Capítulo 21

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Richard

Durante todos esses anos, em que estive com minha esposa, cuidando dela e a fazendo feliz tentando fazer seus últimos dias felizes, eu nunca parei de pensar na Carla e no nosso filho.
Eu sabia que seria difícil recuperar eles...
Mas agora, sabendo que meu filho esta morto e que Carla esta quase "casada" e tem uma filha, meu coração simplesmente esta despedaçado.
Só Deus sabe o quanto eu ainda amo aquela mulher...
Só Deus sabe o quanto eu sofri em ter casado com a Renata e deixado Carla escapar das minhas mãos como areia.
Quando conheci a Carla, não sabíamos que nossos pais eram rivais, quando descobrirmos, decidimos esquecer a rivalidade das nossas famílias e nos amarmos, simplesmente. E eu acreditei que nosso amor nunca seria vetado, até meu pai dizer que eu era obrigado a me casar com a Renata.
E perdi o amor da minha vida...
Enquanto eu estive com a Carla, naqueles meses, naqueles dias antes da Carla sumir e vir para o Brasil, eram os momentos mais felizes da minha existência. Estar com ela, em meus braços, me trazia uma paz que eu nunca achei possível.

Quando sai da Itália, achei que quando eu chegasse no Brasil e encontrasse Carla de 4 anos, ela diria que ainda me ama e nós dois seríamos felizes...
Com o nosso filho.
Mas as coisas não aconteceram como eu imaginei enquanto estava no avião, ansioso pra chegar.

Mas como diz minha mãe:
Se a vida te der uma rasteira, sorria, levante-se e siga firme! Seu momento chegara!

- Eu não quero tocar nesse assunto com ela... Aliás, eu nem sei onde ela mora!

Falo para Gabriel, meu amigo, que liguei sabendo que ele estaria acordado. Afinal, estamos no mesmo país, melhor, na mesma cidade.

- Você é o pai da criança. Tem direito de visitar o túmulo. Se ele morreu ao nascer, o corpo do menino, com toda certeza, foi enterrado em algum cemitério.

- Irei atrás dela novamente - falo olhando o livro infantil que acabei comprando na livraria.

- E o que você sentiu quando a viu?  Depois de tanto tempo?

Respiro fundo.

- Eu queria ter abraçado ela. Beijado. Ter dito o quanto eu ainda a amo... pedir perdão. Gabe, meu coração acelerava a cada segundo em que eu estava na frente dela, ouvindo a voz dela.

- E ela? Será que ainda te ama?

- Além de ter falado que nosso filho morreu. Carla me disse que está namorando... na verdade ela disse que esta com outro cara, que o ama, e que os dois tem uma filha juntos!

- Mentira! E aquele amor todo que vocês sentiam? Onde foi parar?

- O meu continua aqui... Talvez mais forte. Mas ainda aqui...

- E eu posso apostar a minha vida, que o dela também. Carla pode achar que não. Mas um amor tão grande e arrebatador como o de vocês, não acaba assim!

Fico quieto, lembrando das palavras da Carla. Respiro fundo.

- Quem ouve você falando assim, nunca pensaria que você é um galinha!

- Sobre questões do coração, eu prefiro ser o conselheiro, não o aconselhado!

Dou uma gargalhada.

Entre Mentiras - Completo - Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora