Sim, querida!

- Eu posso começar quando a senhora quiser!

Ela bate palma e sorri satisfeita.

- Então amanhã? 9 horas... aqui a gente abredas 6 as 18 horas. Como sei que você tem um bebê, e que bebês dormem cedo, madrugam e dormem tarde, você pode entrar as 9...

Essa mulher é um anjo.

- A princípio suas funções será apenas o caixa e arrumação dos livros. Não exite em parar o que estiver fazendo para amamentar ela, sua filha vem em primero lugar!

- Pode deixar! Muito obrigada, dona Alice! Eu sou muito grata por tudo que a senhora esta fazendo...

- É um prazer! Seja bem vinda a Livraria Alice Lispector!

- Muito obrigada!

Meu Deus...
Agora eu serei uma mulher de verdade... melhor, agora eu serei uma pessoa de verdade, eu sempre vivi nas asas dos meus pais, nunca tive que fazer esforço para conseguir algo, era pedir para eles e como em um estalar de dedos, o que eu queria aparecia.
Se eu dizer que não gostava disso, eu estarei mentindo, quem não gosta de conforto?
Mas chega um momento da vida em que zona de conforto virá perigo, e chegou esse dia na minha vida. Agora eu serei uma mulher independente, mãe e poderei conquistar tudo o que eu quiser com o suor do meu trabalho e esforço.
Poderei dar a minha filha um futuro...
Finalmente, eu poderei ser quem eu quero ser, sem opressão da minha família!

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Até a próxima

Entre Mentiras - Completo - Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora