Capítulo 46

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4 anos depois

Ana

Perder uma pessoa que ama é a dor mais absurda que se pode sentir na vida, as vezes parece que a dor vai te consumir e que não sobrará nada de você para contar história.
Acariciei seu rosto e sorri após selar meus lábios em sua bochecha gelada, mostrando que já não esta nesse mundo, umas gotas de minhas lágrimas caíram em seu rosto e as limpei, respiro fundo e coloco minha mão sobre a sua.

- Mas eu sei que dessa história, eu terei muita coisa pra contar!

- Querida?

- Me deixa ficar só mais um pouquinho aqui... Eu preciso disso!

- Meu amor... Eu sinto muito mais isso é preciso. Sabrina não aguenta mais ver ele assim... Esta na hora!

Sinto mamãe tocar em meu ombro, me viro chorando e ela, com seu olhar de compreensão e amor pega minha mão e pede para eu sair de perto do caixão.

- Não...

- Ana, eles precisam encerrar o velório! Essa sala será usada... E precisamos deixar ele descansar de vez... Vamos, querida!

Não percebo se estou andando ou se alguém está me carregando, não tiro os olhos dele enquanto posso, mas logo minha visão é interrompida quando colocam a tampa do caixão me impedindo de o ver.
Sinto meu coração se partir em mim pedaços, mas eu preciso ser forte por ele e para ele, Gabriel já perdeu demais e ele não pode me perder também, é apenas um bebê.

Desde que chegamos do enterro, mamãe me pediu para descansar e deixar que ela cuidava do Biel, mas ficar aqui nesse quarto, com as lembranças e saudade vai acabar comigo, eu preciso cuidar dele mostrar que eu estou aqui e sempre estarei para dar amor a ele.
Coloco um vestido confortável, meu chinelo e desço para a sala, quando foto o rostinho pequeno, branquinho e perfeitinho de Gabriel, sinto um pingo de esperança cair no meio do oceano de desespero, saudade e lembranças que está dentro de mim.

- Querida...

- Se eu ficar lá, vou enlouquecer!

Digo caminhando até ela.

- Me dá ele...

Pego Gabriel em meus braços e após beijar sua testa, sorrio vendo o quanto ele ficou feliz em sentir o calor do meu colo e do meu beijo.

- Quer um copo de leite? Chá? Suco?

- Eu quero esquecer esse dia, mãe! Quero poder esquecer que esse dia existiu - me sento e arrumo Biel em meus braços. - Seu pai chega amanhã cedo, ele não vê a hora de poder estar com vocês.

- Acho que se eu não tivesse vocês na minha vida, eu estaria andando por ai sem rumo...

- Não diz isso - ela diz colocando um tufo do meu cabelo atrás de minha orelha. - Você já passou por tanto, já perdeu tanto e sempre, sempre se mostrou uma mulher forte e decidida a continuar de cabeça erguida... - ela sorri. - Faça isso novamente, não só por você, mas por essa pessoinha que está em seus braços... Eu tenho certeza que é isso que ele ia querer, melhor, que ele quer, querida!

- Amanhã eu estarei melhor... Serei forte por esse pequeno, e serei forte por mim!

- Eu tenho orgulho da mulher que você se tornou, dona Ana Clara!


- Como é que você está?

- Superando, Teo! Perder alguém é algo difícil, ainda mais quando é a pessoa que se ama...

- Vocês viveram uma vida em forma de sonho tão intenso e perfeito... Tão perfeito que trouxe ao mundo um bebê lindo igual ao Gabriel...

- Ele é a minha esperança sabe?

Sorrimos, Teo segura minha mão e com um sorriso acolhedor e confortador nos lábios, diz:

- Bruno conheceu o filho e tenho certeza que ele se sentiu o homem mais feliz e completo de todo esse mundo...

- Sim... Ele sentiu, e disso eu não tenho a menor dúvida! Bruno pode viver com o Gabriel por 3 meses, pode sentir o que é ser pai e pode amar o filho dele ainda em vida!

- Está vendo...

Respiro fundo.

- Talvez a missão do Bruno era dar vida ao Gabriel...

- Ou talvez a missão do Bruno era te conhecer, te amar, vocês se amar, e te devolver um presente que te foi tirado há algum tempo atrás...

Abro um sorriso tão largo e tão grato por meu irmão ter dito isso, que imediatamente o abraço deixando minhas lágrimas descerem por minhas bochechas sem qualquer cerimônia.

- Obrigada, maninho!

- Eu te amo, maninha!

- Eu também te amo, Teo!

Carla

Tudo que uma mãe quer, quando vê seu filho sofrendo, é pegar toda aquela maldita dor e passar pra ela.
Mas isso não é possível, infelizmente é uma coisa impossível de se fazer.
Quando olho para Ana chorando e sofrendo da forma com que ela esta sofrendo dessa vez, eu quero pegar toda aquela dor e passar para mim, mas não é possível, minha mãe disse uma vez que cada pessoa tem que sentir a sua dor, o seu sofrimento e que isso é apenas algo que à fará melhor a cada dia.

Ela disse:
"Carla, a dor ensina, a dor te torna mais forte e mais segura na vida! As pessoas precisam entender que a dor só existe para edificar a nossa alma"

- Meu amor...

Me viro e fito Richard, corro e o abraço após ele colocar sua mala no chão, nos abraçamos, deixo algumas lágrimas descerem por minhas bochechas e logo meu marido e eu nos afastamos.

- Como ela esta?

- Teo está com ela... Estão conversando. Você sabe como nossa menina é forte...

- Eu sei bem...

Nos sentamos no sofá, feito minha cabeça no peito dele e meu marido me abraça, algumas lágrimas abandonam meus olhos, assim, como abandonam os dele também.

- E o Biel?

Pergunta com a voz embargada.

- Um perfeito anjinho, parece que entende o que está acontecendo. Não chora...

- Nosso neto é uma benção...

- Ele é lindo!

Richard sela seus lábios em minha testa e respiramos fundo juntos.

- Amor, vamos ficar junto do nosso pinguinho?

- Vamos, meu bem!

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SE COMPLETAR 15 COMENTÁRIOS TEM O EPÍLOGO, OS AGRADECIMENTOS E EM SEGUIDA TEM A SINOPSE E O NOME DO LIVRO DA ANA CLARA!

AMO VOCÊS!

Entre Mentiras - Completo - Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora