Capítulo 9

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No outro dia...


Pérola


Márcio já havia me mandado quatro mensagens perguntando se eu já estava chegando. Nas duas primeiras eu pensei que fosse saudade, mas já estava ficando preocupada. Ele chegava sempre na hora que a aula começava e hoje parecia que tinha dormido no colégio. Sabe como é cabeça de mulher quando quer pensar em tragédia? A minha estava mil vezes pior. O que será que ele tinha de tão urgente para me falar? Será que tinha se arrependido de me pedir em namoro? Quanto mais eu tentava entender, mas agoniada eu ficava.

Pérola: Vamos, Maria Alice! - entrei no quarto chamando.

Maria Alice: Calma, Pepi. - ela pegou a mochila e veio em minha direção, parando ao notar minha aflição. - O que é que está te angustiando a esse ponto?

Pérola: Não é nada! - falei vendo que a resposta não tinha convencido nenhum pouco - No caminho te conto

Mal nos despedimos de Rosália e saímos feito raio. Eu precisava logo saber o que ele queria comigo. No caminho contei para Maria Alice sobre as mensagens, o que também causou estranheza a ela, e sobre as conclusões que eu já estava tirando da pressa dele em me ver. Ela como sempre achou que não tinha nada de mais nisso e que devia só ser cisma minha. Falou que no começo do namoro dela com Alex era assim também, eles não viam a hora de se ver. Tentei acreditar nisso e acalmar minha ansiedade, mas com Márcio nada era previsível.

Assim que dobramos a rua eu pude ver que ele me esperava de pé em frente ao portão. De longe parecia feliz, mas vai saber o que se passa na cabeça dele? Controlei a respiração que estava alterada pelo cansaço de quase correr para chegar e fui encarar a fera. Maria Alice achou melhor não me acompanhar e eu agradeci mentalmente por isso.

Pérola: Bom dia! - sorri e ele me deu um selinho. 

Márcio: Bom dia, anjo. Estava louco pra te ver. - pegou em minha mão e fomos entrando no colégio. - Essa noite demorou a passar.

Pérola: Aconteceu algo que eu deva saber? - parei e ele olhou para mim. 

Márcio: Aconteceu você! Eu tenho muito o que te contar, mas agora vamos para a sala. - me puxou não me dando oportunidade de protestar. Pelo visto eu iria ficar na curiosidade mais algum tempo.

O que notei nas horas seguintes me alegrou. Eu vi Márcio mais aberto com as pessoas, principalmente com Alex. Às vezes eu ficava com dó de ver o quanto meu amigo tentava se aproximar de Márcio e isso não ser recíproco. Alex é uma das melhores pessoas que eu conheço no mundo. Segurou a barra das irmãs quando os pais se separaram e não teve um dia durante essa turbulência que ele se deixasse abater. A alegria e otimismo dele contagiava tudo ao redor. Lembro que Maria Alice era muito retraída quando começou a estudar aqui e agora vejo nela alguém totalmente segura de si e isso Alex tem sua parcela de mérito. Mas com Márcio cada tentativa de aproximação era ignorada. 

Eu sabia que algo fazia com que Márcio agisse assim. Eu mesma tinha os meus fantasmas e embora muitos conhecessem minha história, poucos sabiam realmente como eu me sentia diante de tudo. Só queria que um dia ele confiasse em mim e me mostrasse o verdadeiro Márcio. Aquele que eu acho que nem ele mesmo conhece ou finge não conhecer.

Assim que fomos para o intervalo eu não me contive. Talvez não fosse a hora para ele, mas eu decidi arriscar e tentar saber o que estava se passando naquela cabecinha linda.

Pérola: Agora o senhor pode me contar o que está acontecendo? - ele riu e me puxou para um canto onde não pudessem nos ouvir e nem interromper.

Márcio: Eu queria na verdade te agradecer.  - por essa eu não estava esperando - Você me deu coragem para fazer o que eu achava impossível.

Teus Olhos ( PEROMAR )Onde histórias criam vida. Descubra agora